Rio #1: Dieu pour tous

Com o Brasil no centro (de muitas) das atenções com o aproximar dos Jogos Olímpicos e pela actual situação política, este álbum bem pode ser um retrato – realista… - daquele país. Pelas piores razões.

Ambientado no Rio De Janeiro – de onde é natural e onde viveu até à idade adulta a argumentista Louise Garcia - ou mais especificamente nas favelas que a rodeiam – e nas zonas ricas que lhe servem de contraste - esta história mostra um cenário de pobreza, violência e desprezo pela vida e a dura escola – de crime e abuso - que marca muitas crianças.

Os protagonistas são Rubens e Nina, duas crianças de 10/12 e 5/6 anos, tornadas órfãos por um polícia corrupto e membro dos famigerados e tristemente célebres esquadrões da morte, que assassinou a mãe deles – e sua amante.

A luta pela sobrevivência – fugindo da polícia, procurando a (falsa) segurança de um bando de outros desprotegidos da sorte e roubando para comer - passa a marcar o quotidiano dos dois irmãos, a quem a sorte – parcial e fugazmente - parece querer bafejar quando surge um casal rico interessado em adoptar (apenas) Nina.

O traço dinâmico e expressivo, com alguns enquadramentos bastante bem conseguidos – veja-se a belíssima página de guarda - tem uma matriz fortemente realista ‘herdada’ pelo desenhador Corentin Rouge do seu pai, Michel Rouge, um mestre do género.

Se ainda faltam mais três tomos – que deverão estar publicados até 2018 – para concluir Rio, este Dieu pour tous, bem escrito e com as quantidades adequadas de emoção, razão e acção, tem tudo para despertar o interesse do leitor e deixá-lo com vontade de conhecer o resto da história, que – aparentemente - ainda tem subjacente ao seu desenrolar uma intervenção sobrenatural (?) que apela a crenças e magia negra que estão comummente ligadas à cultura brasileira.

Rio #1 – Dieu pour tous

Louise Garcia (argumento) e Corentin Rouge (desenho)

Glénat - França, 20 de Abril de 2016

240 x 320 mm, 64 p., cor, capa dura

EAN/ISBN : 9782344005798

14,95 €

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