17/11/2010

Batman #88

Panini Brasil (Março de 2010)
170 x 260 mm, 10 4p., cor

mensal, comic-book



O grande salto pra dentro da escuridão
(Nightwing # 151)
Peter J. Tomasi (argumento)
Dough Manke e Shawn Moll (desenho)
Christian Alamy e Rodney Ramos (arte-final)
Hi-Fi (cor)

Inimigo especial
(Nightwing # 152)
Peter J. Tomasi (argumento)
Don Kramer (desenhos)
Jay Leisten (arte-final)
Hi-Fi (cores)

Ameaça final
(Catwoman # 80)
Will Pfeifer (argumento)
David López (desenho)
Álvaro López (arte-final)
Jeremy Cox (cor)

O que aconteceu com o Cavaleiro das Trevas?
(Batman # 686)
Neil Gaiman (argumento)
Andy Kubert (desenho)
Scott Willians (arte-final)
Alex Sinclair (cor)

1. Em revistas com várias histórias, haverá sempre melhores e piores e, para muitos, isso justificará sempre a não compra.
2. Na actualidade, com a certeza de que as melhores histórias acabarão por ser publicadas em formato integral, este é mais um argumento para não as comprar.
3. A facilidade de acesso ao material original, conjugado com o atraso (cerca de um ano) com que ele é publicado no Brasil, havendo a acrescentar-lhe ainda os 6 meses que demora a chegar a Portugal, serve de argumento final para alguns renitentes.
4. Posto isto, cabe perguntar: há então razões para comprar comics em brasileiro no nosso país? Pessoalmente, acredito que sim e, mesmo não sendo este o meu género de eleição (ou talvez por isso, dirão alguns…) confesso que sou cliente mensal de algumas revistas da Panini.
5. No caso concreto, a chamada de atenção deve-se a uma das quatro histórias publicadas neste Batman #88, actualmente nas nossas bancas.
6. Das restantes histórias, a título de parêntesis, chamo a atenção para o final da longa saga da Mulher-Gato contra os vilões Múltiplo e Gatuno, uma história de vingança bem escrita, com suspense e acção e servida pelo belo traço de David e Álvaro Lopez. As outras duas, protagonizadas pelo Asa Noturna, não ultrapassam a mediania, servindo de epílogo à narrativa que conduziu à morte do Batman.
7. E aqui, dentro deste parêntesis, cabe outro: a morte nos universos DC ou Mavel, vale o que vale. Quase nada (narrativamente falando) ou muito (se olhado de um ponto de vista comercial e mediático). Esta, embora de pouca duração, como já se sabe, não foi excepção, havendo – de certeza – outros candidatos a defuntos já a caminho.
8. Mesmo assim, o falecimento do Cavaleiro das Trevas serviu – pelo menos…! – para que o genial Neil Gaiman escrevesse uma bela e nostálgica banda desenhada (que logo no título evoca em simultâneo uma histórica mítica escrita para Alan Moore para o Super-Homem e (na versão brasileira...) a designação que Miller trouxe para o Homem-Morcego na celebrada mini-série “Batman, O Cavaleiro das Trevas”), em que o seu funeral é pretexto para reunir uma série de amigos, conhecidos, admiradores e adversários, todos unidos no lamento pelo sucedido. Uns, pela perda que sentem, outros por não terem sido eles a causá-la.
9. E é durante esse “evento social” que vários se levantam para contarem como o Batman realmente morreu… por sua causa.
10. A primeira, é Selina Kyle, a Mulher- Gato, com uma história de paixão recíproca mas não correspondida na sua dimensão total.
11. Depois, menos credível mas bem mais conseguida e surpreen-dente, o mordomo Alfred Penny-worth, revelando que toda (?) a existência do alter-ego de Bruce Wayne não passou de um enorme embuste.
12. Em ambos os casos, em histórias breves mas consistentes integradas num todo mais longo, Gaiman mostra a sua mestria na construção de uma narrativa invulgar – e, de forma fria, até pouco credível – que passo a passo surpreende e prende o leitor deixando-o suspenso da sua conclusão – no próximo mês, em Batman #89, para quem compra em Portugal.
13. Especialmente, porque o Batman que vai sendo mostrado sucessivamente, tem muito mais de humano e muito menos de mito e do ser (quase) demoníaco que aterrorizou criminosos ao longo de décadas.
14. O que também serve de contraponto a uma certa ambiência mística que perpassa pela história, pois ao longo das suas páginas, o que vai sucedendo é comentado em off pelo próprio Batman – surpreendido por aquilo a que assiste – e por uma mulher misteriosa cuja identidade não foi para já revelada.
15. O tom adoptado, se bem que perfeitamente ajustado a uma narrativa de super-heróis, está entre a homenagem e a nostalgia, com alguns apontamentos de humor que aliviam a tensão neste passeio por alguns dos momentos mais marcantes dos 75 anos que o universo DC já conta.
16. Ao lado de Gaiman, está outro “monstro” dos comics, Andy Kubert, mais uma vez com um trabalho notável, ajustando o traço a cada momento narrativo, que corresponde a momentos específicos e marcantes das várias Eras do Universo DC, quer na multiplicidade de trajes utilizados pelos intervenientes, quer nos estilos gráficos adoptados, quer na forma como vai retratando Gotham City, sem que o resultado final perca coerência ou homogeneidade.
17. Tudo isto obriga a várias releituras para se poder desfrutar das diversas referências (a momentos e a heróis, mas também a criadores e artistas) espalhadas por Gaiman e Kubert ao longo de um relato que – mesmo sem conhecer a sua conclusão – recomendo vivamente.
18. Referências finais para a bem conseguida ilustração da contracapa e para a inclusão de alguns esboços preparatórios de Kubert publicados no final da revista, algo raro a este nível.

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