11/09/2011

11 de Setembro inspira BD

Poucas semanas após os atentados de 11 de Setembro de 2011, surgiram as primeiras das múltiplas edições aos quadradinhos em que o protagonismo se dividia entre super-heróis e heróis anónimos, todos abalados e incrédulos face á destruição das torres gémeas. Agora, uma década mais tarde, a data é de novo assinalada em BD, sendo várias as edições a lançar esta semana.

A mais mediática é, sem dúvida, “Holly terror”, da nova editora Legendary Pictures, assinada por Frank Miller, criador de “Sin City”, “300” ou “Batman: The Dark Night Returns”. Em formato horizontal, esta graphic novel, que na sua génese era uma história de Batman, foi concluída após 6 anos de trabalho criativo do autor, que mais uma vez dá provas do seu virtuosismo gráfico a preto e branco. O protagonista é The Fixer, um herói que vai defender Nova Iorque de novo atentado terrorista, numa BD que deverá ter tanto de violenta quanto de polémica, que o autor classificou como “120 páginas de propaganda política descarada”.






Outros dois nomes conceituados dos comics norte-americanos, Rick Veitch e Gary Erskine, assinam “The Big Lie”, na Image Comics, uma ficção inspirada num episódio da série televisiva The Twilight Zone e narrada pelo institucional Tio Sam. Nela, a mulher de uma das vítimas dos atentados regressa à manhã do dia 11 de Setembro para tentar tirar o seu marido do World Trade Center. Resta saber se conseguirá convencê-lo do que está para acontecer e qual a grande mentira que o título da BD aponta.








Quanto a “Code Word: Geronimo”, com a chancela da IDW Publishing, narra de forma pormenorizada e ficcionada todos os passos da missão que teve como objectivo eliminar Bin Laden. O argumento é assinado por Julia e Dale Dye, este último capitão aposentado da marinha dos EUA e conselheiro de Hollywood para assuntos militares, estando o desenho a cargo de Gerry Kissell.





Finalmente, em França (mas com edição já anunciada para vários países), encontramos “12 Septembre – l’Amerique d’après”, edição conjunta da Casterman e da Radio France que reúne nomes conceituados de um e outro lado do Atlântico, da imprensa (Roger Cohen), literatura (Russell Banks, Jerôme Charyn), BD (Enki Bilal, Myles Hyman, Joe Sacco, Muñoz e Sampayo, Art Spiegelman), ilustração (Lorenzo Mattotti), cartoon (Jul, Daryl Cagle, Plantu) e música (CharlÉlie, Barbara Hendricks). A solo ou em animados diálogos, todos reflectem sobre as consequências dos atentados na imagem que habitantes locais e estrangeiros têm hoje da América, de como esta mudou e do que é feito do sonho americano, predominando nas diferentes análises a dúvida, a desilusão e o pessimismo sobre o futuro.




(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 9 de Setembro de 2011)

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