04/07/2012

Ultimate Spider-Man #2






Notes from underground
Eugene Son (argumento)
Ramon Bachs (desenho)
Raul Fonts (arte-final)

“Look Ma, no webs!”
Jacob Semahn (argumento)
Nuno Plati (desenho e cor)
Marvel Comics (EUA, Julho 2012)
170x260 mm, 32 p., cor, comic-book mensal
$ 2,99



1.       Um dos aspectos que denota a existência de um verdadeiro mercado de BD – o que me interessa no presente caso – é a oferta de títulos para diferentes segmentos etários e/ou sócio-económicos.
2.      Sendo uma realidade visível – a diferentes níveis ou com diferentes manifestações – no Japão, no contexto francófono ou nos EUA, assume, obviamente, uma vertente marcadamente comercial – algo inevitável, embora por tantos não entendido, quando se aplica o conceito de “mercado”.
3.      (Independentemente da admissão/aceitação de um segmento vincadamente artístico.)
4.      É neste contexto – antes do mais – que deverá ser entendido (mais) este novo título da Marvel.
5.      Que, apesar de protagonizado pelo Homem-Aranha – um dos bastiões da Casa das Ideias - não inocentemente bebe a sua inspiração na série animada televisiva (que por sua vez se inspirou nas façanhas do herói no papel…).
6.      Procurando assim captar para os quadradinhos uma geração (pelo menos) que habitualmente manifesta pouca predisposição para a leitura, o que não deixa de ser uma estratégia (comercial) inteligente.
7.      [E se não considero de menor importância o que até aqui escrevi, confesso que a razão primeira deste texto foi a presença de Nuno Plati como um dos autores regulares de “Ultimate Spider-Man” - o que acontece pela primeira vez com um português na Marvel e não é nada de desprezar - …
8.     … tendo por isso sido entrevistado pelo Marvel Animation Age)]
9.      Terminado este parêntesis, retomando a ideia que ele interrompeu, não foi por acaso que Plati referiu como uma das razões para estar satisfeito com este trabalho, “o facto de poder mostrar à minha filha daqui a um anito ou dois (ela tem 2 anos), os comics que desenho”.
10.  Por isso, as histórias já mostradas nos dois números disponíveis, ancoradas na verão mais clássica do herói (ainda adolescente) com inimigos tradicionais e outros herdados da TV, são simples e lineares, praticamente despojadas da habitual componente psicológica do herói, condimentadas com muito humor, narradas em ritmo rápido e visualmente chamativas (o que inclui alguns pormenores de inspiração manga).
11.   O trabalho de Plati (que para além do desenho completo faz também a cor), está por isso muito próximo do visual animado do herói aracnídeo, com um traço elegante e expressivo, que denota grande legibilidade e dinamismo.
12.  E é especialmente vocacio-nado para os leitores mais jovens, ao contrário do demonstrado até agora pelos seus “colegas de título”, mais direccionados para os pré-adolescentes.
13.  Não sendo um título incontornável do Homem-Aranha (mais a mais nos EUA, onde a oferta é grande) é aquele que gostaria de poder ler em português - para ser lido pelos meus filhos de 6 e 10 anos e por um grande número de potenciais futuros leitores da Marvel.


10 comentários:

  1. Para divulgar o site www.bedetecaportugal.weebly.com

    Cumprimentos

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    1. Caro Zetantan,
      Fica então feita a divulgação de um site que tem o objectivo de "compilar a banda desenhada da era da nossa nostalgia publicada nas revistas e álbuns em Portugal".
      Boas leituras e... bom trabalho!

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  2. Li a algum tempo numero 1 de oferta e não vi nada de especial tudo já foi feito e refeito antes,tirando o ambiente mais leve.

    "Não sendo um título incontornável do Homem-Aranha (mais a mais nos EUA, onde a oferta é grande) é aquele que gostaria de poder ler em português - para ser lido pelos meus filhos de 6 e 10 anos e por um grande número de potenciais futuros leitores da Marvel."

    Falta é haver editora para editar isso em formato revista,aonde duvido que haja muitos interessados.

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    1. Olá Optimus,
      A diferença é mesmo essa, o ambiente mais leve e próximo - também visualmente - da animação televisiva, procurando fãs do Aranha iniciados na televisão.
      Acredito que te diga pouco ou mesmo nada, mas acho que tem potencial para conquistar novos leitores.
      Quanto ao resto, sonhar, todos podemos... Embora eu esteja consciente da realidade do país onde vivo.
      Boas leituras!

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  3. Pedro Cleto
    Isto parece-me muito interessante. Tenho alguem na familia que tem 10 anos e que quero iniciar na Marvel e na Dc (na BD!) e nem sei para onde me virar (e não, os reboots não ajudam :) Este tipo de história
    é excelente. Mesmo para os adultos acho que é divertida e diferente de todo o material mais denso que é a unica coisa que se encontra no mercado destes personagens infelizmente.
    Em relação ao mercado Japonês, sorte a deles, conseguem ter uma tradição enorme de Bd que lhes permite que o publico infantil continue a ser visado a nivel de novos lançamentos. O mercado Franco/Belga, apesar de ser o meu favorito, penso que está a perder qualidades. Penso que existe uma 'americanização' (desculpa o termo :) no tipo de histórias. Infelizmente acho que está a perder um pouco a sua identidade que o fez especial na Bd.

    Optimus Prime
    Discordo que hajam poucos interessados. A Marvel está a tentar reconquistar um publico que foi perdendo à medida que a Bd se tornou mais 'adulta'. Já a Marvel Adventures (acho que se chama assim) é também uma tentativa semelhante, só que o publico alvo é capaz de ser uns dois anos mais velhos do que neste caso.
    Hoje em dia, ao contrário de há 20 anos atrás, toda a gente conhece o Thor, Capitão América, Homem de Ferro, etc. Mas não devido à Bd. É devido aos filmes, aos desenhos animados, ao merchandising, etc...
    A grande maioria do mercado de Bd comercial está virado para os adultos que são quem tem o dinheiro. Só não são os Decisores. Qualquer bom vendedor sabe do que falo.
    Quem gasta dinheiro em musica na sua grande maioria são os jovens (concertos), e em bilhetes de cinema também, e na grande maioria de jogos ou novas aplicações, também são os jovens. Hollywood sabe disto, Silicon Valley também, a industria de musica também, só mesmo a industria (e a comunidade) de Bd é que ainda anda às turras com este conceito. É bom ver que a Marvel, de alguns anos para cá, anda a tentar (re)cultivar as suas raizes.

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  4. Caro Luís Sanches,
    Diz-me a experiência pessoal que é difícil direccionar os filhos - os sobrinhos... - para onde nós desejamos. O mais simples e que resulta melhor é tentar ir ao encontro dos seus gostos específicos para os introduzir à BD e esperar que, a partir daí, a sua curiosidade natural os leve mais longe.
    Na BD europeia - como na norte-americana - os efeitos da globalização são cada vez mais notórios, o que não significa que não haja ainda muitos e bons autores que mantêm a sua originalidade e impõem o seu cunho pessoal às obras. mesmo quando são visivéis as influências de outros géneros de quadradinhos.

    Quanto à questão comercial e de conquista de novos leitores por parte da Marvel, estou de acordo consigo. Porque se hoje em dia todos conhecem os super-heróis (da TV e do cinema), poucos são os que saltam daí pata os quadradinhos.

    Boas leituras!

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  5. Pedro Cleto,
    Neste caso, foi mesmo a criança que mostrou interesse em saber mais sobre os Vingadores (devido ao filme). Pus-me a pensar e o material mais 'inocente' destes herois já tem algumas décadas. Mas a narrativa tende a ser muito densa, não em termos de argumento mas sim em termos de quantidades de palavras por página (eu sei que isto não devia ser um problema, mas esta geração não é a nossa). Por outro lado, apesar de haver livros recentes em que a narrativa é muito mais dinâmica, a verdade é que a grande maioria não é bem para miudos.
    Por isso é que iniciativas destas deixam-me sempre contente :)

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  6. Caro Luís,
    Só é pena que não esteja em português... porque é importante corresponder a esse tipo de pedidos.
    O meu filho mais velho, que gosta muito d futebol, depois de ver o artiugo que escrevi há dias sobre Futebol e BD, ficou curioso. Propus-lhe que lesse o "Dick, o goleador", que saiu no Mundo de Aventuras e já o devorou todo! A minha pena é eu não ter muito mais dentro desse género...
    Boas leituras!

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  7. Pedro Cleto,
    Por isso é que eu digo que os miudos de hoje não são muito diferentes dos do nosso tempo em relação a interesse pela BD. Eles agora realmente têm muitas coisas com que se entreter (Playstations, canais desenhos animados, etc) mas nós tinhamos outras coisas também para fazer (quase tudo com outros miudos ao ar livre). O que nós tinhamos a mais era muita BD para crianças disponivel, e falo pessoalmente, foi isso que me levou a este bom vicio :) Os miudos de hoje também se interessam por BD... se a tiverem disponivel. Vamos esperar que talvez esta colecção venha a ser traduzida para a nossa lingua. Não só ia comprar para mim, como também iria oferecer algumas :)

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    1. Olá Luís,
      Por acaso discordo. Em parte, pelo menos.
      Os miúdos hoje em dia - por excesso de oferta - não têm a leitura no mesmo lugar que nós tínhamos. Ou seja, lêem menos e menos voluntariamente.
      Claro está que o facto de a oferta de BD ser hoje em dia muito menor, tem um contributo enorme para isso...
      Vamos sonhar que este estado de coisas vai melhorar...
      Boas leituras!

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