E, finalmente, um dia, os extraterrestres chegaram ao nosso
planeta. Uma imensa esquadrilha de discos voadores com seres diferentes, ávidos
de partilhar conhecimentos.
Christian – retrato típico do francês médio, mulherengo e
racista – olhou com desconfiança para eles. Como para tudo que podia colocar um
grau de poeira que fosse na sua vida bem oleada, organizada em torno das suas
mulheres: a mãe, entrevada, que já não o reconhece; Josette, esposa de 20 anos,
de quem está farto; a amante, que lhe exige cada vez mais; a tia Albige, a
única que o compreende.
Delas e do emprego na loja de discos – vinis! – sobra pouco
tempo para as suas paixões: a música e a pintura, sublimada no quadro La Jeune Fille à l’Oiseau, expressão
perfeita “d’A Mulher, aquela que procuramos mas nunca encontramos”.
Tudo isto vai ser alterado drasticamente pela chegada de um
extraterrestre sedento de conhecimento, (aparentemente) um robot (telepata), a
quem Christian vai abrir a porta para uma vida diferente, com arte, sexo,
álcool, paixões – a vida real…?
A princípio renitente, acabará por investir numa partilha a
dois que também lhe alargará os horizontes e lhe mostrará que a vida só vale a
pena quando todos nela participam.
Narrativa simpática, divertida e ligeira - embora nem tanto
quanto uma leitura apressada pode fazer crer – é servida por um desenho muito
interessante, caricatural mas aposto em cenários em cores directas – que muitas
vezes servem também o protagonista e as restantes personagens - que contribuem
para o ambiente de sonho e poesia que a pouco e pouco toma conta do relato e
lhe confere uma outra dimensão.
Soucoupes
Arnaud Le Gouëfflec
(argumento)
Obion (desenho)
Glénat
Suíça, 1 de Abril de 2015
200 x 273 mm, 88 p., cor, cartonado
20,50 €
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