23/05/2011

Paul Gillon

1926-2011
A banda desenhada perdeu no passado sábado Paul Gillon, um dos últimos clássicos dos quadradinhos francesa, contava 85 anos completados no dia 11 deste mês.
Natural de Paris, iniciou-se profissionalmente aos 14 anos com capas para canções de Charles Trenet e Tino Rossi e caricaturas relacionadas com o mundo da música, cinema e teatro.
A BD descobriu-o aos 21 anos, na revista Vaillant, onde iniciou um longo percurso pelos quadradinhos, primeiro com argumentistas como Roger Lécureux, Jean Ollivier ou J.C. Forest e mais tarde a solo.
Possuidor de um traço clássico realista, inspirado nos clássicos norte-americanos, em especial Alex Raymond e Milton Caniff, no qual a figura humana – em especial a feminina - teve sempre um papel preponderante, Gillon trabalhou nos mais diversos registos, da aventura à ficção-científica, do erotismo à adaptação de clássicos da literatura, possuindo uma bibliografia vasta, desenvolvida ao longo de mais de cinco décadas.
Nela, avultam títulos como “Lynx Blanc”, “Les voyages de Jéremie”, “Wango” (uma série criada graficamente por Eduardo Teixeira Coelho), “Caméra”, “13, rue de l’Espoir” (uma tira diária que assegurou durante 13 anos), “Notre Dame de Paris”, “Fils de Chine”, “Les Naufrages du Temp”, “Les Leviathans”, “Au nom de tous les miens”, “La dernière des salles obscures” ou “La Survivante”, que, no seu conjunto, lhe valeram ser distinguido com o Grande Prémio de Angoulême em 1982, e o Yellow Kide de Lucca, em 1998, entre muitos outros prémios.
Apesar do classicismo do seu traço, Gillon marcou presença em diversas publicações de ruptura dos quadradinhos franceses, como a Métal Hulant ou a L'Écho des Savannes.
Em Portugal, no final da década de 1970, a Agência Portuguesa de Revistas (APR) publicou os três tomos iniciais de “Os Náufragos do tempo”, uma das suas séries mais marcantes que contava com argumentos de Jean-Claude Forest.
Os dois primeiros, “A estrela adormecida” e “A morte sinuosa” apenas a duas cores, sendo que o terceiro, “Labirintos”, já surgiu em quadricromia. Um desses volumes seria igualmente publicado no 19º volume do “Jornal da BD”, na década seguinte.
Já em 2003, sairia pela ASA “Os conjurados”, o sétimo volume do Decálogo, obra conceptual de Frank Giroud.


(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 23 de Maio de 2011)

4 comentários:

  1. Ora aqui está uma triste notícia. Um dos meus desenhadores favoritos e um traço incomparável e inesquecivel que se manterá sem dúvida para sempre na minha (nossa) memória. RIP Paul.

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  2. Pedro Cleto25/5/11 17:51

    Caro LCMateus,
    Obrigado pela visita.
    O desaparecimento de qualquer autor de BD é sempre uma nótícia triste. E quando é um autor como Paul Gillon, que marcou várias épocas ao longo de quase 60 anos, a sua partida ainda é mais marcante...
    Fica a sua obra, para lermos ou relermos.
    Abraço!

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  3. Bom artigo, Pedro. Parabéns!
    É sempre um prazer ver as pranchas ou os desenhos avulsos do mestre Gillon - infelizmente, agora, por ocasião da sua morte.
    Mas, como acontece com os grandes, o seu trabalho sobreviver-lhe-á.
    É para mim particularmente interessante ver as reproduções dos originais com o lápis azul com que ele desenhava.

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  4. Pedro Cleto26/5/11 13:50

    Bem vindo caro Diferr,
    Obrigado pelas suas palavras...
    Se a morte é incontornável - pelos menos na vida real, nos quadradinhos, nalguns quadradinhos, não é bem assim... - fica a satisfação de podermos reler as obras dos autores que apreciamos.
    Abraço!

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