07/03/2013

Astronauta: Magnetar












Danilo Beyruth (argumento e desenho)
Cris Peter (cor)
Panini Comics
Brasil, Outubro de 2012
190 x 275 mm, 84 p., cor, cartonado
R$ 29,90


Resumo
Enviado para observar e recolher dados de um magnetar, um fenómeno que ocorre após a formação de estrelas de neutrões – um conceito explicado no livro de forma concisa e compreensível – a nave do Astronauta sofre um embate grave que o transforma num náufrago do espaço, completamente isolado do mundo e entregue apenas a si próprio.

Desenvolvimento
Da leitura de “Ouro da Casa” confesso que fiquei surpreendido com o bom número de narrativas que têm o Astronauta como protagonista. Desconhecia – não imaginava sequer - a sua popularidade no Brasil, até pela sua temática mais séria que as suas históricas de tom filosófico e ecologista sempre assumiram. Mas, quem sabe, foi exactamente isso que o tornou tão apetecível quando surgiu a altura de homenagear os heróis clássicos de Maurício de Sousa.
E, terá sido isso, também, que fez com que fosse ele o protagonista da primeira Graphic MSP, um projecto a um tempo inteligente e ousado de releituras (mais adultas) desses mesmos protagonistas, que promete grandes surpresas.
E – e eu não podia ser mais directo – a verdade é que a escolha feita por Danilo Beyruth não poderia ter-se revelado mais acertada.
Desde logo porque ele consegue manter as características e o espírito próprios da personagem original – e fazê-lo será fundamental para dar sentido a cada um dos títulos deste selo – ao mesmo tempo que o desenvolve em termos artísticos e temáticos, de acordo com a sua sensibilidade e visão próprias, a um nível diferente, fazendo dele protagonista – único! – de uma verdadeira banda desenhada de autor – uma verdadeira graphic novel…  - assente numa base (científica) séria e consistente.
Protagonista único, escrevi atrás, porque essa foi quase sempre a sua condição, sozinho face à imensidão do espaço, no caso presente agravada por ter a nave danificada, impossibilitada de se deslocar, e estar sem possibilidade de comunicar com ninguém.
Esta é uma história sobre escolhas – de vida – e sobre responsabilidades a assumir por essas mesmas escolhas, resultante da introspecção a que o Astronauta se sujeita, e sobre o que de mais forte existe em nós e vem à superfície – para o melhor e para o pior… - quando enfrentamos situações limite.
Uma história de momentos fortes como a transição entre a bucólica cena inicial com o avô, que abre o álbum, para o presente do Astronauta enquanto tal; o momento em que ele enfrenta a onda radioactiva emitida pelo magnetar; a quase destruição da nave; a sucessão dos dias rotineiros em busca de soluções; o quase enlouquecimento devido à solidão e desespero; a opção pelo salto no espaço; o mergulho e consequente desaparecimento na escuridão…
Graficamente, Danilo Beyruth assumiu o seu estilo pessoal, uma linha de traço anguloso e duro, em vinhetas desprovidas de pormenores desnecessários para assim concentrar o leitor no essencial, e uma planificação bastante diversificada que ritma a leitura.
As cores de Cris Peter, assumem geralmente tons suaves e poucas gradações, que combinam com o tom introspectivo global, mas são igualmente capazes de se metamorfosear para caracterizar todos os ambientes que a narrativa exige.

A reter
- O conceito em si: releituras personalizadas, por autores talentosos, das criações originais de Maurício de Sousa. Um imenso potencial que Danilo Beyruth aproveitou muito bem.
- A boa edição, em termos de papel e acabamentos, complementada com esboços preparatórios e a biografia do autor.
- Rendido a Astronauta: Magnetar, fico a aguardar (com interesse acrescido) pelo novo projecto (agendado para Abril) deste selo: “Turma da Mônica: Laços”, dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi. Mais a mais porque os dois há muito me convenceram pela ternura e sensibilidade das suas criações.

Menos conseguido
- Podendo haver um limite de páginas nestes projectos, ele não deve ser tão rígido que de alguma forme prejudique o desenrolar da história. No caso presente, penso que a narrativa de Danilo Beyruth teria beneficiado se tivesse podido desenvolver um pouco mais o processo alucinatório do Astronauta.




7 comentários:

  1. Anónimo7/3/13 17:12

    OLá! Tudo bem? Espero que sim!

    Aqui, esses especial foi um febre. Houve uma versão mais "humilde" para venda em bancas e os exemplares logo se esgotara. houvi dizer que logo haverá uma nova tiragem desse sucesso também, é torcer para que seja verdade, pois ainda não garanti a minha. Curioso foi ver como esse personagem, antes tão deixado de lado nas revistinhas mensais, conseguiu ser protagonista de algo tão bacana!

    Abraços. Fabiano Caldeira.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Fabiano,
      Tudo bem, obrigado!
      Como digo no início do texto, fiquei surpreendido com a popularidade que aparentemente o Astronauta tem.
      Quanto ao trabalho que o Danilo Beyruth fez com ele, justifica o sucesso da edição!
      Boas leituras!

      Eliminar
  2. Boa Leitura tambem tera acessando:versificandonoar.blogspot.com

    ResponderEliminar
  3. Eu comprei! Muito bom!!!!!!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Wesley,
      É, sem dúvida, uma compra muito aconselhável! Espero que seja distribuído em breve em Portugal.
      (Outras) boas leituras!

      Eliminar
  4. Agora que ja passou bastante tempo, não rola o download?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Espero que nem agora nem nunca.
      Os livros, por respeito para com os autores e os editores, devem ser lidos em papel ou, em alternativa - menor para mim - em versão digital legal.

      Boas leituras... em papel!

      Eliminar