25/11/2014

Tony Chu, Detective Canibal #1 – Ao gosto do freguês












Este é um livro nojentamente divertido ou divertidamente nojento?
Não é, de certeza, para leitores de estômago fraco. Para os outros, o divertimento compensa largamente eventuais enjoos.
Espero ter-vos aberto o apetite. A refeição continua já a seguir!


O protagonista é um detective, de seu nome Tony Chu – e porque não o original Chew, mesmo estando em causa a inevitável piada: ‘Chiu?’, até pela fácil ligação com chewing gum e o repetido mastigar do protagonista?
Mas Chu é também um cibopata. Ou seja, alguém que sente impressões psíquicas do que come. Ou seja, quando ele come uma fruta, visualiza todo o processo que lhe deu origem, quando come uma animal, percebe aquilo que ele passou. Ou, quando debica um cadáver (!), vê como a pessoa morreu, quem o matou. Om uma única excepção, as beterrabas
Essa sua qualidade excepcional – no seu tempo, num futuro próximo, são conhecidos apenas três cibopatas em todo o mundo – faz com que após degustar (!) um serial-killer, para descobrir todas as suas vítimas, seja transferido para a F.D.A. – Food and Drugs Administration – onde de imediato ganha inimigos… fidagais (!).
Chegados aqui – alguns com um belo tom esverdeado no rosto – convém referir que na actualidade da obra o crescimento exponencial da gripe das aves, levou à proibição do consumo das suas carnes, tornando-as um produto muito apetecível para os traficantes. Também, que o irmão de Chu era cozinheiro num programa televisivo até ser suspenso, por ter exposto em público as suas teorias conspirativas relativamente ao interesse do governo na proibição de carne de aves. Ainda. que Chu está louca e platonicamente apaixonado por Amelia Mintz, uma crítica gastronómica cujas críticas transmitem aos seus leitores todas as sensações que ela experimentou ao degustar a comida - com o ligeiro inconveniente que ultimamente ela começou a escrever sobre os pratos que a repugnaram, provocando o vómito nos seus leitores! E, finalmente, que na F.D.A., Chu tem como superior Mason Savoy, igualmente cibopata, mas que não é bem quem parece.
A este conjunto de ingredientes, entre o vulgar e o gourmet (em temor de originalidade), Layman e Guillory, acrescentam como condimentos, um tom policial moderado, q.b. de teorias conspirativas, uma mão cheia de situações inesperadas, acção e violência a gosto e, acima de tudo, uma dose generosa de um humor muito negro, que fazem desta obra, se não uma iguaria requintada, pelo menos uma daquelas refeições de fast food que aconchegam e dão vontade de repetir.

Tony Chu, Detective Canibal
Volume Um: Ao Gosto do Freguês
John Layman (argumento)
Rob Guillory (desenho)
175 x 260 mm, 128 p., cor, capa dura
ISBN 978-87-91630-87-3
8,99 €

19 comentários:

  1. Olá, adorava ler esse e os outros dois titulos lançados por essa editora, mas não encontro em lado nenhum. Mais do mesmo. Cumprimentos e parabens pelo excelente blog. Diogo Ramos

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  2. Post da editora no Facebook: "Queríamos justificar algum atraso no envio dos livros para venda, e na logística geral do projecto. Infelizmente, a nossa parceira e proprietária da G. Floy, a Christine Meyer, esteve gravemente doente e está hospitalizada há cerca de duas semanas. Felizmente, está finalmente a melhorar e recomeçou hoje a trabalhar (deitada numa cama de hospital, e se bem a conheço, ansiosa por sair de lá!). Foi preciso resolver alguns problemas ligados a assinaturas, autorizações e por aí adiante, mas com boa vontade de todos os intervenientes e alguma flexibilidade e capacidade de improviso, está feito!

    Colocarei amanhã as datas exactas em que os livros estarão à venda, mas será entre quinta e sábado consoante os locais."

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    1. Caro pco69,
      Obrigado pela antecipação. A informação fica dada.

      Boas leituras!

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  3. Comprei os 3 livros da G.Floy na Amadora e recomendo todos :)

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  4. Isto tem um ar fantástico! Cartoonesco e com um conceito original, vai ser a minha próxima leitura. Realmente não vejo a necessidade de não manterem o Chew, mas quando ler logo avalio, que isto de falar é fácil.

    P.S.: o Saga já estou a fazer a colecção em inglês (numa edição pior e que me sai mais cara -.-), e o Fatale, que vi no Fórum Fantástico, não me atraiu imediatamente, por causa do desenho, vá-se lá saber porquê, mas depois de estranhar, entranhei, e agora quero-o!

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    1. Rui Bastos
      São três propostas completamente diferentes, em termos gráficos e temáticos, mas pessoalmente considero-as todas muito boas.

      Boas leituras!

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  5. Com o Fim das edições da Levoir e apesar das novas edições da Asa/Público, que já ai estarão na próxima semana, conto em adquiri-las. Espero é que o preço se mantenha e a qualidade também, e claro espero que eles façam um bom plano de publicações, como por exemplo um volume por mês, embora compreenda perfeitamente o porque de terem lançado os três juntos.

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    1. Marco Lopes.
      A indicação da G. Floy era que este preço era apenas para os volumes de lançamento, os seguintes seriam um pouco mais caros.
      E o plano prevê lançamentos mais ou menos trimestrais de um volume de cada colecção.

      Boas leituras!

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    2. Espero então que estes preços de lançamento não ande muito longe dos preços "normais".

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  6. Fui hoje à "minha" banca de jornais para reservar o meu exemplar semanal do XIII e fiquei extremamente surpreso quando a senhora me mostrou o Saga e perguntou se não estaria interessado. Aparentemente, os Urbanos (ou a editora?) decidiram distribuir o livro também pelas bancas de jornais. Na minha opinião é uma excelwente opção. Perguntei pelos outros dois (Fatale e Chu), mas ela referiu que lhe tinham entregue apenas este. No caso, tinha três exemplares e ficou com apenas dois.

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    1. É uma boa opção e já tenho visto uma ou outra livraria que vende BD da Devir, mas pessoalmente e se poder vou comprar na Bertrand e aproveitar os 20% de desconto que fazem as segundas segundas-feiras ;)

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    2. pco69,
      A opção de distribuir em bancas - e em livrarias, normais e especializadas - é da editora, claro.
      E haverá sempre volumes antigos para os interessados...

      Marco Lopes,
      Sim penso que a Bertrand também os vai receber.

      Boas leituras aos dois!

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  7. Bem esse é o unico inedito para mim os outros saga tenho o tpb original e fatale toda em tpb.eainda estou a pensar se compro todos ou não!

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  8. Virei, pelo menos, as primeiras 20 issues de Chew e são... deliciosas.
    A arte acompanha o registo humurístico (é, aliás, um seu complemento; mas dotada de autonomia para valer enquanto dimensão própria) e o ritmo da história é tão jóia quanto a sua manutenção de qualidade (o que não era provável, já que aquilo arranca muito bem e a tendência natural seria enfadonhar ao termo de meia-dúzia de issues).
    Não sei se certos «trocalhos» resultarão bem na tradução, mas saúdo a ideia de os divulgar aos que não podem ler no original/preferem ler traduções.

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    1. Cara Rita Dias e demais leitores/compradores

      Realmente é de saudar "a ideia de os divulgar aos que não podem ler no original/preferem ler traduções", mas não basta saudar é preciso apoiar, pois se por sorte este são originalmente em inglês, uma língua quase universal o mesmo não se poderá dizer do Francês e muito menos do Japonês. Não comprar estas ou outras edições apenas porque são traduzidas é "matar" o mercado da BD Português, seja para os leitores, seja para os autores.

      Um abraço

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    2. Rita,
      Do que já pude apreciar, Tony Chu (ou Chew?) é realmente muito divertido e foi para mim uma óptima surpresa.

      Optimus e Marco Lopes,
      Comprar ou não em português, tendo já a obra noutra língua é uma opção de cada um que no meu caso está condicionada por dois factores fundamentais: o espaço disponível aqui em casa - que é cada vez menos... ;( - e o dinheiro - que também é cada vez menos... ;:(

      Boas leituras aos três!

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    3. Caro Marco Lopes,

      a tradução, por muito calhe em jeito à velocidade de leitura, é amiga da perda de elementos que prezo ter nas obras. Não discordando da importância que tem uma acção consentânea com a vontade de querer a efectiva divulgação de BD em Portugal (sobretudo da boa BD), não posso deixar de considerar violenta a imposição de compra aos defensores de tal ideia, como confirmação da sua boa intenção.
      Primeiro porque as ideologias sofrem todas às mãos da contingência orçamental de cada um, depois porque compreendo a valorização do original sobre a tradução.
      No entanto, e justamente para tentar incrementar a distribuição para os lados do meu quiosque habitual, se por lá encontrar uma destas três edições (Chew/Saga/Fatale), adquiri-la-ei. Já as li a todas e gosto também de todas elas. Além disso são em hardcover e custam menos de € 10,00.

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    4. Cara Rita Dias

      Não é minha intenção impor seja o que for a quem quer que seja, nem criticar as opções individuais das pessoas, se assim o pareceu as minhas desculpas, alias nem o poderia fazer no caso de quem compra BD (ou livros) em Inglês porque, infelizmente, também sou obrigado a fazê-lo pelas razões, que nós leitores portugueses de BD, bem sabemos. Mas tal não será desculpa para deixar de chamar a atenção para este problema de comprar em Inglês. O caso da BD é mais compreensível porque em Portugal o mercado de BD é praticamente negligenciável, apesar de alguns raios de luz que vão furando um céu carregado de nuvens negras. Não quero que pense que sou uma espécie de troll que está contra tudo e contra todos, sou apenas alguém que gostava que Portugal tivesse um mercado de BD vibrante, com autores portugueses a disputar o mercado com autores estrangeiros "taco a taco" e que comprar BD na língua original fosse algo marginal,

      Um abraço e que continue a ler muita BD seja em que língua for.

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