Estreia hoje nos cinemas portuguesas, A Revolta, segundo filme da recente retoma da franquia Planeta dos Macacos, com aposta
redobrada na captação de movimento por computador.
Uma espreitadela já a seguir.
Dawn of the Planet of
the Apes, no original, inicia-se cerca de uma década após os acontecimentos
narrados em A Origem (2011). Grande
parte da população humana foi dizimada e os macacos, liderados por César (com
movimentos e expressões de Andy Serkis, o Capitão Haddock, do Tintin de
Spielberg e Jackson), criaram uma grande comunidade nos arredores de São
Francisco, que vive de forma harmoniosa, tendo como primeiro mandamento:
“macacos não matam macacos”.
Os humanos, entretanto, enfrentam uma das maiores epidemias
da sua história, causado pelo denominado “virús símio”. Um grupo de
sobreviventes, liderado por Dreyfus (interpretado por Gary Oldman) deseja
capturar macacos para os utilizar como cobaias nas experiências conducentes á
descoberta de uma cura. No entanto, tem de enfrentar a oposição de Malcolm
(Jason Clarke), que conseguiu estabelecer com César uma relação amigável para
evitar confrontos.
O crescendo de tensões, provocados pelos sucessivos
encontros entre humanos e símios e a predominância da facção de Dreyfus, levará
ao inevitável confronto que definirá qual das raças se tornará dominante ou
mesmo se é possível a coexistência entre ambas.
No filme, que no fim-de-semana de estreia fez 74 milhões de
dólares de receita, ao lado de Oldman e Clarke, encontramos igualmente Keri
Russell, Kodi Smit-McPhee e Judy Greer (que dá voz e movimentos à gorila
Cornélia, companheira de César). Como curiosidade refitra-se que os actores que
interpretaram símios tiveram um “curso de macacos” de cerca de 20 dias que,
segundo o professor Terry Notary, “serviu para descobrirem o macaco que havia
neles, em vez de apenas os imitarem”.
A acção de A Origem
e de A Revolta é anterior à do filme
original – Planeta dos Macacos chegou ao cinema pela primeira vez em 1968, com
Charlton Heston como protagonista – que teve um remake por Tim Burton em 2001,
e tem por objectivo explicar como os macacos chegaram à posição agora revelada.
Tal como em A Origem,
um dos grandes trunfos do filme que hoje estreia são os macacos, muito
expressivos e com movimentos de grande naturalidade, conseguidos pelo sistema
de captura de movimento através de computador, o que valeu mesmo uma nomeação
para o Óscar de Melhores Efeitos Visuais no caso do primeiro filme. A Revolta é mesmo uma das ais ambiciosas
produções nesta área feita até hoje, pois grande parte das cenas foi filmada em
cenários reais e não em estúdio como era habitual e obrigou a um período de
pós-produção de quase um ano, após o fim das filmagens em meados de 2013.
A história escrita por Rick Jaffa, Amanda
Silver e Mark Bomback, segue de alguma forma o que era narrado na
quarta película da série original mas o filme agora dirigido por Matt Reeves
está longe de ser um simples remake. A par das inevitáveis actualizações, em
termos técnicos e narrativos, tem como principais pontos divergentes a
narrativa paralela do desenvolvimento das comunidades de humanos e de símios, o
que torna muito mais compreensível – e justificada – a reacção destes últimos,
e também a linguagem que estes desenvolveram, misto de palavras, gestos e
grunhidos, longe portanto do inglês perfeito do filme dos anos 1970.
O cômputo destes aspectos confere coerência e credibilidade
a uma narrativa mais sombria, que apresenta igualmente uma boa dinâmica e
conseguidas cenas de acção, que possivelmente irão dar razão à publicidade que
anuncia Planeta dos Macacos: A Revolta
como o melhor blockbuster do Verão.
Os macacos nos quadradinhos
Os macacos nos quadradinhos
A Boom! Studios anunciou o lançamento para Novembro de uma
mini-série de 6 números que fará a ligação entre os dois primeiros filmes de O
Planeta dos Macacos. Com argumento de Michael Moreci, narrará a queda da
humanidade e a ascensão de César.
A editora norte-americana, que publica desde 2012 uma
revista mensal, acaba também de lançar Dawn
of the Planet of the Apes: Contagion, de Caleb Monroe e Tom Derenick, uma
prequela do filme que hoje estreia em Portugal.
Esta não é a primeira vez que Planeta dos Macacos salta dos
ecrãs para os quadradinhos de papel, pois na década de 1970, várias editoras
lançaram revistas com histórias originais ou baseadas nos filmes originais e na
série televisiva. A mais duradoura foi a da Marvel Comics, entre 1974 e 1977,
que contou com assinatura de nomes como Doug Moench, Gerry Conway. Mike
Esposito ou George Tuska.
A título de curiosidade, na mesma época foram lançadas no
Japão pelo menos três edições em manga com a mesma temática.
O filme de Tim Burton, em 2001, originou também diversos
livros, com a chancela Dark Horse Comics.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Julho de 2014)
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