“… quando a magia e a fantasia andavam de mão dada com a
aventura”.
Esta frase, com que Rafael Marin conclui a introdução deste
livro, resume-o perfeitamente. Ou quase, pois falta-lhe dizer que nele, a arte
de Russ Manning, em Tarzan, foi restaurada como só Manuel Caldas sabe fazer.
Para comprovar já a seguir.
Por isso, possivelmente, desde o momento em que, há décadas,
Manning acabou de desenhar cada uma destas tiras, nunca elas tinham sido
mostradas com tanto esplendor, com os brancos límpidos e os negros bem negros,
com o traço fino e realista tão bem definido e com as composições de tira a
brilharem (quase, quase) literalmente.
Nunca, na verdade, Jane foi tão indefesa e frágil e ao mesmo tempo tão capaz de fazer sonhar adolescentes e jovens (e menos jovens?); nunca a rainha La, de Opar, foi tão bela e sensual; nunca os homens da cidade perdida foram tão bestiais; nunca os perigos pareceram tão reais, os mundos imaginados por Burroughs tão maravilhosos e exóticos; nunca as feras foram tão selváticas, os animais pré-históricos tão imponentes, as caudas dos homens de Pal-Ul-Don tão mexidas.
Nunca, ainda, pudemos admirar músculos e cabelos com tanto
pormenor, nunca o dinamismo das tiras pareceu extravasar desta forma os seus
limites naturais, nunca os picos de acção nos levaram a suster a respiração de
forma tão intensa.
Neste volume – que, espero sinceramente, seja o primeiro de uma
publicação integral da arte de Manning no senhor da selva – que compila as
primeiras tiras que ele desenhou, publicadas originalmente entre 11 de Dezembro
de 1967 e 21 de Agosto de 1968, reencontrei Tarzan, um dos heróis que mais me
marcou na adolescência, e os mundos fantásticos em que tantas vezes o
acompanhei na busca da bela Jane, em companhia do filho Korak e dos seus fiéis
wasiris, com Numa, Tantor e outros animais da selva.
Uma edição que, em suma, me fez regressar ao tal ‘mundo
mágico e pleno de fantasia’ do qual, em boa verdade, graças à leitura de(stes e
de outros) quadradinhos, nunca me afastei muito.
Tarzan: Tiras Diárias #1
El Hombre-Mono Regresa
Russ Manning
Libri Impressi
Espanha, Maio de 2014
230 x 315 mm, 80 p., pb, brochada, 18,50 €
Em jeito de conclusão em aberto, não resisto a partilhar com
os leitores, (parte d)o privilégio que já tive: uma das pranchas dominicais –
coloridas! - do mesmo Russ Manning, igualmente restauradas por Manuel Caldas,
que ele disponibilizará em Setembro, no primeiro volume em que vai começar a
compilar as ‘Sunday pages’ de Tarzan.
Bela noticia! Para mim, Russ Manning não é um desenhador de Tarzan; é o desenhador de Tarzan! :)
ResponderEliminarJorge Fernandes
Assino por baixo, Jorge!
EliminarBoas leituras!
EStou totalmente de acordo, desde que descobri nas páginas do meio no Mundo de Aventuras, o Tarzan de Russ Manning sempre me surpreendeu e me espantou. Apesar de ter tantos outros, também estou de acordo que é mesmo o Desenhador de Tarzan. e com a arte, porque é isso que se trata, na recuperação de Caldas, deve ser estonteante. pena mesmo é que não consigamos ter essa obra e outras na nossalíngua materna. De qualuqer forma parabéns.
ResponderEliminarCaro Letré,
EliminarTambém assino por baixo quanto à pena de não haver edição em português... Mas quem não tem em português... lê em espanhol!
Boas leituras!