Tsugumi Ohba
(argumento)
Takeshi Obata
(desenho)
Devir (Portugal, Maio
de 2012)
130 x 190 mm, 200
p., pb, brochado
9,99 €
1.
Se a leitura de Death Note #1 confirmou tudo de
bom que eu tinha lido a seu propósito, teve também um outro efeito...
2.
Deixar-me muito curioso quanto à sua continuação, de uma forma que
há muito não me lembrava em relação a um segundo tomo de uma banda desenhada.
3.
A sua publicação pela Devir, num intervalo de tempo que se tem de
considerar curto (cerca de 3 meses transcorridos entre a edição dos dois primeiros
tomos de Death Note), para além de ter contribuído para a satisfação da minha
curiosidade – factor menos importante no caso, claro - …
4.
… poderá (deverá?) merecer por parte dos leitores um voto de
confiança em relação à editora e levar a que apostem nesta edição, para que ela
possa prosseguir com esta regularidade…
5.
... factor que me parece essencial para o seu sucesso.
6.
E a leitura deste segundo volume, mais uma vez, satisfez as
expectativas que eu tinha.
7.
Desde logo porque o relato aprofunda o tom realista (e policial),
passando para segundo plano o tom fantástico que, com um certo apagamento do
demónio Shinigami, praticamente fica limitado ao que é inerente ao conceito –
um caderno mágico que permite matar à distância todos aqueles cujo nome for
nele escrito pelo dono do caderno.
8.
Depois, porque os autores continuam a explorar as (imensas)
potencialidades do Death Note, através de Light Yagami que ganha assim cada vez
mais protagonismo, ao demonstrar toda a sua inteligência e capacidade dedutiva
pela forma como explora de forma notável os poderes do caderno, tornando cada
vez mais complexos os esquemas utilizados para suprimir as suas vítimas.
9.
Ao mesmo tempo que – ou será por isso? – à medida que a malha do
cerco policial se vai apertando e a polícia, encabeçada pelo misterioso L se
vai aproximando cada vez mais de Light, este se vai afastando progressivamente
do seu propósito inicial, que era utilizar o Death Note para matar grandes
criminosos e fazer do nosso planeta um mundo melhor.
10. Agora - egoisticamente,
mas de forma bem humana, deixando-se corromper pelo poder que o Death Note lhe
confere, o que reforça o (apesar de tudo falso) realismo da história - a sua
prioridade é manter-se à frente de quem investiga os seus crimes – porque fazer
justiça pelas próprias mãos é um crime – seja qual for o preço (em vidas
humanas) que tenha de pagar.
11.
(Mesmo que tenham que sucumbir novas personagens que, aos olhos do
leitor, apareciam com imensas potencialidades e capazes de proporcionar novas e
interessantes vias ao relato – e quem já leu/ler este tomo facilmente perceberá
de quem estou a falar).
12. A par de tudo isto,
o relato continua a ser muito bem construído e explanado, com uma trama que se
adensa e ganha em complexidade sem perder o poder encantatório sobre o leitor, sempre
com a tensão e a adrenalina em alta, numa notável toada de parada e resposta
entre o misterioso L, que investiga os crimes, e Light, que os comete.
13. Isto sem que, no
entanto, o leitor consiga antecipar os passos de cada um deles, o que
multiplica o efeito surpresa ao longo das páginas e diz bem da sua
originalidade.
14. Outra mais-valia
continua a ser o traço utilizado, realista, expressivo, bem legível e dinâmico
quanto baste para dotar a narrativa do ritmo adequado, propositadamente pausado,
para que o leitor se possa imbuir de tudo o que lhe vai sendo apresentado.
15.
Por tudo o que até aqui escrevi, se os dois volumes já lidos
corresponderam ao que deles esperava em termos de qualidade e originalidade,
deixam também uma enorme vontade de ler o seguinte que, desejo, possa ser
editado em breve.
16. (Mesmo que neste
momento os 3 curtos meses transcorridos entre o #1 e o #2 me pareçam demasiado
longos!)
É uma bela aposta da Devir. Death Note é excepcional até metade. Depois desce de qualidade mas continua sempre a ser uma boa leitura.
ResponderEliminarCaro Loot,
EliminarObrigado pela visita e pelo comentário.
Mesmo percebendo que será difícil manter o nível destes dois primeiros tomos, estou muito curioso quanto à forma como a história se vai desenvolver.
Boas leituras
"4. … poderá (deverá?) merecer por parte dos leitores um voto de confiança em relação à editora e levar a que apostem nesta edição, para que ela possa prosseguir com esta regularidade…
ResponderEliminar5. ... factor que me parece essencial para o seu sucesso."
Pedro até parece que está a pedir que comprem por (caridade?!) e não porque é dever da editora levar a edição até ao fim......
Olá Optimus,
EliminarEu não tenho que implorar nada, até porque não recebo qualquer comissão!
Mas também sei que se os (potenciais) leitores não comprarem, acreditando que a Devir vai levar a edição até ao fim, então aí é que a edição vai mesmo ficar a meio... Porque todos sabemos que o "dever de levar a edição até ao fim" está empre sujeito à rentabilidade (vendas) pois a Devir não é a santa casa da misericórdia dos leitores portugueses de BD!
Boas leituras... e compras!
Penso que o que o Pedro tentou dizer foi exactamente o contrário, ou seja, será que a editora merece a confiança dos leitores nesta publicação ou será que os leitores vão mais uma vez ficar 'pendurados' a meio da história?
ResponderEliminarDe qualquer forma, concordo que o facto de as editoras muitas vezes não terminarem as edições que começam afecta grandemente as suas vendas. E aqui falo por experiência própria. Adoro o Death Note mas já cheguei a um ponto em que, enquanto não vir a saga completa editada não hei-de comprar um numero. Semelhante passa-se com edições de outras histórias. (devo dizer que estou com muita esperança no Dragon Ball :)
Caro Luis Sanches,
EliminarObrigado pela sua opinião.
Como já respondi atrás ao Optimus Prime, não estou a pedir por caridade que os leitores comprem, mas sim a sugerir que o façam como única forma de a colecção poder continuar e chegar ao fim.
Porque, como todos sabemos, se os primeiros números não venderem, o mais certo é Death Note ficar a meio, como aconteceu ao longo dos anos com tantas outras colecções de BD...
Em relação ao Dragon Ball, lamento desiludi-lo mas a colecção da ASA vai terminar - pelo menos para já - no nº 18. Pelo motivo do costume: as vendas inferiores ao necessário para rentabilizar a edição...
Boas leituras!
Lol!! Com o Dragonball, já estava à espera mas não queria admitir! É uma pena que seja assim. É uma pena que se baseiem nos numeros para decidirem se acabam uma colecção que começaram. Acabam por se tornar a origem do problema. Falo por mim e por outros que conheço. Quem começaria uma caderneta de cromos sem ter a certeza que todos os cromos sairiam? Enfim, é uma pena que estas coisas aconteçam. Em tempos fartei-me de ver os numeros 1 que comprava (capa dura, bom papel, etc) ficarem-se por aí. Tenho pena que seja assim mas não vou aumentar a minha colecção de histórias por terminar :)
EliminarAbraço
Caro Luís Sanches,
EliminarEntendo e respeito a sua decisão, embora não concorde com ela, apesar de também ter muitas colecções incompletas (ou completas noutras línguas, o que é sempre uma alternativa).
Se todos pensássemos assim, há muito que não seria editada BD em Portugal, pois ficaríamos sempre à espera da colecção completa para comprar e tal dificilmente se concretizaria.
Porque, como todos sabemos, editar livros - geralmente - é um negócio. Há que pagar direitos, autores, tradutores, balonistas, papel, gráfica, distribuidora... e ainda quem trabalha na editora.
Se os livros não vendem, são raros os que se dispõem a perder (mais) dinheiro continuando a apostar em algo que não resultou...
Boas leituras!
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarE assim se cria um ciclo vicioso,se a editora não leva colecção até ao fim apesar do "prejuízo monetário" ficam a perder ainda mais 1 perdem a "credibilidade" depois os clientes emigram para outras paragens,até porque é o leitor/consumidor que em ultima instância paga pelos erros das editoras desde coleçoes com demasiados volumes,a coleçoes sem fim a vista, e ainda n coleçoes que até hoje aguardam o volume final,através de pvp,só para o editor e editora bater no peito e dizer que faz isso pelo bem da bd nacional,basicamente é um negócio muito mal gerido.
ResponderEliminarOlá Optimus,
EliminarSusbcrevo-te quase a 100 %...!
E se é fácil perder a credibilidade - ainda mais em Portugal, com o pequeno nicho que a BD ocupa no mercado - recuperá-la é algo extremamente complicado...
Uma das soluções, como indicas, deveria ser a opção por volumes únicos ou colecções de poucos tomos...Embora seja um dado adquirido que são as colecções extensas que ganham leitores e mantêm maior rentabilidade ao longo do tempo...
Uma autêntica pescadinha de rabo-na-boca, difícil de resolver...
Boas leituras, de preferência em português!