29/11/2016

Druuna: As origens







Por razões que parecem facilmente explicáveis – mas que falham redondamente quando aplicadas a obras similares… - nos anos 1980/90, no boom dos álbuns franco-belgas no nosso país, houve séries e/ou autores que caíram no gosto dos portugueses.
Druuna, de Paolo Eleuterio Serpieri terá sido uma delas.

Ou não porque, ao contrário de, por exemplo, Prado, Bourgeon, Bilal, Guardiões de Maser ou Manara (com quem tinha muitos pontos de contacto) apenas teve dois álbuns editados em Portugal. E se o êxito de uns parece facilmente explicável pela qualidade dos argumentos e/ou desenhos, as explicações parecem falhar quando se tenta transpô-las para obras equiparáveis, mesmo que as edições nacionais desaparecessem rapidamente do mercado... E todos somos capazes de citar de memória séries muito apetecíveis que ficaram inacabadas...
No caso de Druuna, as razões para um previsível sucesso pareciam óbvias: um desenho realista de qualidade, uma protagonista de formas generosas geralmente pouco (ou nada) cobertas, narrativas na fronteira entre o erótico e o pornográfico, experiências científicas, mutações genéticas, religiosidade pagã, num futuro indefinido e aberto a muitas interpretações.
Agora, Druuna regressa pela mão da Arte de Autor que, após duas (aconselháveis) incursões na produção espanhola – Eu, Assassino e Como viaja a água - , na sua tripla aposta de fim de ano parece estar de regresso aquela que é – é? - a sua área de eleição: a banda desenhada franco-belga. Aposta (ainda mais) justificável – se tal fosse necessário – pelas poucas edições com esta origem que há actualmente no nosso país.
Por isso, o regresso de Druuna, com uma história de 2016, sem palavras mas com tudo para agradar aos fãs da protagonista, na qual Serpieri, de forma intrigante, narra (um)a origem da heroína, parece – apesar dos 20 anos passados… - uma aposta consistente e relativamente segura - se é que existem apostas seguras na edição. Algo que é necessário num mercado que está em expansão e em que as ofertas diversificadas de qualidade se têm multiplicado a um ritmo assinalável o que já leva alguns a questionar até quando haverá capacidade para as absorver...
Uma nota final para referir que o álbum inclui, para além de diversos esboços preparatórios e desenhos de Serpieri, a BD curta Talvez…, de 1981, que de alguma forma prefigura uma antevisão da futura Druuna.

Druuna: As origens
Serpieri
Arte de Autor
Portugal, Outubro de 2016
210 x 285 mm, 96 p., cor, capa dura
ISBN: 978-989-99674-0-3
16,50€

(clicar nas palavras ou expressões a cor diferente pra saber mais sobre elas; imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)

2 comentários:

  1. gostaria de saber se está previsto serem editados os outros volumes desta colecção.

    ResponderEliminar
  2. "Li" isto (é o nome que me vem à cabeça para aplicar ao livro), aqui à dias. E....

    Parece-me que terei de reler a série de forma a ver se este Anima faz algum sentido.

    Tirando a beleza do desenho, não percebi boi da coisa....

    ResponderEliminar