17/07/2014

Planeta dos Macacos – A Revolta
















Estreia hoje nos cinemas portuguesas, A Revolta, segundo filme da recente retoma da franquia Planeta dos Macacos, com aposta redobrada na captação de movimento por computador.
Uma espreitadela já a seguir.

Dawn of the Planet of the Apes, no original, inicia-se cerca de uma década após os acontecimentos narrados em A Origem (2011). Grande parte da população humana foi dizimada e os macacos, liderados por César (com movimentos e expressões de Andy Serkis, o Capitão Haddock, do Tintin de Spielberg e Jackson), criaram uma grande comunidade nos arredores de São Francisco, que vive de forma harmoniosa, tendo como primeiro mandamento: “macacos não matam macacos”.
Os humanos, entretanto, enfrentam uma das maiores epidemias da sua história, causado pelo denominado “virús símio”. Um grupo de sobreviventes, liderado por Dreyfus (interpretado por Gary Oldman) deseja capturar macacos para os utilizar como cobaias nas experiências conducentes á descoberta de uma cura. No entanto, tem de enfrentar a oposição de Malcolm (Jason Clarke), que conseguiu estabelecer com César uma relação amigável para evitar confrontos.
O crescendo de tensões, provocados pelos sucessivos encontros entre humanos e símios e a predominância da facção de Dreyfus, levará ao inevitável confronto que definirá qual das raças se tornará dominante ou mesmo se é possível a coexistência entre ambas.
No filme, que no fim-de-semana de estreia fez 74 milhões de dólares de receita, ao lado de Oldman e Clarke, encontramos igualmente Keri Russell, Kodi Smit-McPhee e Judy Greer (que dá voz e movimentos à gorila Cornélia, companheira de César). Como curiosidade refitra-se que os actores que interpretaram símios tiveram um “curso de macacos” de cerca de 20 dias que, segundo o professor Terry Notary, “serviu para descobrirem o macaco que havia neles, em vez de apenas os imitarem”.
A acção de A Origem e de A Revolta é anterior à do filme original – Planeta dos Macacos chegou ao cinema pela primeira vez em 1968, com Charlton Heston como protagonista – que teve um remake por Tim Burton em 2001, e tem por objectivo explicar como os macacos chegaram à posição agora revelada.
Tal como em A Origem, um dos grandes trunfos do filme que hoje estreia são os macacos, muito expressivos e com movimentos de grande naturalidade, conseguidos pelo sistema de captura de movimento através de computador, o que valeu mesmo uma nomeação para o Óscar de Melhores Efeitos Visuais no caso do primeiro filme. A Revolta é mesmo uma das ais ambiciosas produções nesta área feita até hoje, pois grande parte das cenas foi filmada em cenários reais e não em estúdio como era habitual e obrigou a um período de pós-produção de quase um ano, após o fim das filmagens em meados de 2013.
A história escrita por Rick Jaffa, Amanda Silver e Mark Bomback, segue de alguma forma o que era narrado na quarta película da série original mas o filme agora dirigido por Matt Reeves está longe de ser um simples remake. A par das inevitáveis actualizações, em termos técnicos e narrativos, tem como principais pontos divergentes a narrativa paralela do desenvolvimento das comunidades de humanos e de símios, o que torna muito mais compreensível – e justificada – a reacção destes últimos, e também a linguagem que estes desenvolveram, misto de palavras, gestos e grunhidos, longe portanto do inglês perfeito do filme dos anos 1970.
O cômputo destes aspectos confere coerência e credibilidade a uma narrativa mais sombria, que apresenta igualmente uma boa dinâmica e conseguidas cenas de acção, que possivelmente irão dar razão à publicidade que anuncia Planeta dos Macacos: A Revolta como o melhor blockbuster do Verão.

Os macacos nos quadradinhos
A Boom! Studios anunciou o lançamento para Novembro de uma mini-série de 6 números que fará a ligação entre os dois primeiros filmes de O Planeta dos Macacos. Com argumento de Michael Moreci, narrará a queda da humanidade e a ascensão de César.
A editora norte-americana, que publica desde 2012 uma revista mensal, acaba também de lançar Dawn of the Planet of the Apes: Contagion, de Caleb Monroe e Tom Derenick, uma prequela do filme que hoje estreia em Portugal.
Esta não é a primeira vez que Planeta dos Macacos salta dos ecrãs para os quadradinhos de papel, pois na década de 1970, várias editoras lançaram revistas com histórias originais ou baseadas nos filmes originais e na série televisiva. A mais duradoura foi a da Marvel Comics, entre 1974 e 1977, que contou com assinatura de nomes como Doug Moench, Gerry Conway. Mike Esposito ou George Tuska.
A título de curiosidade, na mesma época foram lançadas no Japão pelo menos três edições em manga com a mesma temática.
O filme de Tim Burton, em 2001, originou também diversos livros, com a chancela Dark Horse Comics.



(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Julho de 2014)

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