1.
Em (pelo menos) três das publicações da Turma da
Mônica agora disponíveis nas bancas
portuguesas há uma presença comum: super-heróis da Marvel e da DC Comics.
2.
Ou, melhor dizendo, de personagens neles (muito)
inspirados.
3.
O que, diga-se de passagem, não é algo assim tão
invulgar.
4.
Ou não fossem esses super-heróis – há já muitos
anos – uma referência - cultural, sim - comum e universal, o que torna
perfeitamente acessíveis e assimiláveis as situações e/ou piadas criadas em
torno deles, dos seus poderes e formas de agir.
5.
E compreensível a sua utilização nas historinhas
da turma, seja o registo de paródia, citação ou até homenagem.
6.
(O que não invalida que nalguns casos também
possam desempenhar o papel de chamariz para aqueles que normalmente passam ao
largo da Turma da Mônica…)
7.
Das três publicações referidas, o caso mais notório
é:
Clássicos do Cinema Turma da Mônica #27
Lanterninha Verde
Estúdios Maurício de Sousa
Panini Comics (Brasil, Agosto de 2011)
190 x 275 mm, 48 p., cor, brochado, bimestral
R$ 5,50 / 2,50 €
8.
Clássicos do Cinema Turma da Mônica é uma colecção
bimestral, que parte de (previsíveis) sucessos de bilheteira, geralmente mais
próximos do público adolescente, para recontar as suas histórias tendo por
protagonistas os habituais integrantes da Turma da Mônica.
9.
Com a actual predilecção do cinema pelos
super-heróis – e porque muitos dos leitores da turma também serão certamente
seus fãs e leitores - não surpreende que estes recorrentemente sejam objecto
desta colecção.
10. As
histórias nela publicadas, vivem do equilíbrio – nem sempre fácil, geralmente
satisfatório - entre as bases do enredo original com as situações típicas e
habituais vividas pela Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali no seu quotidiano no
Bairro do Limoeiro.
11.
Em Lanterninha Verde (ou Lantelninha Velde?), isso
acontece mais uma vez, sendo o ponto de partida os complexos capilares do
Cebolinha, a quem a descoberta de uma lanterna (literalmente, e não de um anel)
transforma num super-herói (ou super-vilão…?) que deseja – agora e sempre! –
tornar-se no dono da rua!
12. Por
isso, como sempre, o confronto com a Mônica é inevitável, como inevitável é o
final, ficando a expensas da roupagem de super-herói que a narrativa enverga, algumas
variações intermédias divertidas e o surpreendente desfecho que, se (mais uma
vez) não lhe traz a vitória, lhe concede pelo menos alguma satisfação.
13. Como
cada vez mais acontece nas edições especiais da Turma, as páginas finais são
preenchidas com esboços e desenhos preparatórios da história, o que ajuda a
valorizar a componente artística – tantas vezes ignorada - que está por detrás destas
publicações a que muitos geralmente associam – apenas - um forte pendor comercial.
14. A
segunda revista é:
Cebolinha #56
Estúdios Maurício de Sousa
Panini Comics (Brasil, Agosto de 2011)
130 x 190 mm, 64 p., cor, brochado, mensal
R$ 3,20 / 1,50 €
15.
Neste caso, a presença de bem conhecidas
personagens Marvel – ou das suas derivações “mauricianas” - logo na capa é
apenas um chamativo extra para uma história que se enquadra na componente
cívica e educativa, sempre presente nas aventuras da Turma.
16. Se
a sua mensagem é directa e simples – a reciclagem de brinquedos pode contribuir
para a felicidade dos que são menos favorecidos – uma leitura mais atenta
descobre temáticas mais sérias nas entrelinhas:
17.
Como a necessidade de enfrentar o
crescimento/envelhecimento (que o pai do Cebolinha contraria voltando às
brincadeiras infantis…) ou…
18. O
consequente aumento da complexidade da vida que isso acarreta, quer porque o
leque de opções se alarga, quer pela necessidade de enfrentar as suas
consequências….
19. Embora,
no final da história, seja o humor e a solidariedade que prevalecem.
Naturalmente.
20. (Em
termos de revista, para quem aprecia humor nonsense, não posso deixar de
indicar a BD protagonizada pelo Louco que é uma verdadeira… loucura!).
21. Finalmente,
temos
As Tiras Clássicas da Turma da Mônica – Volume #7
Estúdios Maurício de Sousa
Panini Comics (Brasil, Setembro de 2011)
205 x 205 mm, 128 p., cor, brochado
R$ 19,80 / 8,00 €
22. Esta
edição mostra, aos mais distraídos, que esta inclinação de Maurício de Sousa e
do seu estúdio pelos super-heróis não segue uma moda (passageira?) actual, pois
já nos anos 70 do século passado, quando estas tiras foram publicadas pela
primeira vez em jornais do Brasil, eles já serviam (ocasionalmente) de mote ou
argumento cómico, quer através da sua intervenção directa, quer através da
simples evocação.
23. –
O que talvez indique que a moda actual não será assim tanto “moda” nem tão
“actual”…
24. Ou
reforce que o imaginário colectivo há muito acolheu Batman, Spiderman, Superman
ou X-Men entre tantos outros…
25. Na
primeira das duas tiras desta recolha que têm super-heróis, curiosamente o
“Superman” de Maurício surge perfeitamente integrado no universo da Turma (ou
será o contrário?), sinal de outros tempos em que os direitos não tinham o peso
que hoje se (re)conhece.
26. Quanto
à evocação do capitão Marvel – hoje bem menos popular - a sua adequação às
características próprias do Cascão provoca de imediato um sorriso.
27. (E,
no que a este álbum diz respeito, onde as bases do humor que hoje
(re)conhecemos a Maurício de Sousa já estavam bem consolidadas, há bem mais para
apreciar, propondo eu aos eventuais leitores que procurem as temáticas então
aceitáveis e hoje inimagináveis em bandas desenhadas para um público
infanto-juvenil…)
Cara, meus parabéns pelo blog e pela matéria! adorei.
ResponderEliminarVenerável Victor,
EliminarObrigado pela visita e pelas suas palavras.
Boas leituras!