03/12/2012

Tio Patinhas: 65 anos a juntar dinheiro












Scrooge McDuck, aliás o Tio Patinhas, fez a sua estreia nos quadradinhos em Dezembro de 1947, como criação de Carl Barks. Antipático e pouco sociável, já era “o pato mais rico do mundo”.

Essa primeira aventura, intitulada “Christmas on Bear Mountain” (Natal nas Montanhas do Urso), integrou a revista Four Colour Comics #178, publicada pela Dell Comics. Com 20 páginas, tinha sido escrita e desenhada por Barks em Julho desse ano, estando o mais célebre “desenhador dos patos” longe de imaginar o sucesso da nova personagem.
Se em termos de temperamento – egoísta, amargo, desagradável, solitário – Patinhas já estava próximo do que lhe conhecemos, em termos físicos apresentava algumas diferenças, nomeadamente óculos com aros e barba em vez das (agora) tradicionais patilhas.
Nessa BD, tudo começa quando o Pato Donald e os seus sobrinhos recebem um convite de um tio rico – que aparentemente desconheciam – para passarem o Natal com ele nas montanhas. Aceitam de imediato, desconhecendo que ele pretende disfarçar-se de urso e divertir-se às suas custas, o que dará origem a algumas peripécias divertidas com peles de urso e ursos de verdade.
Apesar de avarento, o Tio Patinhas, inspirado no Ebenezer Scrooge de Um Conto de Natal de Charles Dickens, fez sucesso e tornou-se personagem recorrente das aventuras dos patos Disney.
“A Saga do Tio Patinhas”, uma espécie de biografia oficial, escrita e desenhada pelo norte-americano Don Rosa a partir das várias histórias de Barks, localiza o seu nascimento em 1867, em Glasgow (que o fez cidadão honorário em 2007), na Escócia (daí a sua avareza). Nela, conta o percurso de Patinhas desde um pequeno engraxador até se tornar o multimilionário homem de negócios mundialmente famoso, depois de ter sido barqueiro, vaqueiro, pesquisador de ouro, mineiro em África, caçador de tesouros e muito mais.
Tendo enriquecido à custa do seu trabalho, tornou-se dono de grande parte da cidade de Patópolis, possui uma enorme caixa-forte cheia de dinheiro, no qual adora mergulhar e nadar, e explora ao máximo os que o rodeiam, especialmente Donald. Como não podia deixar de ser, a sua enorme fortuna atrai muitos indesejáveis, com os terríveis irmãos Metralha (igualmente criados por Barks, quatro anos mais tarde) à cabeça. Outra ameaça recorrente é a Maga Patalógica, que pretende transformar num amuleto a famosa moedinha n.º 1, a primeira que Patinhas ganhou a trabalhar e que desde sempre guarda. Entre os seus ódios de estimação contam-se os também milionários Patacôncio e MacMonei.
Se é verdade que Don Rosa apontou 1967 como data da morte do Tio Patinhas (ao completar o seu centenário, felizmente, para os seus fãs e admiradores o Tio Patinhas (já com 145 anos!) continua a viver nas páginas dos quadradinhos e também nas aventuras animadas.

Apesar dessas evidências, a revista norte-americana Forbes que anualmente elabora uma lista com as personagens de ficção mais ricas, em 2012, excluíu o Tio Patinhas que a liderava no ano anterior com uma fortuna avaliada em 44,1 biliões de dólares, supostamente por já ter “falecido”.
Se assim fosse, o pato daria voltas na tumba ao ver um dos seus rivais, o pérfido MacMonei, na 2.ª posição, com uma fortuna superior à sua (51,9 biliões de dólares), conseguida à custa de esquemas pouco honestos e exploração de minas. A liderança da lista apresentada este ano cabe ao dragão Smaug, de O Hobbit, com 62 biliões de dólares, enquanto o vampiro Cullen, da saga Crepúsculo completa o pódio com 36,9 biliões.
Na lista figuram igualmente Tony Stark (o Homem de Ferro da Marvel), Bruce Wayne (identidade secreta de Batman), a hacker Lisbeth da saga Millenium, Mr. Monopoly (do jogo homónimo) e Mr. Burns, dos Simpsons.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 2 de Dezembro de 2012)


6 comentários:

  1. Apesar de ter acompanhado todas as capelinhas da familia Disney desde que era miudo, (Mickey, Donald, Zé Carioca, etc), recordo-me que o Tio Patinhas era quem tinha as aventuras mais alucinantes e com um leque de personagens à sua volta mais estimulantes (a Maga e os Metralhas são obras primas). Mas mais do que os seus vilões, a capacidade que o Patinhas tem, mesmo perante a morte, de não abrir mão do seu dinheiro, é hilariante. E tinha outra coisa que eu também adorava. Andava sempre a viajar por sitios desconhecidos e misteriosos. Sempre adorei histórias com esta premissa (acho que é por isso que gosto tanto de Sci-Fi espacial). E o Patinhas nisto também não falhava.
    Pode-se dizer que ele é disciplinado, meticuloso ou até corajoso, nas suas buscas, mas a qualidade mais distinta dele é mesmo a pancada completa e os trabalhos em que se mete para arrecadar uma nova riqueza. Seja de um milhão de dólares, ou de apenas um dólar, o Patinhas move mundos para o conseguir. Para ele é igual tanto um como o outro. A tragédia dele de perder um milhão de dólares ou apenas dez era quase semelhante. Acho que é isso que me atrai mais neste personagem. O seu extremismo e a sua completa falta de bom senso :D Está de parabéns o velho sovina :D

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    1. Olá Luís,
      Confesso a minha preferência pelo Mickey detective, embora tivesse um fraquinho pelas trapalhadas do Pateta e do Peninha.
      Mas acima de tudo guardo boas recordações das leituras Disney, na altura certa, que me serviram de rampa para continuar na BD.
      O que não implica que não desfrute hoje das grandes obras criadas por Barks, Gottfredson ou outros grandes autores - e que não descubra nelas as bandas desenhadas Disney que mais me agradaram em criança!
      Boas leituras!

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  2. Olá Pedro,
    Sem duvida que tanto o Peninha como o Pateta me faziam rir bastante. No que toca a comédia Disney, o Pateta será sempre o meu favorito :) Aquela lógica que ele aplica a tudo o que faz é imbativel. Então quando contrastava com o Mickey ainda me fazia rir mais, ou quando comia os super-amendoins. Mas isso era comédia, aventura era mesmo o Patinhas :)

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    1. Olá Luís,
      Essa é uma das qualidades da BD Disney: a diversidade que permite que cada um tenha as suas personagens preferidas...
      Boas leituras!

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  3. “A Saga do Tio Patinhas” foi uma das muitas histórias que li na infancia,apesar de tolerar o Patinhss os meus favoritos eram o Superpato e o Clube dos Super-herois e Mickey Bond na época dos gadgets.

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    1. Olá Optimus,
      A Saga do Tio Patinhas, do Don Rosa, é uma excelente banda desenhada, que foi várias vezes publicada em portugu~es, em revistas e em edição especial...
      E também gostei bastante do Superpato, quando ele apareceu, como aliás gostava do Superpateta, apesar de não ter muita queda para super-heróis...
      Boas leituras... Disney!

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