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15/03/2010
Entrevista com Filipe Melo
Chamam-se Dog Mendonça e Pizza Boy e correm o risco de fazer história nas histórias aos quadradinhos nacionais porque acabam de salvar o mundo, num relato delirante acabado de chegar às livrarias. Mas a verdade, é que o principal responsável por isto é Filipe Melo, “pianista de jazz de profissão”, que apesar de querer “ter mais tempo para melhorar” a sua música, mete-se “em aventuras que não deixam muito tempo para o piano, como o cinema” – onde realizou o mais famoso filme de zombies nacional, “I'll see you in my dreams” e a série televisiva “Mundo Catita” – e agora “também a banda desenhada”. Para esta última, transportou as suas influências do cinema fantástico - de “Gremlins” a “Regresso ao Futuro”, de “Matrix” às obras de John Landis, que prefacia o livro – e de outro mais sério, como “Casablanca”, e da BD, de “Hellboy” a “Dylan Dog”.
Durante uma conversa numa sessão de promoção do livro, que teve lugar na livraria Central Comics, no Porto, dia 6 de Março, revelou que tudo começou por um sem número de ideias “anotadas em post-its, até o conjunto começar a tomar forma. Depois, seguiu-se um retiro “em Tondela, onde em cerca de 20 dias” escreveu “de forma muito detalhada o guião do que deveria ser um filme”, pois demorou muito tempo “a perceber que esta história tinha que ser contada em BD”. Hoje, satisfeito com o resultado final de uma “obra feita pelas razões certas, por gosto, não para ganhar dinheiro”, pensa que “teria dado um mau filme, pois não haveria dinheiro suficiente para os efeitos especiais necessários!”.
Depois do seu argumento passar por uma série de pessoas pois acredita “que se ganha muito no plano colaborativo”, e ter tido algumas “alterações superficiais”, após uma série de peripécias, acabou por “encontrar o desenhador na Argentina”, com quem trabalhou ao longo de um ano, através de mails e do Skype. Pessoalmente, só se conheceram “há dias, quando o desenhador chegou ao nosso país”, para participar numa série de eventos de promoção do livro.
Livro para o qual imagina como banda sonora “um grande arranjo orquestral” em que os seus (invulgares) heróis – que incluem um demónio encarnado no corpo de uma criança e uma gárgula - têm de “salvar o mundo e tentar conquistar uma rapariga”, combatendo um eventual regresso do Quarto Reich. E tudo acontece em Lisboa, “baseado no facto de durante a II Guerra Mundial a capital portuguesa ter fervilhado de espiões e refugiados”.
E se a hipótese de ver publicados os seus heróis noutros mercados já lhe passou pela cabeça, primeiro quer tratar da promoção nacional e de tentar esgotar “o mais rápido possível os 1300 exemplares desta edição”. Depois de cumprir esta missão, pode ser que “mande uns mails e faça uns contactos, para tentar que o livro seja publicado noutro sítio, nem que seja no Sri lanka!”.
Entretanto, qual bom zombie, está morto… “por convencer toda a gente a fazer a sequela”. Que até já tem título – “Apocalipse” – e que parte das mesmas premissas: “acontecimentos muito estranhos, Lisboa como ponto de partida e a missão de salvar o mundo em 12 horas”. Começará “cinco anos depois da primeira história” e nela “o Pizza Boy, que não teve muitas mais oportunidades de salvar o planeta, teve que ir trabalhar para um call-center, a única actividade mais deprimente do que ser entregador de pizzas”. E como foi pensada desde a sua génese como “novela gráfica, isso permite destruir muito mais coisas!” Por isso, Filipe Melo revela que no seu final “Portugal vai ficar feito em cacos!”
(Versão alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 11 de Marços de 2010)
só para chamar à atenção da gralha: é I'll see you e não All see you...
ResponderEliminarAbraço
Obrigado, correcção feita!
ResponderEliminarE não realizou o filme, escreveu produziu. O realizador foi o espanhol Miguel Ángel Vivas
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