15/10/2012

Dr. Kildare, 50 anos aos quadradinhos






 

A 15 de Outubro de 1962, nascia um novo herói dos quadradinhos, o Dr. Kildare cujas tiras diárias marcaram presença regular nas páginas do Jornal de Notícias nas décadas de 1970 e 1980.
Esta série de banda desenhada, escrita por Elliot Caplin e desenhada por Ken Bald, seguia as pisadas de uma série televisiva com o mesmo nome, estreada um ano antes na NBC. A colagem era evidente, com os heróis de papel a assumirem os rostos dos protagonistas, Richard Chamberlain e Raymond Massey, cujas fotos muitas vezes ilustraram as capas das revistas de BD. Curiosamente, a série da TV por sua vez fazia reviver um velho sucesso do cinema, o drama “Interns can’t take Money”, de 1938, que deu origem a mais uma dezena de películas.
O protagonista era James Kildare, um jovem médico, ambicioso e dotado, cujo espírito de iniciativa e idealismo com frequência chocavam com as ideias do seu próprio pai e com os métodos e normas mais tradicionais impostos pelo mais idoso Dr. Leonard Gillespie, director do hospital.
Embora decorrendo maioritariamente em meio clinico, com os dramas humanos inerentes à situação dos doentes em primeiro plano, o enredo incluía também momentos de acção – nomeadamente quando havia feridos de tiroteios – e breves ligações sentimentais entre o protagonista e as diversas beldades femininas com quem se ia cruzando.
A série televisiva, que a RTP chegou a exibir, manter-se-ia no ar até 1965, mas a banda desenhada, que contou também com prancha dominical a partir de 1964, sobreviver-lhe-ia quase mais vinte anos, até 1984.
Para além da publicação diária no Jornal de Notícias, o Dr. Kildare não teve grande visibilidade em Portugal, contando-se apenas uma presença no nº3 da revista “O Tico”, da Portugal Press, e cinco números de uma revista própria, das edições H. Pimenta, todas datadas de 1979.

 

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 15 de Outubro de 2012)
 

 

 

8 comentários:

  1. Caro Pedro
    Realmente não era uma tira diária que tivesse grande repercussão, pois era dirigida a um público preponderantemente feminino, tal como "O Coração de Julieta" - The Heart Juliet Jones, de Stan Drake. A Bd, então, era apetecida pelos rapazes; havia qualquer tabu relativamente às leituras de banda desenhada por parte das raparigas.
    Nem sei se é leitura preferida dos saudosistas da Bd nos anos 50 e 60 e não apela a um lote de leitores dos inícios do séc. XXI, apesar de a arte ser perfeita e linear, com o inevitável "suspense" na última vinheta.
    Lembro-me que, na altura, ainda miúdo, acompanhava a tira diária de "O Século" - Steve Roper e Mike Nomad, de Saunders e Overgard - que li mais tarde num número do Mundo de Aventuras, em formato A4.
    O Dr. Kildare tinha a particularidade e o benefício de uma série de televisão, o que lhe terá garantido maior número de leitores.
    Não fui leitor deste género de narrativas desenhadas, repito, o que não quer dizer que estas não tivessem o seu espaço e os seus leitores. Ainda hoje há séries de televisão sobre este tema e algumas novelas que correm pelas televisões têm menos substância e interesse do que esta série diária impressa.
    Enfim, era o tempo em que os jornais dispunham de um pouco de rodapé para proporem estórias em continuação de BD. Mas, é claro, para alguns próceres da BD actual, isto está ultrapassado e só se aborda em debates e mesas redondas para mostrar como "não" se deve fazer BD. O que não é o caso das Leituras do Pedro que, como tem evidenciado, propõe neste blog a abrangência de todos os quadrantes desta Arte. Isto não é um elogio, é uma constatação.

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    1. Caro Santos Costa,
      Acompanhei o Dr. Kildare através do Jornal de Notícias que o meu pai comprava, mas nunca foi uma das minhas preferidas entre as que o jornal publicava (Dick, o goleador, Agente Secreto X-9, Mandrake, Homem-Aranha...). Desconhecia então, aliás, a sua ligação à série televisiva, o que lhe poderá ter conferido alguma relevância.
      A evocação - nascida no JN - faz sentido nesse contexto pois esta não é, sem qualquer dúvida, uma criação aos quadradinhos especialmente pertinente...
      Boas leituras!

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  2. A propósito da sua pertinente evocação do Dr. Kildare (que tem um lugar próprio na história da BD americana e não apenas por causa das suas origens televisivas... embora em Portugal só tenha tido algum relevo na revista do H. Pimenta) relembro outra série protagonizada por um médico, Rex Morgan M.D., de Marvin Bradley & Frank Edgington, que se estreou entre nós na última fase d'O Mosquito e posteriormente surgiu de forma esporádica noutras revistas. Tinha também o mérito de ser muito bem desenhada e com temas aliciantes, mesmo com um ritmo mais pausado do que outras séries semelhantes, do género soap-opera.
    Foi uma das histórias que mais me agradaram nessa última etapa d'O Mosquito e creio que está ainda em publicação nos E.U., pois em 2008 tinha festejado o seu 60º aniversário.
    Um abraço e obrigado por nos continuar a propor boas leituras...

    Jorge Magalhães

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    1. Caro Jorge Magalhães,
      Confesso que não conheço essa série - Rex Morgan M.D. - , embora a tenha visto referida em várias das fontes que consultei sobre o Dr. Kildare.
      Este último nunca chegou ao Mundo de Aventuras. Por alguma razão especial? O facto de ser publicada no JN era um impedimento ou poderia ter funcionado como chamada para outros leitores? Pergunto porque o MA publicou outras séries incluídas no jotnal como o X-9 ou o Mandrake...
      Boas leituras!

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  3. Manuel Caldas16/10/12 15:07

    O "Rex Morgan M. D." publicou-se diariamente em O Século durante anos e anos. Cheguei a coleccioná-lo, mas actualmente (se não me engano) guardo apenas uma das histórias.

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    1. Caro Caldas,
      É mais uma achega, obrigado. Deve evocar recordações em alguns leitores...
      Eu nunca li O Século...
      Boas leituras!

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  4. Caro Pedro,
    Respondendo, com gosto, à sua questão... O facto do Dr. Kildare ser publicado no JN não impedia que pudesse aparecer também em revistas como o MA, mas foi talvez por ser considerada uma série mais adulta e com características romanescas, um pouco especiais, que nunca despertou a atenção dos responsáveis do MA, mais vocacionados, como era timbre da revista, para as séries de acção.
    Confesso que, na altura, eu próprio não era grande fã das "soap-operas", além de não ter acompanhado o Rex Morgan MD. nas páginas d'O Século por residir, então, em Angola.
    Para os leitores das revistas juvenis, mesmo as que procuravam apresentar um sumário mais diversificado, como o MA e o Jornal do Cuto, por exemplo, histórias desse tipo não fariam aumentar as vendas, antes pelo contrário... a despeito de todos os méritos que inegavelmente possuían. Foi por isso que outra série muito conhecida, e de cariz ainda mais sentimental, "O Coração de Julieta", fez também uma passagem fugaz pelas páginas das revistas juvenis.

    Um abraço do
    Jorge Magalhães

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    1. Caro jorge Magalhães,
      Muito obrigado pelo esclarecimento. Reitero o pedido de um livro de memórias...!
      Boas leituras!

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