26/07/2009

Tex Edição Gigante #6 – A Última Fronteira

Tex Edição Gigante #6 – A Última Fronteira 

Clãudio Nizzi (argumento)
Goran Parlov (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Dezembro de 2000)
182 x 277 mm, 242 páginas, preto e branco, capa brochada 

 Resumo Jim Brandon, o coronel da Polícia Montada canadiana, uma vez mais recorre à ajuda de Tex Willer e Kit Carson, desta vez para o ajudarem a prender Jesus Zane, um fora-da-lei que aterroriza a região, deixando um rasto de sangue e morte por onde passa. Oportunidade para os dois heróis reencontrarem também Gros-Jean. 

Desenvolvimento Se as edições gigantes de Tex costumam brilhar primeiro pelo traço do desenhador convidado, este é uma (agradável) excepção. Nele, Nizzi constrói um excelente argumento, sólido, bem delineado e em que apresenta um dos mais interessantes e bem caracterizados inimigos que Tex já teve que enfrentar: Jesus Zane, de seu nome, um mestiço filho de mãe índia (violada) e pai branco, que desde pequeno carrega esse fardo. 
Incitado pela mãe a odiar os brancos, muitas vezes encontrando na vida razões para o fazer, cresce dividido entre esse ódio, a amizade por Nat, o seu melhor amigo da adolescência, com quem compete pelo amor (no seu caso não correspondido) da bela Sheewa. A sua história é contada em pormenor, entendemos as suas razões (mesmo não as aprovando), vemos nele um ser (bem) humano, não um dos habituais estereótipos das histórias de Tex. Por outro lado, esta é, possivelmente, das muitas aventuras do ranger que eu já li, aquela em que ele tem menos protagonismo. Ausente em dezenas de páginas, funciona quase só como elemento de ligação entre as diversas fases da narrativa, ganhando protagonismo apenas no final, quando assume o papel de justiceiro. O que contribui para dar consistência à história e reforçar o seu interesse e permite a Nizzi espraiar-se mais na definição dos perfis psicológicos de Jesus e Nat ou mesmo de Sheewa. Uma referência ainda para a violência inaudita (apesar de tudo invulgar neste western) com que culminam os confrontos entre Nat e Zane (pp. 200-207) e entre este e Tex (pp. 234-240). Pena é que para um argumento desta qualidade, tenha sido escolhido não um desenhador consagrado, como é norma, mas alguém (então) quase sem experiência, o croata Goran Parlov, que denota isso mesmo. É verdade que já se adivinham algumas das qualidades, que fariam dele um dos desenhadores de Mágico Vento (com o qual J. Zane se parece bastante), nomeadamente o domínio da planificação e a capacidade de dotar de movimento a acção, mas a verdade é que “pesam” mais o “seu” Canadá, impreciso e indefinido, que poderia ser qualquer outra região, ou a forma “inacabada” de muitos rostos ou mesmo vinhetas.
A reter - O bem urdido e explanado argumento de Nizzi. - Jesus Zane, um dos poucos vilões credíveis de Tex. - O dossier sobre os autores, a obra e o seu contexto, que como é habitual ocupa as primeiras páginas deste Tex Gigante. Menos conseguido - O desenho de Parlov; a história merecia melhor. - A ausência das habituais legendas das imagens no dossier inicial. 

Curiosidades - Dificilmente uma mulher violada daria ao filho o nome do pai. No caso da mãe (índia) de Jesus, isto ainda é mais estranho quando depois o ensina e incita a odiar os (brancos) da raça do seu pai… - A capa do álbum lembra a de “Jesuit Joe”, de Hugo Pratt, a quem Sérgio Bonelli dedica esta obra.

(Texto publicado originalmente no Blog do Tex, em 1 de Julho de 2009)

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