É verdade que o café já não está quentinho – afinal a Café
Espacial #13 está disponível desde final do ano passado – mas os sabores –
diversificados, do mais suave ao mais intenso – continuam todos lá.
E se tal como o bebível, também nesta Café variam os aromas,
as intensidades e os sabores, eles estão mais dependentes do estado de
espírito, da formação e da menor ou maior abertura de quem os lê/contempla, no
momento da leitura/contemplação. Por isso, enquanto a bebida tem um tempo de
vida limitado, a Café Espacial é como que eterna, aberta e disponível para
novas leituras que poderão ser leituras novas se a disposição e o momento assim
o proporcionarem.
Da minha leitura, deste décimo-terceiro número, se confesso alguma
curiosidade quanto à narrativa completa de Damasco,
aqui apenas disponível no ‘cheirinho’ que é o seu epílogo, as minhas
recomendações vão noutro sentido.
Apreciei o conto Bonsai,
de Lídia Basoli, pelo tom desiludido que emana; sorvi A Vida Eterna, a adaptação do conto clássico de Machado de Assis,
feita por Floreal Andrade, que conseguiu captar o espírito do original, embora
merecesse uma arte mais consistente e apelativa e, em especial, saboreei Tarde para o Amor, de Alejandro Farías e
Cris Aguirre, uma narrativa melancólica ancorada no basfond argentino - quase
ao som de tango - pela forma como está desenvolvida e, mais ainda, pelo
inesperado final que consegue fazer a ponte com o tom geral da Café Espacial.
Que, mais uma vez, apesar do seu ecletismo – combina BD (ou
HQ!), poesia, fotografia e conto - e da origem diversificada das colaborações –
Brasil, Portugal, Argentina – consegue entre todas elas um tom comum - introspectivo, contemplativo, desanimado até - que,
aliás, é uma das suas imagens de marca.
Café Espacial #13
Vários autores
(Brasil, Outubro de 2012)
140 x 210 mm, 100 p., pb, brochado
R$ 15,00
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