15/08/2012

Yossel – 19 avril 1943












Colecção Contrebande
Joe Kubert
Delcourt (França, Dezembro de 2004)
175 x 260 mm, 124 p., pb, cartonado
13,95 €


Há 60 anos, com a libertação de Auschwitz, o mundo descobria até onde a bestialidade do ser humano era capaz de o levar. Sem aprender, pois outras "soluções finais", com mais ou menos requinte e organização, têm-se repetido até aos nossos dias.
"Yossel – 19 avril 1943" (Delcourt), sobre a vida no gueto de Varsóvia, mostra também o horror de Auschwitz, através do relato de um fugitivo, e nele Joe Kubert narra o que teria sido a sua vida, se os seus pais não tivessem imigrado para os Estados Unidos em 1926, estava ele para nascer.
Assim, imagina-se Yossel, com 13 anos, em Varsóvia, mas com o mesmo dom para desenhar demonstrado em "Tarzan", "Sgt. Rock" ou "Fax from Sarajevo". Talento que o ajuda a sobreviver, quando o usa para se abstrair da realidade opressiva, para distrair a família ou os amigos ou até para conseguir favores - obter informações - do ocupante.
Realidade ficcionada, a meio caminho entre a BD e o texto ilustrado, "Yussel" é todo em traço a lápis, só esboçado, "porque ao executar os meus primeiros croquis, senti no meu traço um sentimento de urgência que quis conservar", revela Kubert. Ou porque não há imagens capazes de descrever um tal horror?
Horror que está latente nesta obra intensa e violenta, que é mais um documento que não nos deixa esquecer.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 30 de Janeiro de 2005)


3 comentários:

  1. paulo pereira15/8/12 22:56

    O que falta para se editar este álbum em Portugal?
    Vontade, ignorância ou falta de apoio às industrias culturais. Só mesmo por curiosidade: Peter Jackson com o Lord of the Rings e agora o Hobbit está a fazer à Nova Zelândia aquilo que muitos políticos não conseguem - apoio económico ao país através das industrias culturais, neste caso o cinema. O turismo disparou em flecha e o reconhecimento internacional aumentou. Um exemplo a seguir. Abraço a todos

    ResponderEliminar
  2. Este homem desenhava muito. É o que mais me vem à cabeça quando vejo a sua arte :S E este album ainda me deve ser mais de agrado, visto que é todo com esboços, que prefiro sempre à arte finalizada. Por fim, acho que estes esboços são perfeitamente adequados ao tom dramático desta obra. Tenho de ver se este album vem para a minha prateleira.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Paulo!
      Se não foi editado aquando da edição original em diversos países, dificilmente chegará cá hoje...

      Luís,
      Embora um caso à parte na bibliografia de Joe Kubert, é uma obra que vale bem a pena e que sem dúvida recomendo!

      Boas leituras de Kubert!

      Eliminar