15/11/2011

Sept Clones

Stéphane Louis (argumento)
Stéphane De Caneva (desenho)
Véronique Daviet (cor)
Delcourt (França, 5 de Outubro de 2011)
230x320mm, 64 p., cor, cartonado
14,95 €

Resumo
O local é o sistema solar em 2093, com muitos dos seus planetas colonizados. O contacto com outras civilizações já se deu e, com o seu beneplácito, a humanidade prepara-se para dar um passo rumo ao cosmos e a um novo grau de conhecimento. Mas para isso há uma condição: que a população terrestre esteja sobre a égide de um presidente único e universal.
Na véspera da eleição que o designará, sete clones de antigos assassinos são despertados para matarem o Presidente da Humanidade.

Desenvolvimento
Este regresso à segunda temporada da colecção Sept, depois de Sept Personnages, dá-se desta vez sob o signo da ficção científica, numa intriga futurista, que reflecte sobre a importância da tecnologia, a sujeição do individuo ao todo ou a existência de uma alma colectiva, a par dos ontornos políticos subjacentes ao argumento.
Desde logo pelo sistema único – totalitário? – que já rege a humanidade – submersa num sistema em que impera uma hiper-agressiva publicidade, presente em todos os momentos do quotidiano, e uma enorme dependência dos meios de informação. E que há-de tornar-se mais intensa, com a eleição do líder único como única forma de chegar ao conhecimento pleno (?).
No momento em que tudo parece concorrer para esse propósito, sete clones de antigos assassinos, desconhecidos entre eles – embora existam sentimentos, sonhos, laços (tal como nos gémeos…) que só depois perceberão – com vidas/vivências díspares (um sacerdote, um pervertido sexual, um mineiro, um louco internado…) e espalhados pelo sistema solar, são despertados e reunidos com o propósito de assassinarem o novo presidente a ser eleito.
A necessidade de apresentar os (sete) protagonistas nas primeiras páginas, é menos bem resolvida pelo argumentista, tornando-se penalizadora para o leitor, pois resulta demasiado confusa, sendo evidente que foram curtas as páginas disponíveis para explorar suficientemente a via que os autores elegeram e introduzir satisfatoriamente cada um dos sete clones, ficando por aprofundar as características individuais de cada um, revelando-se todos demasiado lineares. A isto há que acrescentar a a opção de identificar os diferentes clones por cores o que, se aumenta a legibilidade, torna pouco agradáveis as pranchas iniciais, por força da demasiada diversidade cromática.
Como contraponto, mais para a frente no livro, resulta especialmente feliz a forma como – depois de os clones se “congregarem” num só – os pensamentos e sensações dos sete surgem aos olhos do leitor ajudando a dar consistência ao conceito inicia, embora impondo um menor ritmo narrativo.
Aquele aspecto menos conseguido, não retira no entanto o prazer de descobrir um mundo (possível?) dominado pela tecnologia, e uma história que funciona e é convincente, conseguindo surpreender o leitor mesmo quando o curso dos acontecimentos sofre uma inversão quase total.
Graficamente, com a ressalva das pranchas iniciais já feita, a obra é bastante apelativa, com De Caneva a brilhar intensamente nas pranchas em que imperam a tecnologia ou os cenários grandiosos, a par de um bom trabalho no desenho da figura humana, sendo o seu traço bem acompanhado pela paleta cromática de Véronoque Daviet.

A reter
- A exploração de (mais) uma faceta diferente da base desta colecção (sete protagonistas que devem executar uma missão de alto risco), que mostra todo o seu potencial.
- A arte realista fantástica de De Caneva e as cores de Daviet…

Menos conseguido
… com excepção das páginas inicias que introduzem os protagonistas…
… nas quais Louis também não foi especialmente feliz.

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