22/10/2015

Astérix: O Papiro de César hoje à venda








O Papiro de César, 36.º álbum das aventuras de Astérix, é colocado à venda hoje, para alegria dos muitos fãs da série, que esperavam por esta história há dois anos.

A autoria, pela segunda vez, está entregue ao argumentista Jean-Yves Ferri e ao desenhador Didier Conrad, aprovados por Albert Uderzo, forçado a abandonar a série devido à idade e a problemas de saúde, e Anne , filha de René Goscinny, pela estrutura editorial e pelos leitores, depois do bom acolhimento que teve Astérix entre os Pictos, há dois anos, que vendeu 5,4 milhões de exemplares, aumentando para mais de 365 milhões de álbuns as vendas totais de Astérix em todo o mundo.
A pré-apresentação pública aconteceu na semana passada, na Torre Eiffel, em Paris, mas na verdade, para além da divulgação da capa, pouco mais foi revelado, continuando a nova aventura, até ontem à meia-noite, conhecida apenas de um pequeno número de pessoas directamente ligadas à sua criação, produção e distribuição, todas elas obrigadas a acordos de confidencialidade muito rígidos. Desta vez, nem sequer a imprensa teve direito a leitura prévia, sendo essa primazia concedida “aos leitores que fizeram o sucesso da personagem e do seu universo”.
Apesar disso, está confirmado que desta vez Astérix e Obélix ficarão confinados à sua Gália natal, mantendo a tradição de intercalar uma aventura ‘caseira’ com uma grande viagem, como foi o caso da ida à Caledónia (Escócia) no álbum anterior.
Sabe-se igualmente que a intriga gira em torno de um papiro relacionado com A Guerra das Gálias, o livro (realmente) escrito por Júlio César, mantendo-se assim a base histórica da série, e da tentativa de manter em segredo um erro nele incluído: a afirmação de que César conquistou toda a Gália. E, claro, que haverá confrontos com piratas e romanos, como não poderia deixar de ser.
O 36.º álbum das aventuras de Astérix e Obélix tem uma tiragem inicial de 4 milhões de álbuns, metade dos quais destinados ao mercado de língua francesa, e o português é uma das 20 línguas diferentes em que ele está disponível a partir de hoje, tendo algumas livrarias aberto à meia-noite para atender os fãs mais impacientes!
Em França, o álbum está disponível em três versões diferentes: a tradicional, por 9,95 € ; um álbum de luxo, com fac-simile e desenhos inéditos, tiragem de 12 mil exemplares, vendido por 35,00 € ; um estojo, com o álbum, croquis e o guião (112 p.), com uma tiragem limitada de 1500 exemplares, numerados e assinados pelos autores, que custará 199,95 €.

Novas personagens
O núcleo duro dos protagonistas das aventuras de Astérix está definido particamente desde a sua estreia, em Outubro de 1959 e é constituído por Astérix, Obélix, o druida Panoramix, o chefe Matasétix, o bardo Cacofonix e mais um punhado de gauleses (e gaulesas). Faltava apenas Ideiafix, o cão de Obélix, que foi adoptado aquando de A Volta à Gália, em 1965.
Para além destes, Júlio César, para sua grande dor de cabeça, é a única personagem recorrente ao longo dos álbuns, embora outras façam várias aparições, como acontece com a rainha Cleópatra e o seu belo nariz.
Em O Papiro de César, Ferri e Conrad introduzem oito novas personagens, mas apenas duas assumem importância decisiva no desfecho da história.
O primeiro é Bónus Vendetudus, conselheiro de César, que desempenha o papel de principal vilão na narrativa e cujo visual foi inspirado em Jacques Séguéla, o célebre publicitário francês.
Quanto a Gerapolémix, inspirado em Julian Assange (e que esteve para se chamar Wikilix), tenta revelar a mentira existente em A Guerra das Gálias.
Se os voltaremos a encontrar ou não, é algo que para já está no segredo dos deuses.

Versão em mirandês
O novo álbum terá um triplo lançamento no nosso país, pois estará disponível nas versões portuguesa e mirandesa, em que se intitula L Papiro de César, e também numa edição pop-up.
Em relação à versão em mirandês, não é a primeira vez que isto acontece, pois outros dois álbuns já tiveram edição neste idioma: Astérix L Gaulês (Astérix o gaulês, o álbum inicial da série) e L Galaton (O Grande Fosso, o primeiro que Uderzo assinou a solo).
No total, as aventuras do pequeno guerreiro gaulês, já foram traduzidas em 111 idiomas e dialectos.

Efeito Astérix
Para além de afastar – no mercado francófono em especial - para datas mais oportunas o lançamento de outros livros, para fugirem à sombra do mediatismo do novo Astérix, o novo álbum fez reacender o interesse pelo universo criado por Goscinny e Uderzo.


(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 22 de Outubro de 2015)

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