23/02/2011

L’orfèvre

Collection Les Intégrales
Warnauts (texto e desenho)
Guy Raives (texto, desenho e cor)
Glénat (França, 9 de Fevereiro de 2011)
180 x 243 mm, 240 p., cor, cartonado, 15,00 €


Resumo
L’orfèvre (o ourives), é o apelido de Charles-André Lafleur, um agente ao serviço do estado francês, que encontramos envolvido em inquéritos de contornos políticos, numa qualquer república da América Central, Nova Iorque, Paris ou no Cambodja.
Ambientado nos anos 30, este álbum recolhe os 5 tomos que Lafleur protagonizou – La Mort commme um piment, La maison sur la plage, K.O. sur ordonnace, Le sourire de Bouddha e Les Larmes de la Courtisane, originalmente publicados entre 2000 e 2004.

Desenvolvimento
Comecemos por falar da colecção. Ao contrário da maior parte doutros volumes integrais que aqui tenho referido, geralmente dedicados à recuperação de séries clássicas, a colecção Les Intégrales da Glénat – tal como esta da Dupuis – tem uma orientação diferente. Assim, agrupa num único volume, no formato geralmente designado como de ‘livro’ – seja lá isso o que for… - alguns tomos de uma série (ou toda a série como neste caso), mais ou menos recente e de algum sucesso.
No caso presente, “L’orfèvre” compila os inquéritos de Lafleur, agente ao serviço do estado francês, envolvido em casos com contornos políticos, relacionados com tráfico de influências, contrabando de droga ou de objectos de arte. A apimentar cada um deles encontram-se elementos mais comuns em relatos policiais, como relacionamentos dúbios, racismo, sexo, traição e alguma violência.
Lafleur, cujo passado, algo nebuloso, vai sendo aflorado ao longo dos relatos, ao contrário de muitos dos seus pares detectives, privilegia a dedução, a intriga e a actuação na sombra em detrimento da acção directa, o que se traduz em narrativas de ritmo moderado que os autores aproveitam para definir e aprofundar o carácter dos principais intervenientes, bem como para tornar mais complicados os contornos de cada caso, cujos desfechos nem sempre são os esperados, o que por vezes obriga a uma releitura para que o leitor se aperceba de todos os pormenores disponibilizados (em texto, expressões, cenário…).
E também, importa dizê-lo, porque essa é uma das principais características deste álbum – bem como de outros da dupla Warnauts/Raives – pois esse ritmo pausado (apesar da diversidade da planificação) permite-lhes demorarem-se e aplicarem-se nos (belos) retratos de cada um dos lugares, exóticos (ou não) onde a presença de Lafleur é exigida, enquanto mostram apontamentos de como foram os agitados anos 30 do século passado. E, igualmente, em contraste com o tom algo caricatural usado para os homens, nos belos e chamativos retratos das belas mulheres que são outra constante nas suas obras.

A reter
- As belas mulheres de Warnauts e Raives.
- As soberbas cores que pintam cada prancha.
- A possibilidade de o leitor comprar 5 tomos pelo preço de um só, poupando na carteira - e no espaço de prateleira!

Menos conseguido
- Algum estaticismo das figuras humanas.
- O menor à vontade revelado pelos autores na representação das cenas de maior acção, como a perseguição automóvel das páginas 75 a 77.
- A redução do formato em relação aos tomos originais que, se não prejudica a leitura em si, não permite apreciar da mesma forma a arte de Warnauts e Raives.

2 comentários:

  1. Não conheço, mas tenho de Warnauts e Raives o livro "A Inocente", e posso dizer que sim, as mulheres são belas!
    :)

    Abraço

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  2. Olá Bongop,
    Descobri Warnauts e Raives na (à suivre) mas por caso A Inocente não tenho... Mas não há dúvida que são as belas mulheres e as cores quentes que primeiro saltam à vista no seu trabalho...
    Abraço!

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