04/02/2011

Tif et Tondu

#2 – Sur la piste du crime
Les Intégrales Dupuis
Tillieux (argumento)
Will (desenho)
Dupuis (Bélgica, Setembro de 2007)
218 x 286 mm, 160 p., cor, cartonado, 19,95 €

Resumo
Segundo tomo da reedição integral temática de Tif et Tondu, reúne os primeiros álbuns que tiveram argumento de Maurice Tillieux, “L’ombre sans Corps” (1968/69), “Contre le Cobra” (1969/1970) e “Le Roc Maudit” (1970/71), respectivamente os 16º, 17º e 18º da cronologia da série, e também a história curta “À 33 pas du mystère” (1970).

Desenvolvimento
Entre as histórias do primeiro integral e estas transcorreram cerca de 15 anos e mais 10 álbuns, mas a verdade é que a grande diferença entre umas e outras é a mudança de argumentista.
Depois de Rosy ter tutelado os dois heróis, Tondu, o barbudo, e Tif, o calvo, levando-os para aventuras de tom cada vez mais fantástico, resolveu abandonar a banda desenhada, sendo substituído na escrita das histórias por Tillieux, autor – entre muitos outros – do notável Gil Jourdan.
E a mudança fez-se notar de imediato, com os heróis a voltarem aos relatos de carácter policial, com um pouco de mistério à mistura. Dessa forma fez crescer de novo o interesse (e a qualidade da série), sendo as três narrativas agora reunidas, excelentes exemplos do melhor que a revista Spirou publicou na época.
Assim, “L’Ombre sans corps”, leva Tif e Tondu até Londres, numa visita ao seu amigo inspector Ficshusset, da Scotland Yard, acabando envolvidos na descoberta de um misterioso ser, invisível e de força sobre-humana, votado a vingar-se em nome de um bandido morto por Ficshusset. Embora a explicação do fenómeno seja algo ingénua – se encarada à luz dos nossos dias – a verdade é que Tillieux mantém o leitor cheio de curiosidade ao longo de quase toda a história, doseando bem a acção e o mistério envolvidos.
Quanto a “Contre le Cobra”, marca a estreia da bela condessa Amélie d’Yeu, aliás Kiki, que será depois presença recorrente, transformando num trio o duo de protagonistas. Nesta primeira aparição, ela é o motor da acção, enquanto possuidora de um castelo, aparentemente assombrado, para o qual convida Tif e Tondu. As coisas precipitam-se e quando os heróis acordam estão a centenas de quilómetros do castelo, dentro de um carro que acaba de mergulhar no mar. Nesta história, ao contrário da anterior, a acção tem predominância sobre o suspense, mas o conjunto está bem imaginado.
Finalmente, “Le Roc Maudit”, apesar da forma algo forçada como o episódio inicial é encaixado na explicação final, é um belo exemplo de um policial passado em local fechado, no caso um farol isolado no meio do mar, onde as mortes se sucedem. Mais uma vez, Tillieux vai semeando as pistas ao longo do relato, permitindo ao leitor descobri-las – e interpretá-las – ao mesmo tempo que os heróis de papel.
Uma palavra final para o trabalho gráfico de Will, numa linha clara de traço arredondado, com destaque para a concepção das pranchas pela legibilidade e dinamismo que apresentam.

A reter
- Mais uma bela edição integral.
- O dossier inicial, profusamente ilustrado, que se debruça em especial sobre o trabalho de Tillieux na série.
- A qualidade das três histórias longas apresentadas.

Menos conseguido
- A obrigação de esperar pelo final desta reedição temática, para poder fazer uma leitura cronológica da série e perceber melhor a sua evolução.

Curiosidades
- Este volume reúne duas das quatro aventuras de Tif e Tondu publicadas em Portugal: “Contra o Cobra”, publicada pela primeira vez em 1979 na revista “Spirou” (2ª série) e depois no “Jornal da BD” (1984); “O Rochedo Maldito”, que ficou incompleta no “Jacaré” (1974) e na “Spirou” (2ª série), sendo finalmente publicada na íntegra no “Jornal da BD”.
- Antes disso, Tif e Tondu tinham feito a sua estreia no “Cavaleiro Andante” #540, de 5 de Maio de 1962, com “A Bomba” (informação do site BDNostalgia que não consegui confirmar na prática), tendo também passado pela “Spirou” (1ª série) em “A Matéria Verde” (1971), depois também republicada no “Jornal da BD” (1985).

3 comentários:

  1. Acabo de ter a cnfirmação de que Tif e Tondu realmente se estrearam em Portugal no Cavaleiro Andante #540, com "A Bomba", uma história curta de apenas quatro págnas.
    Obrigado Jorge Magalhães!

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  2. Ha muito tempo que não releio o Jornal da BD, mas eis um excelente pretexto! Aproveito para perguntar-lhe por um livro de BD, de um autor Portugues, que retrata o periodo Napoleonico e seus combates, que vi algures na FNAC no ano passado. Frequento muito pouco a FNAC mas recordo-me de ter pensado que teria de comprar este livro da proxima vez que voltasse. Ja passaram uns quatro meses e ainda nao voltei... Obrigado.

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  3. Caro Anónimo,
    Todos os pretextos são bons para relermos aquilo de que gostamos! Esta fase do Tif e Tondu, com argumentos de Tillieux, é um desses casos!
    Suponho que se refere ao álbum “A Batalha do Bussaco – A Derrota Fatal dos Marechais de Napoleão Bonaparte”, da autoria de José Pires, sobre o qual tem alguma informação aqui: http://asleiturasdopedro.blogspot.com/2010/09/batalha-do-bussaco-derrota-fatal-dos.html
    Abraço!

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