Roger Langridge (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
Panini Comics (Espanha, Maio de 2012)
170 x 260 mm, 110 p., cor, brochado com badanas
13,95 €
Resumo
Este tomo compila os 5 números da mini-série “John Carter –
A Princess of Mars”, baseada na obra original de Edgar Rice Burroughs.
Nela, John Carter, um soldado do tempo da guerra civil
norte-americana, vê-se transportado para o planeta Marte, onde descobrirá
estranhos habitantes que terá que defrontar e vencer para poder ficar com a
bela princesa Dejah Thoris.
Desenvolvimento
Se não quero repetir o que já escrevi em textos anteriores a
propósito do arranque da mini-série,
da estreia do filme
e da tripla edição desta obra, a assinatura de Filipe Andrade no desenho justifica, para mim, voltar uma vez
mais a este John Carter. Até porque – já o disse – foi uma história que me
marcou na adolescência.
E a primeira constatação que a leitura deste tomo despertou
em mim, foi quão diferente é acompanhar a edição em mini-série (mesmo que se
faça a leitura dos números de seguida) ou num único volume. Porque este –
felizmente - está desprovido da (muita) publicidade que existe nos comics
norte-americanos, que quebra e retira ritmo à leitura. Não que eu não entenda o
seu propósito – até a sua necessidade, como forma de rentabilizar (de tornar
possível?) essas edições, mas ela é uma das razões fortes para o divórcio quase
total existente entre mim e os comics.
Assim, a actual leitura, permitiu (re)descobrir pontos
fracos e fortes desta adaptação – díspar de outras existentes - com liberdades
necessárias para a tornar credível aos olhos dos leitores de hoje, sem
desvirtuar o essencial do maravilhoso e do fantástico do original de Burroughs.
Entre os primeiros, contam-se algumas omissões no argumento –
que poderão ser preenchidos para quem já estiver familiarizado com a trama
desenvolvida por Burroughs, mas levantar algumas dúvidas aos restantes leitores
– relativas à organização das sociedades marcianas com que John Carter interage
e as escassas informações sobre o seu passado.
Quanto aos pontos fortes – que superam os fracos – em termos
gráficos, se o mais saliente é o dinamismo e a agilidade do traço esguio e
singular de Filipe Andrade - realçado pelo preto e branco das pranchas aqui reproduzidas, embora estejam coloridas no livro - há que lhes acrescentar também a diversidade da
planificação e a qualidade das cenas de acção.
Em termos de argumento, veja-se como Langridge conseguiu
tornar actual uma história já com um século e a forma como gere os diversos
momentos, alternando a intensidade e o tipo das cenas e algumas surpresas, para
dotar o relato com o ritmo que pretende e conquistar o leitor.
Para o que também contribui entrada directa na acção que, se
pode surpreender o leitor incauto, ajuda a aumentar o seu interesse, usando
depois o argumentista diversos flashbacks para explicar ao leitor como Carter
chegou a Marte, enquanto desvenda (apenas) um pouco do seu passado.
A reter
- Encontrar Filipe Andrade – à custa da sua perseverança, do
seu trabalho e do seu talento – neste patamar, a este nível, com uma obra com
este mediatismo disponível em Espanha, França, Estados Unidos…
- A qualidade da edição espanhola, superior - em tamanho e
qualidade de papel – à original americana, que sem ser luxuosa propõe aos
leitores um belo livro.
Menos conseguido
- A inexistência de uma Panini (ou de alguém que realmente a
represente) em Portugal o que, aliado à falta de sentido de oportunidade, de
rasgo (, de capacidade financeira?) das editoras nacionais, impediu uma edição
similar em português – nacionalidade do desenhador, recorde-se – que, a reboque
do filme da Disney, seria uma boa aposta editorial e mais uma oportunidade para
mediatizar a banda desenhada entre nós.
Olha... gostei muito mais desse preto e branco do que das revistas coloridas que vi!
ResponderEliminar:)
Abraço
Olá Nuno,
EliminarO trabalho a preto e branco do Filipe está sem dúvida muito bom... e eu até sei que ele teria gostado bastante se esta compilação da mini-série do John Carter tivesse sido publicada assim.
Boas leituras... a preto e branco ou a cores!
Viva Pedro Cleto
ResponderEliminarEu tenho a edição americana, a cores. Mas agora, com este seu "post", estou deslumbrado e intrigado: deslumbrado com a categoria estética destas pranchas a preto e branco; intrigado com o facto de você ter conseguido estas pranchas.
Hipótese: foi o Filipe Andrade que lhas forneceu?
Abraço.
GL
Esta arte está espectacular! O Filipe Andrade está de parabéns em relação ao nivel artistico em que se encontra. E também concordo com os comentadores prévios, onde é que posso comprar a edição a preto e branco? :D
ResponderEliminarOlá Lino,
EliminarA edição espanhola - tal como a francesa - é bem melhor do que a norte-americana! Mas são as três a cores.
As pranchas a preto e branco foi "pirateá-las" ao blog do Filipe Andrade: http://filipeandradeart.blogspot.pt/
Caro Luís Sanches,
Também acho que o trabalho do Filipe sobressai mais a preto e branco, antes da aplicação da cor (por outros). Mas não tenho dúvida que, comercialmente, a versão colorida tem mais saída...
Aos dois, boas leituras, de todas as cores!