17/02/2010

King of the Royal Mountain nasceu há 75 anos

Se ainda fosse vivo, o circunspecto e implacável sargento King da Real Polícia Montada canadiana, que “apanhava sempre o seu homem”, criado por Zane Grey e Allen Dean, completaria hoje 75 primaveras.
No entanto, a sua existência, narrada em pranchas dominicais e tiras diárias, seria relativamente curta, pois os seus dias terminariam vinte anos mais tarde, não às mãos ou sob os tiros de um dos muitos bandidos que enfrentou, mas por uma decisão editorial motivada – como sempre – pela queda da sua popularidade.
Inicialmente uma adaptação de um romance do próprio Zane Grey, “King of the Royal Mountain” começou a ser distribuído pelo King Features Syndicate nos jornais norte-americanos a 17 de Fevereiro de 1935, sob a forma de prancha dominical, desenhada por Allen Dean, que pouco mais de um ano depois, a 2 de Março de 1936, iniciaria também as suas aventuras em tira diárias, entregando a prancha dominical a Charles Flanders. A partir de 1938 Dean seria substituído por Jim Gary, que um ano depois se tornaria também responsável pelas pranchas dominicais, assistido pontualmente de forma anónima por Fred Harman (futuro criador de Red Ryder), tendo conseguido humanizar as personagens e criar histórias que prendiam os leitores.
“King of the Royal Mountain”, que esteve na origem de quatro adaptações cinematográficas entre 1936 e 1942, era um western atípico, com histórias lineares, que tinha por cenário as inóspitas regiões geladas canadianas, marcadas pelo verde dos pinheiros afilados, o azul das torrentes caudalosas e o branco imaculado da neve que tudo cobria, que contrastavam com o vermelho do uniforme dos membros da polícia montada, por isso celebrizados sob o apodo de “casacas-vermelhas”, e que se distinguiam pelo seu código honra particular que defendia o recurso a armas ou à violência apenas em última instância. O protagonista era o circunspecto sargento King - cujo apelido, o único nome que lhe foi conhecido, fez com que a tradução portuguesa do Mundo de Aventuras e de outras publicações da Agência Portuguesa de Revistas o transformasse no Rei da Polícia Montada (título que também viria a servir a Red Canyon) - a quem nunca se viu um sorriso ou ouviu uma piada, nas suas perseguições implacáveis a ladrões e assaltantes de comboios, durante as quais conheceria Betty Blake, sua eterna noiva, e o seu irmão Kid, que muitas vezes o acompanhou.
A banda desenhada regressaria ao território canadiano e à temática dos “casacas-vermelhas” na década de 50, com o tal Red Canyon, criação de André Gosselin, nas aventuras que, recorrentemente, Tex Willer partilha com Jim Brandon, ou, já nos anos 1990, de forma mais consistente, nos álbuns franco-belga coloridos da série “Trent”, escritos por Rudolphe e desenhados por Léo.


(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Fevereiro de 2010)

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