10/04/2015

Jan Ken Pon #0









E de repente, sem qualquer aviso prévio ou divulgação, também sem qualquer ficha técnica, indicação de editor e texto de apresentação - e aparentemente sem que ninguém tenha dado por isso, dada a ausência de notícias sobre o assunto - surgiu (há mais de uma semana…) nos quiosques e bancas portuguesas o Jan Ken Pon #0, um jornal de banda desenhada.


Desenvolvimento
Apesar de não haver qualquer indicação, esta é sem dúvida uma edição na NCreatures que surge no seguimento da revista Banzai, de onde continua a história The Mighty Gang: Missão 06, da autoria (não creditada…) de Joana Rosa Fernandes, que ocupa 16 das 24 páginas da publicação. Com um resumo demasiado condensado, as páginas publicadas acabam por ser poucas para o leitor conseguir entrar na trama e a espera (previsível) de um mês pela continuação parece-me demasiado longa… A par disto, o grande tamanho de publicação actual (com desperdício do papel nas margens apostas às pranchas de BD) acaba por não ser benéfica para a arte, com algumas vinhetas a surgirem demasiado nuas ou a revelarem pormenores menos conseguidos que passavam despercebidos no anterior formato de revista.
O Jan Ken Pon #0 publica igualmente 3 tiras (verticais) de Ayaka e Yuki, da autoria de Maria Borges.
Se a opção pelo formato de jornal – apoiada pela inclusão de 4,5 (!) páginas de publicidade externa – mostra muita ambição, parece-me que acaba por ser oferecida pouca BD o que torna a leitura demasiado rápida. E se os 0,50 € - preço promocional de lançamento – se pagam bem, em futuros números (com mais páginas?), com um outro custo – qual? – poderá haver muita gente a fazer contas…
Fica mais por escrever, mas a  ausência absoluta de informação torna difícil fazê-lo, por serem desconhecidas as premissas porque se vai reger o Jan Ken Pon.

Esta não é a primeira vez que se tenta editar uma publicação de BD, maioritária ou exclusivamente preenchida com autores portugueses, com distribuição comercial (mais ou menos) alargada.
Cingindo-me só ao período pós-25 de Abril, parece-me que a que teve maior impacto e sucesso – por razões que agora não interessa dissecar – foi a revista Visão, com 12 números durante um ano, cujo lançamento em 1975 acaba de completar 40 anos.
Depois, outros títulos surgiram, em especial na década de 90: Lx Comics (quatro números, 1990/91); Quadrado (3 séries, 14 números, 1993/2004); Art Nove (cinco números, 1994); Crash (dois números, 1995); Ai-Ai (limitada a um n.º 0, que nunca foi distribuído, 1996?); Boa Zona (uma edição, Outubro de 1999); noutro âmbito, o BDJornal (30 números, desde 2005).
Por razões diversas – muitas das quais comuns: vendas insuficientes, falta de visibilidade, problemas financeiros, incapacidade de assegurar periodicidade… - todas elas tiveram vida curta e ficaram aquém dos seus objectivos.

A reter
- A coragem de uma edição deste género.
- As quatro páginas e meia de publicidade externa variada. É obra!
- A visibilidade do Jan Ken Pon em vários locais de venda.

Menos conseguido
- Falta de divulgação.
- Ausência de ficha técnica.
- Reduzida oferta de BD, agravada pelo facto de a história principal começar a meio.
- ‘Desperdício’ de papel.
- Pouco aproveitamento da cor, utilizada apenas para ‘enquadrar’ as pranchas.

Jan Ken Pon #0
Jornal de banda desenhada
NCreatures
Portugal, Março de 2015
285 x 340 mm, 24 p., pb/cor, jornal agrafado, mensal (?)
0,50 € (preço de lançamento)

4 comentários:

  1. E a HL Comix, 2 edições em 2006.

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    1. Mea culpa, Derrade, tens toda a razão!

      Boas leituras!

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  2. Este pessoal da NCreatures às vezes mais parece o Howard Hughes.

    Em vez de continuarem a fortalecer a colecção da Banzai metem-se nesta confusão de um jornal manga.

    Tudo bem que se movem por vários meios de comunicação, mas com os constantes atrasos e "inverdades" (Banzai a ser distribuida com o Público, yeah sure) que a Banzai sofria este jornal já nasce coxo.

    A Banzai apresentou autores espectáculares dou-lhe esse ponto positivo, mas a política editorial da NCreatures é no mínimo caótica.

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    1. Cesário,
      Se não se trata de uma busca constante pela perfeição, deve-se reconhecer pelo menos o mérito da busca de um modelo que se auto-sustente, o que não é nada fácil...

      Boas leituras!

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