Charlie Adlard (desenho)
Cliff Rathburn (tons cinzentos)
Devir (Portugal, Agosto de 2012)
170 x 255 mm, 136 p., pb,
brochado
1. Confesso
que descobri The Walking Dead na (magnífica) série televisiva e só depois o li
nos comics originais, através da edição da Devir.
2. Isto, apesar
das muitas e boas críticas abonatórias, já que a temática “mortos-vivos”, para
mim pouco apelativa, me foi afastando da obra.
3. (Que,
uma vez descoberta, se revelou um tratado sobre a vasta gama das reacções
humanas em situações extremas, bem mais do que um simples conto de terrpor).
4. Por aquele
motivo, a BD – o suporte original - até agora tinha andado sempre a reboque da
série - com as inevitáveis comparações…
5. (Que,
como já referi, não são desabonam qualquer dos suportes narrativos, apenas é
diferente a abordagem feita por cada um…)
6. Parentesis
à parte, pela conjugação das datas de publicação deste terceiro tomo de The Walking
Dead e da estreia da 3ª temporada da série televisiva – que em Portugal deverá ocorrer
na Fox a 17 de Outubro, apenas 72 horas depois da exibição na TV
norte-americana – esta foi a primeira vez que a leitura do comic antecipou a
adaptação vista no pequeno ecrã.
7. (O que é
desde logo um bom sinal, pois é sinónimo de que a edição da Devir se agilizou e
está a diminuir o espaço de tempo entre tomos – embora seja mesmo assim
excessivo…)
8. Isso
permitiu-me uma leitura diferente – devido à descoberta do argumento – e analisar
o comic de um outro ponto de vista.
9. “Segurança
na Prisão” narra a chegada do grupo dirigido por Rick Grimes a uma
penitenciária de alta segurança, na qual, após eliminarem os muitos zombies lá existentes,
encontram quatro (ex-)detidos, confinados a um espaço fechado e isolados do
mundo.
10. – E este
parece-me o ponto mais fraco da história, pois não me parece fazer muito
sentido que quatro pessoas com os antecedentes dos quatro criminosos – que se
virão a revelar de forma trágica - conseguissem suportar-se uns aos outros
durante as semanas ou meses decorridos desde o início da epidemia que fez os
mortos ressuscitar e (quase) dominar os Estados Unidos. –
11. Continuando,
estes elementos permitem a Kirkman revelar a sua mestria narrativa, a dois
níveis.
12. Por um
lado, encontrando novos elementos para adicionar à trama, substituindo aqueles
que – inevitavelmente - vão sendo mortos, renovando-a através a exploração
paulatina das suas histórias.
13. Por
outro lado, utiliza o espaço fechado da prisão como gatilho para o exacerbar dos
(muitos) conflitos e tensões latentes entre os diversos protagonistas.
14. Pelo
caminho, aproveita para mostrar como os preconceitos continuam vigentes, mesmo
num mundo mergulhado no caos…
15. Dessa
forma, a subida das tensões e dos choques – revelados a diversos níveis – é inevitável,
centrando-se – mais uma vez – neles a narrativa, relegando para segundo plano a
(omnipresente) questão dos mortos-vivos.
16. O
desenho de Adlard, assente numa planificação bem diversificada, na constante
mudança de pontos de vista – que belíssimo story-board deve ter constituído o
comic para os realizadores da TV – e em rostos bem expressivos, é igualmente de
destacar.
17. Desta
forma, agarrado pela narrativa, arrastado pelo desenho, o leitor vê escoarem-se
em ritmo vivo a quase centena e meia de páginas deste volume, deixando-o faminto
de mais…
18. … quase
tanto quanto os zombies anseiam por carne humana…
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