23/12/2010

L’Assassinat du Pére Nöel

Éric Adam e Didier Convard (argumento)
Paul (desenho)
Glénat (França, Dezembro de 2010)
240 x 320 mm, 72 p., cor, cartonado


Resumo
Mortefond é uma pequena aldeia cuja economia assenta no fabrico artesanal de brinquedos e que se distingue pelo facto de na véspera de Natal todos os habitantes se fantasiarem de personagens de contos infantis, para participarem num baile intitulado “Era uma vez…”, que lhes permite, por uma noite, saírem da realidade.
É o que acontece na noite em que a história começa, em que tudo corria bem, até alguém anunciar que o Pai Natal tinha sido assassinado.

Desenvolvimento
Ou talvez não fosse o Pai Natal – quem o costumava encarnar… - mas sim alguém que se aproveitou do seu disfarce para conseguir outros intentos. Porque, conta uma lenda local, na pequena localidade repousa escondido um tesouro de enorme valor, que muitos procuraram em vão durante decénios, um braço em ouro e pedras preciosas, de que se possui apenas um dedo com um valioso rubi, mostrado uma vez por ano, na tal noite especial. E que, como não podia deixar de ser, desapareceu.
A narrativa, começa com o clímax que culmina com o assassinato do Pai Natal, para depois recuar 15 dias, para um trecho bem mais pausado, que narra a chegada de um “estrangeiro” a Mortefond e prepara o caminho para a tal morte. Que tem lugar numa noite em que a neve isolou a localidade de todo o resto do mundo.
É por isso que o tal “estrangeiro”, Prosper Lepicq, detective/advogado como saberemos mais tarde, cujas razões para a busca de isolamento e fuga do seu meio habitual não nos são reveladas, assume o protagonismo. De forma discreta, privilegiando a observação e a dedução.
História policial de contornos tradicionais – a grande novidade é mesmo a noite do “Era uma vez…” – cujo desenrolar contém algumas revelações até chegar ao habitual final com algumas surpresas, permite-nos acompanhar o inquérito levado a cabo por Lepicq, ouvir as suas indagações, apreciar os indícios que recolhe e que lhe permitirão chegar até ao culpado, encontrando pelo caminho gente apaixonada, outros que não são quem parecem ser, um cura com queda para a bebida e alguns mais, numa galeria bem construída e caracterizada, apropriada a um meio pequeno como Mortefond.
Como curiosidade, desta narrativa bem estruturada, de ritmo pausado para permitir pesar os factos que vão sendo revelados e encaixar as sucessivas peças do puzzle que vão sendo encontradas, fica o facto de o protagonista ser não só detective como também advogado, começando por investigar e descobrir o assassino, para depois o defender no tribunal, onde a história terminará.
Para a forma agradável como a história se desenvolve, captando a atenção do leitor, contribui também a linha clara de Paul, suave e luminosa – fruto da luz reflectida pela neve que tudo cobre…? – com a qual, em belas pranchas – especialmente quando os cenários assumem maior destaque - traça o retrato de Mortefond e dos seus habitantes.

Curiosidade
- Esta é uma adaptação muito livre de um romance de Pierre Véry publicado pela primeira vez em 1934 e levado ao cinema por Christian Jaque em 1941.

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