07/09/2011

Contes Cruels du Japon

Jean David Morvan (argumento)Saito Naoki (desenho)
Delcourt (França, 24 de Agosto de 2011)
240 x 320 mm, 64 p., cor, cartonado
14,95 €

Resumo
Oito contos tradicionais japoneses, quase todos da época medieval, recontados aos quadradinhos por um belga e um japonês.

Desenvolvimento
O interesse crescente no Ocidente pelo manga em particular e pela cultura asiática em geral, tem influenciado a banda desenhada ocidental, não apenas a nível gráfico e narrativo, mas também em termos temáticos, procurando assim (re)conquistar as novas gerações (de leitores) que cresceram com os animes televisivos e – por arrastamento – com os mangas cujo sucesso (editorial) fizeram.
Este álbum, escrito por Morvan, um argumentista de créditos firmados, que conta na sua bibliografia feita de dezenas de tomos, sucessos como Sillage ou Troll e uma passagem (recente) por Spirou – é mais um exemplo disto, na abordagem que faz a um punhado de contos e lendas tradicionais do Japão medieval.
A sua abordagem é directa, simples transposição para os quadradinhos, de forma equilibrada e com grande legibilidade, para o que contribui bastante o texto introdutório a cada um dos contos - destas lendas protagonizadas por seres (nem sempre cruéis, ao contrário daquilo que o título afirma) como a mulher das neves de coração gelado, o homem-tubarão, uma cerejeira especial ou um devorador de cadáveres.
Como base, cada um deles tem sempre uma ou mais características do ser humano – verdade, fidelidade às promessas, coragem, covardia, medo, submissão – abordadas de forma metafórica em contextos irreais, oníricos ou fantásticos, mas sempre com efeitos práticos sobre a vida quotidiana dos seus protagonistas.
Para as ilustrar – possivelmente por razões não inocentes – foi escolhido o japonês Samo Naoki, diplomado em Desenho Gráfico pela Universidade de Belas Artes de Tama.
Com mais experiência na ilustração do que na BD, apesar disso revela um bom domínio da planificação, variada e sem limites pré-fixados, e um traço seguro, de alguma forma próximo da linha clara e herdeiro do anime tradicional, mas que se revela demasiado igual de história para história, apesar da sua diversidade temática, denotando assim dificuldades em adequá-lo ao ambiente e contexto próprios de cada uma.

A reter
- Mais um exemplo da influência nipónica na BD franco-belga.

Menos conseguido
- Algumas limitações gráficas reveladas por Naoki.

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