10/10/2013

Mexicana #1











Mars e Matz (argumento)
Mezzomo (desenho)
Glénat
França, 18 de Setembro de 2013
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado
13,90 €


Resumo
Polícia na fronteira entre os Estados Unidos e o México, Emmet Gardner descobre que o seu filho, Kyle, está metido em sarilhos por se ter envolvido com um cartel de droga que o mandou assassinar um dealer rival para provar a sua lealdade.
Disposto a tudo para ajudar o filho, Emmet prepara e executa o golpe pretendido. Só que, tarde demais, descobre que o morto era um agente infiltrado e que o filho desapareceu tal como a jovem mexicana que o introduziu no cartel.

Desenvolvimento
São álbuns como este que me fazem lamentar a ‘ditadura’ – cada vez menor, reconheço – do formato tradicional franco-belga, o álbum cartonado de 48 páginas.
Continuando a ser o tamanho ideal para reproduzir belas pranchas desenhadas – e também reconheço que há (outro tipo de) histórias para os quais este tamanho não é o indicado – tem o problema de obrigar a uma estrutura narrativa condensada que, na maior parte dos casos, não permite desenvolver suficientemente a psicologia dos intervenientes ou justificar o porquê dos seus problemas de relacionamento – como acontece entre Emmet e Kyle no presente volume. Mais a mais, quando esta mini-série está pensada para ‘apenas’ três álbuns.
Sei também que a própria dimensão – aqui uns generosos 240 x 320 mm – obriga a trabalho mais aturado por parte dos desenhadores, o que limita o ritmo de publicação – daí a habitual periodicidade anual para as obras franco-belgas…
Dito tudo isto – e preferindo ter na mão um volume único com perto de 150 pranchas para ler a história de um só fôlego, como o seu ritmo narrativo pede – há que dizer que o relato é extremamente dinâmico, com as situações a sucederem-se a um ritmo avassalador, sem dar tempo ao leitor de parar para respirar, e que o tema escolhido – os tráficos humano e de droga na fronteira entre os EUA e o México, com a vertigem do dinheiro (aparentemente) fácil que lhes está associada, a par da miséria moral e social que provocam– é suficientemente interessante e motivador para forçar a continuar a leitura.
O trabalho gráfico de Mezzomo, embora peça um pouco mais de à vontade nalguns pormenores, acompanha bem a velocidade a que as cenas se desenrolam, sendo especialmente conseguido nos cenários desérticos e na diversidade de tomadas de vista utilizadas.
Se ficaremos apenas por uma série de acção, capaz de proporcionar uma leitura descontraída, ou se – uma vez introduzidos os personagens, a trama base e os cenários em que ela decorre – Mars e Matz ainda irão desenvolver e aprofundar o carácter e as relações entre os protagonistas, oferecendo aos leitores um pouco (ou muito?) mais, é algo a que só os próximos (dois) tomos poderão responder.

A reter
- A vertigem da acção.
- O tema cativante (e sempre actual) abordado.
- As paisagens desérticas em que Mezzomo se distingue
- … tal como a conseguida capa.

Menos conseguido
- A limitada exploração das personagens ao nível psicológico.

Leitura online
- As primeiras pranchas de Mexicana podem ser lidas aqui.

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