23/03/2016

Colecção Banda Desenhada com a Visão


A Colecção

24/03/2016
Falcão #577
Major Alvega: Os rivais
Data original de publicação: 17/08/1971
Características originais: 130 x 180 mm, 64 p., pb

31/03/2016
Mundo de Aventuras (II série) #32
Mandrake: O Mundo da Droga
Devil Doone: Uma Rapariga em Apuros
Rolando Garros: Um Ás da Aviação
Data original de publicação: 09/05/1974
Características originais: 210 x 280 mm, 32 p., pb

07/04/2016
Jornal do Cuto #125
Fantasma: Missão em Ivory-Lana
Big Ben Bolt: O Caso do Agente Duplo
Flash Gordon: O Planeta da Morte e Planetas em Guerra
Pik
Barney Google & Snuffy Smith
Henry
Educando o Papá...
(Histórias em continuação)
Tarzan: A Sacerdotisa dos Ho-dons (16/24)
Príncipe Valente (16/58)
O Tesouro de Black Bartlemy (11/18)
Anita Diminuta: Falta de Cabelo (5/5)
Data original de publicação: 24/12/1975
Características originais: 190 x 270 mm, 32 p., pb

14/04/2016
Cavaleiro Andante #510
Robert-Houdin 
(Histórias em continuação)
Jean Valhardi: O Sol Negro (1/14)
Astérix: O Guerreiro Gaulês (1/16) 
Tony & Mimi: Alarme em Hollywood (32/33)
Lili, Lalá & Lelé: Lili, Hospedeira do Ar (16/16)
O Agressor Desconhecido (16/16)
Blake & Mortimer: A Armadilha Diabólica (7/31)
Data original de publicação: 07/10/1961
Características originais: 210 x 295 mm, 20 p., pb

21/04/2016
Galo #3
Fantasma: Missão em Ivory-Lana
Big Ben Bolt: O Caso do Agente Duplo
Data original de publicação: 01/1978 (?)
Características originais: 185 x 265 mm, 32 p., pb

28/04/2016
Mosquito #1 (IV série)
O Anão Diabólico
Data original de publicação: 31712/1975
Características originais: 170 x 240 mm, 12 p., pb

Algumas notas
1. Confesso que o anúncio desta colecção –com uma boa campanha de divulgação – na TV, em outdoors… - me dividiu.
2. Por um lado, achei a ideia interessante e com algum potencial – mesmo que os seus objectivos não possam ir mais longe do que a nostalgia e/ou a curiosidade.
[3. A tentativa de esclarecimento de algumas questões, feita junto do Clube Português de Danda Desenhada não teve, até ao momento de publicação deste texto resposta útil que me esclarecesse e também aos leitores deste blog.]
4. É, nitidamente, uma colecção de espírito saudosista, vocacionada para quem nos anos 60 e 70 lia revistas portuguesas de banda desenhada. O que em si, nada tem de mal, mesmo que pessoalmente me pareça que o seu público-alvo seja reduzido.
5. Porque, para os leitores de hoje, revistas mal impressas, mal legendadas e com cortes nítidos nas bandas desenhadas publicadas pouco ou nenhum interesse tem.
6. Por outro lado, a fraca qualidade dos textos de apresentação da colecção e das revistas – com erros, incoerências e divagações desnecessárias - deixou-me algo receoso.
7. Mas, o problema começa verdadeiramente quando olhámos para a selecção feita.
8. Títulos incontornáveis da História da BD em Portugal, como Mundo de Aventuras, Jornal do Cuto e Cavaleiro Andante, são escolhas óbvias, acertadas. Falcão, representante da BD popular, aceito. Mas Galo (que teve apenas 6 obscuros números) e o Mosquito da IV série (que teve apenas este número!) porque carga de água aqui estão?
9. Depois, faria sentido – faria muito sentido, até numa colecção mais alargada – oferecer fac-similes do número inaugural de cada revista. Mas, veja-se bem, o que temos aqui são os números 577, 32, 125, 510, 3 e 1! Porquê? Porque totalizam 1248? Porque são 3 pares e 3 ímpares? Porque eram os que estavam no topo do monte quando foi preciso pegar neles para os reproduzir?
10. E qual a norma temporal seguida? O Cavaleiro Andante é de 1961. As restantes foram editadas originalmente em 1971, 1974, 1975 (duas) e 1978. Qual a sua representatividade? Foi o critério do ‘topo do monte’ a imperar de novo?
11. Mas há mais. Numa colecção deste género, que sentido faz incluir duas revistas – Jornal do Cuto e Cavaleiro Andante – com histórias em continuação?
12. E, se era para fazer ‘uma viagem pela época áurea dos super-heróis (sic!) da Banda Desenhada’, que sentido faz incluir no lote O Anão Diabólico (no Mosquito)? Ou uma história de Mandrake protagonizada maioritariamente por… Lotário (no Mundo de Aventuras)?!
Falcão #577: o original e a oferta da Visão
13. A publicação do primeiro número – já disponível hoje – dividiu-me novamente.
14. Em vez do fac-simile exacto do Falcão #577 original, optou-se pela sua (boa!) reprodução nuns generosos 190 x 260 mm (em comparação com os 130 x 180 originais), ganhando-se em legibilidade o que se perdeu em fidelidade.
[15. E suponho que as restantes revistas seguirão o mesmo tamanho, uniformizando – enganadoramente…? – o que era diferente há 45, 50 anos.]
16. Boas iniciativas são preciosas – e tem havido bastantes – e o actual momento editorial português prova-o.
17. Iniciativas mal preparadas – mesmo que com bons propósitos… - podem ser prejudiciais, criar anticorpos e fechar portas (que agora se abriram)…
18. Confesso que não sei bem onde deva encaixar esta colecção…

(Imagens recolhidas no site da Visão e na base de dados BDPortugal, onde recolhi também as informações sobre as edições originais das revistas que vão ser agora oferecidas)

25 comentários:

  1. Obrigado Pedro Cleto por toda a informação.
    Estive para te contactar para saber mais, mas acabaste por me dizer tudo!
    Também fiquei de pé atrás mas lá comprei o primeiro número.
    Vou falar dele no meu blogue, como não podia deixar de ser mas também fiquei receoso e perplexo com as escolhas dos números e dos títulos.
    Veremos nos próximos números as reacções dos leitores em geral, mas acho que foi como disseste...a iniciativa é excelente mas pobre a escolha!

    Abraços

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    1. É o serviço público de As Leituras do Pedro sempre a funcionar Nuno! ;)
      Boas leituras!

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  2. Saudações,

    Por enquanto, sai já 5 estrelas pelo formato e (se no caso desta edição,ser uma cópia do exemplar original da Falcão) um bom trabalho de restauro...
    Quanto à disparidade da escolha dos exemplares desta colecção, o responsável deve ter encontrado os que estavam em melhores condições para este trabalho... ;-) :-)

    Quanto aos saudosistas, é uma boa oportunidade para conversar com os filhos e netos sobre uma importante parte integrante da sua infancia / adolescencia...

    Para o saudosista coleccionador, é um mero exemplar "curioso"... (estes "mereceriam" uns extras: História; a história (quem a desenhou ? um britânico? um espanhol? um italiano?... ) ;...

    Serve para "puxar" novos leitores?NÃO.Serve para tema de conversa?Sim. É História?Sim.É colecção de qualidade?...Estou para ver como vai sair a cópia do Mundo de Aventuras, tamanho GIGANTE...

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    1. Bom trabalho de restauro? Nem tanto. O que parece efeito da transparência, resulta dum deficiente tratamento da reprodução do original, esse sim transparente (como o machado Dias mostrou aqui: http://kuentro.blogspot.pt/2016/03/banda-desenhada-para-terceira-idade-com.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+Kuentro2+(Kuentro+2))...
      Para fazer História, deviam ter sido escolhidos outros títulos. Alguns destes são História 'muito pequena'.
      Quanto ao Mundo de Aventuras (e o Jornal do Cuto) suponho que sairão no mesmo formato do Falcão - e da Visão - logo, mais pequenos - e menos legíveis... - que os originais.
      Mas que a colecção despertou alguma discussão, é verdade e positivo.
      Tenho pena que o investimento feito - nas edições, na publicidade - não tenha sido melhor empregue...
      Boas leituras!

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    2. Realmente,ontem nem tinha dado muito atenção aos "tons cinzentos" e mais à nitidez do desenho... Agora que comecei a ler é que notei que quanto ao restauro...nunca teve(!)...são só fotocópias digitais (até eu faria melhor!)!
      Se as outras edições seguem os mesmos parâmetros desta, demonstra uma imensa falta de brio, equivalente a um desrespeito aos leitores de BD!
      O irritante é que com as actuais ferramentas disponíveis para restauro, o esforço é mínimo!!
      Enfim..-

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    3. Realmente,ontem nem tinha dado muito atenção aos "tons cinzentos" e mais à nitidez do desenho... Agora que comecei a ler é que notei que quanto ao restauro...nunca teve(!)...são só fotocópias digitais (até eu faria melhor!)!
      Se as outras edições seguem os mesmos parâmetros desta, demonstra uma imensa falta de brio, equivalente a um desrespeito aos leitores de BD!
      O irritante é que com as actuais ferramentas disponíveis para restauro, o esforço é mínimo!!
      Enfim..-

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  3. Leónidas23/3/16 19:43

    "Confesso que não sei bem onde deva encaixar esta colecção"

    ---Simples: é deixá-la no quiosque.

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  4. Paulo Pereira23/3/16 21:15

    Boas noite a todos. Para quem como eu cresceu numa casa recheada de bd, com um pai entusiasta, nem imaginam como é agradava ver sempre mais uma colecção nos escaparates, nem que sejam reproduções de antigas colecções. Com este meus 51 anos, comecei o dia de hoje a correr para um quiosque para comprar a Visão. Com receio que esgotasse? Talvez, eu sei lá. O que é facto, é que estou a recordar uma extraordinária infância e a procurar nas minhas colecções o numero original. Isto parece uma loucura... é capaz, mas o que importa. Que Viva a BD.

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    1. Se houver muitos leitores assim, a colecção será um sucesso!
      Também tenho 51 anos, o meu pai também alimentou o meu gosto pela BD, também corri em tempos quiosques e, depois, alfarrabistas, mas esta colecção, nos moldes propostos, não me puxa...
      Boas leituras!

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    2. Paulo Pereira24/3/16 18:01

      Pedro Cleto, compreendo e aceito as reservas colocadas por muitos em relação a esta iniciativa, talvez o meu entusiamo por BD me cegue um pouco. E é na diversidade de opiniões que se avança.Sempre. Boa Páscoa com saúde e muita BD.

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  5. Bem eu quando essa revistas andavam a circular ainda nao era nascido,logo só se for pela curiosidade se bem que acho bem anacrónico esse lançamento nostálgico.
    Agora tenho serias duvidas que tenha procura pela minha geração e mais novas.

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    1. A colecção não é para a tua geração, Optimus. Para os da tua idade, não passará de uma curiosidade... E nesse caso parece-me que o exemplar idal, para avaliar as (muitas) diferenças será o Cavaleiro Andante.
      Boas leituras!

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  6. Subscrevo de bom grado algumas das críticas do Pedro Cleto, nomeadamente quanto à selecção dos títulos desta colectânea, que deixa muito a desejar por falta de critério, misturando revistas importantes com outras que não fizeram história. O mais grave, quanto a mim, é terem querido incluir também "O Mosquito", através da sua série menos representativa, com um único número publicado. Até podia ser um número com um conteúdo interessante, como é o de "O Falcão", por exemplo, mas nem sequer isso...
    A ideia de aumentar o formato da revista "O Falcão" não foi má de todo, mas a qualidade do papel, demasiado transparente, estraga as boas intenções. Quanto ao impacto desta colecção junto do público em geral, a ver vamos... Os mais nostálgicos apreciarão certamente a iniciativa, os mais novos desinteressar-se-ão, talvez, ou poderão comprar um ou outro título, por mera curiosidade. De qualquer forma, deve haver também um nicho de mercado para este tipo de edições, mas apresentadas de forma mais cuidada e com as devidas anotações críticas. A história da BD em Portugal e noutros países também se fez com revistas de índole popular, que ajudaram a fomentar o gosto de muitas gerações pela leitura e pelos quadradinhos. E a "Visão" poderia ser um bom veículo para a dar a conhecer...
    JM

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    1. Caro Jorge,
      Segundo o Geraldes Lino (http://divulgandobd.blogspot.pt/2016/03/uma-visao-retrospectiva-com-antigas.html), a selecção dos títulos foi da responsabilidade da Visão (o que não isenta o CPBD de responsabilidades no aconselhamento e explicações que deveria ter dado).
      Nicho para esta colecção, acredito que exista, resta saber se a sua dimensão justifica o investimento feito.
      Que ela merecia outros moldes, com um enquadramento histórico e fichas completas de cada publicação, não tenho dúvidas, assim como não tenho dúvidas da importância da BD popular para formar leitores - e até permitir a edição de obras mais exigentes.
      Parece-me que foi um tiro na água...
      Boas leituras!

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    2. Estive a ler o Falcão e constatei mais um lapso (...): a edição da Visão não contém qualquer referência ao facto de se tratar de uma reprodução de uma revista de há 40 e tal anos... daqui a uns anos, vamos vê-las à venda como edições originais...
      Boas leituras!

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  7. Reignfire24/3/16 11:32

    Esta iniciativa vou passar.

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    1. Percebo-te Reignfire. Como disso acima ao Optimus, para a vossa geração, esta edição não passará de mera curiosidade.
      Boas leituras!

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  8. Curioso que por mero acaso li um almanaque Tintim e estou a ler uma revista Chico Zumba com histórias do Flash Gordon, e gostava muito da revista Condor.
    Vejo esta iniciativa com muito bom grado, e esta colecção vai fazer parte da minha biblioteca como exemplares integrantes da história da BD em Portugal.
    Subscrevo, por outro lado, algumas das críticas do Pedro Cleto, sobretudo em relação ao critério na selecção de títulos e números. Mas de qualquer maneira parabéns pela ideia.

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    1. Homem do Leme,
      Ando a ler/reler a II série do Mundo de Aventuras, que completei há pouco, e com alguma frequência pego em edições de há algumas décadas.
      Mas os diversos problemas que já apontei a esta iniciativa, a mim parecem demasiados...
      Boas leituras!

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  9. Carissimos, com sinceridade vos digo, que para ter estes titulos (4 dos quais já possuo) vou ali à rua das Flores ou á rua do Bonjardim (Porto) e compro os originais, usados verdade, mas sempre são originais.

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    1. Era exactamente o que ia dizer. Numa colecção sem critério, a verdade é que qualquer uma destas revistas se compra por tuta e meia num qualquer alfarrabista. Não que o preço aqui destas reedições seja exagerado, mas estão de qualquer forma amplamente disponíveis para quem quisesse descobrir ou redescobrir.

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    2. Caros Anónimo e Ramiro,
      É sempre mais fácil quando as coisas - neste caso revistas antigas de BD - nos entram pela casa dentro ou estão disponíveis em bancas e quiosques.
      Mas, na verdade, esta edição deveria ter sido para bastante mais do que isso...
      Boas leituras!

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  10. Existem muitas razões "objectivas" para criticar esta iniciativa, e
    passo a enumerar algumas. Devem obviamente tomar tudo o que digo com
    um bom "grão de sal", já que sou parte interessada, sendo coordenador
    da área de BD da Levoir para os projectos com o Público, e responsável
    por outros projectos editoriais de BD. Fica também explicitamente dito
    que não tenho nada contra a edição de revistas facsimile desta ou de
    outras épocas, e que todas as iniciativas de BD são boas, por mim; não
    sou leitor de Petzi, por exemplo, mas nunca teria criticado a pequena
    colecção que saiu no Público, etc...

    Dito isto, há coisas que ofendem um meu brio profissional (por um
    lado), e o meu interesse como fã (por outro).

    Esta edição é totalmente desleixada, e nem estou a falar das óbvias
    falhas a nível gráfico. Que sentido faz reproduzir aquela página
    final, que poderia perfeitamente ter sido substituida por um artigo
    que a contextualizasse? Algo sobre os criadores do Battler Britton e
    as revistas em que ele foi publicada, ou algo mais interessante, sobre
    as razões da adaptação dos nomes de personagens para português? Não
    havia NINGUÉM no Clube para escrever isso? 2000 caracteres que
    servissem para um leitor desprevenido poder entender o que aquilo é? E
    na própria revista, um texto que explicasse as escolhas que tinham
    sido feitas e a ideia que presidiu a esta pequena colecção?

    E porquê estes números e estas revistas (em escolhas que de algum modo
    até nem jogam bem juntas) e não outros? Eram estes que existiam em
    qualidade para serem (mal) scanadas (e com as imagens não tratadas)?
    Não me parece. Gosto do formato, acho que beneficia a colecção (embora
    não favoreça especialmente esta história/desenhador, que vê algumas
    das limitações do seu desenho algo expostas), mas desde logo faz com
    que não seja um "facsimile" e portanto, torna impossível de justificar
    a não-eliminação de matérias acessórias e irrelevantes, e a sua
    não-substituição por algum conteúdo editorial que favorecesse a
    edição.

    Mas também me incomoda (e muito) o completo ignorar das mais básicas
    regras da edição no que diz respeito aos direitos. Não há menção aos
    copyrights, quem detém os direitos, quem negociou/autorizou a edição,
    e confesso que me sobra a sensação de que a edição é algo pirata, e
    que por isso mesmo não faz referencia sequer a quem edita.

    esta colecção, assim totalmente desenquadrada de tudo, sem textos de
    apoio, sem o mínimo respeito pelas obras, parece-me que pode fazer
    mais mal que bem e afastar alguns leitores, por exemplo, de alguma vez
    quererem experimentar outros generos de BD.

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    Respostas
    1. José de Freitas,
      Obrigado pelo 'complemento crítico' do ponto de vista (bem conhecedor) profissional e editorial ao que eu tinha escrito acima.
      Boas leituras... e melhores edições!

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