As Leituras do Pedro: James Bond: Vargr

Escreve Cels Piñol na (curta) introdução a este livro que “os comics de James Bond, ainda que pouco conhecidos, estiveram sempre connosco desde os anos 70 do século passado, ou seja, desde o nascimento da franquia cinematográfica de 007 (…) em formato de tira diária, em adaptações dos filmes ou em séries limitadas (…)”.

Esta é mais uma nova vida aos quadradinhos do mais conhecido agente secreto.

A responsabilidade deste regresso é da Dynamite que, à custa da adaptação de franquias de sucesso do cinema e da TV, tem conseguido subir nos tops de vendas de BD nos Estados Unidos de forma assinalável.

Para este regresso de 007, a editora recorreu a um dos mais conceituados argumentistas dos comics, Warren Ellis, que pegou nas habituais premissas – espionagem, acção, forma de estar e belas mulheres (poucas e púdicas, na verdade) – acrescentou alguns toques pessoais (originais) – M e Moneypenny são negros… - e fez jus aos seus créditos, construindo um relato tenso, contido, de suspense e violento q.b., em que Bond assume um caso de tráfico de drogas herdado de um companheiro morto em acção, acabando por descobrir que é apenas o pico visível de uma conspiração de grandes proporções.

É uma narrativa visual, ‘cinematográfica’ em termos de planificação, com sucessivas mudanças de enquadramento, muitas vezes muda, e que merecia um desenhador mais dinâmico do que Jason Masters, cujo traço revela problemas ao nível dos rostos, algum estatismo e estar demasiado preso às referências fotográficas que lhe serviram de base, o que faz com que este Vargr, que podia ser uma obra muito aconselhável, deixe no final da leitura deixa um sabor algo amargo e a sensação de que Bond aos quadradinhos, apesar do seu potencial, vai continuar a ser "pouco conhecido...".