Parker #2: A organização

Pouco mais de um ano depois de O Caçador, Parker está de volta em português (na sua versão aos quadradinhos), expondo a atracção do policial – mesmo quando a ordem natural é subvertida e o protagonista é um assaltante – e a excelência do trabalho gráfico de Darwin Cooke.

A Organização começa cerca de dois anos depois do relato anterior. Parker vive (bem) dos rendimentos que os seus golpes vão proporcionando e a Organização deixou-o em paz. Até agora, quando um assassino contratado irrompe pelo seu quarto de hotel com o intuito de cumprir o seu mais recente contrato. Intuito, porque acabar com Parker é bem mais fácil de dizer do que de fazer. Como ele comprovará, da pior maneira.

Esse é o gatilho que leva Parker a arquitectar um elaborado plano que passa pelo ataque a diversas fontes de rendimento da Organização e só poderá terminar com o encerrar definitivo das questões que com ela tem pendentes ou… com a sua morte.

O tom narrativo é frio, directo, desapegado, desprovido de emoções e sentimentos, tal como o próprio Parker. Apesar disso, os estratagemas expostos, o risco inerente a todas as acções, o suspense que cada uma delas cria, o elemento surpresa a elas associado e a curiosidade das detalhadas descrições (intermédias) de vários dos negócios ilícitos da Organização tornam aliciante o relato que é pontuado com muito humor negro.

O estilo gráfico adoptado por Cooke, com pouco recurso a linhas, sejam elas delimitadoras das vinhetas, das personagens ou dos cenários onde a acção se desenrola, assente antes num belo jogo de manchas contrastantes de branco e negro e, essencialmente, de cinzentos aguados, é mais um ponto a favor de uma obra que se lê de um fôlego e com inegável prazer e um ligeiro sabor de transgressão.

Parker: A Organização

Colecção Biblioteca de Alice

Baseado na obra de Donald Edwin Westlake 

Darwyn Cooke

Devir, Portugal, Outubro de 2016

150 x 230 mm, 152 p., pb e cinza, capa dura

ISBN: 978-989-559-299-9

EAN: 9789895592999

19,99 €

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