15/06/2010

Crepúsculo – A novela Gráfica – Volume I

Stephenie Meyer (argumento)
Young Kim (adaptação e desenho)
Gailivro (Portugal, Abril de 2010)
152 x 235, 244 p., pb e cor, brochado com badanas


Êxito sob a forma de romance e também no cinema, a saga da luz e escuridão iniciada com Crepúsculo, chega agora também à banda desenhada, compreensivelmente em estilo manga, aquele que mais apela aos seus jovens fãs.
Mas esta adaptação traz consigo alguns motivos de surpresa. Desde logo, por ter demorado tanto a surgir, face ao êxito da saga. Depois, por não ser, como tantas vezes acontece, uma simples adaptação do filme. O que possibilitou, possivelmente, que se trate de uma obra completa em si mesma – qualidade frequentemente ausente nesse tipo de adaptações - que dispensa o conhecimento prévio do romance (ou da versão cinematográfica). A isso, não será estranha a cuidada supervisão exercida por Stephenie Meyer, a autora original, neste aspecto e também ao nível dos diálogos.
O que nos leva à terceira surpresa: descobrir que o homem por detrás deste livro, o coreano Young Kim, não tinha experiência em banda desenhada antes de a executar. Porque esse aspecto não é notório ao longo da leitura, com a narrativa a levar-nos aos poucos para o mundo de Isabella Swan, recém-chegada a Forks, onde acabará apaixonada pelo enigmático Edward Cullen, atracção que se manterá mesmo depois de saber que ele é um vampiro. Os problemas de adaptação de Bella à sua cidade natal de onde esteve afastada alguns anos, a estranheza face ao comportamento de Edward ou a hostilidade latente em Forks em relação aos Cullen, são-nos apresentados progressivamente neste primeiro volume de Crepúsculo, de forma consistente e sustentada, num relato que se vai adensando ao correr das páginas, que se destaca também pelo uso contido de texto escrito.
Já a nível gráfico, detectam-se algumas oscilações no traço, com Kim a revelar algumas insuficiências, nomeadamente ao nível da transmissão de movimento e da expressividade dos rostos, por vezes demasiado parecidos, o que nem sempre é compensado pela diversidade da planificação, pelo bom uso (pontual) da cor ou de referências fotográficas ou pelo curioso recurso a balões “transparentes”.
Se à tradução nacional há que apontar alguns deslizes, sempre lamentáveis, é incompreensível a utilização de uma legendagem mecânica, hoje em dia algo completamente obsoleto e em desuso, o que diminui a beleza plástica das pranchas, mas essa é uma herança incontornável da versão original…

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