13/01/2017

Blood Red Lake

Apenas uma anedota








Começa como viagem iniciática de adolescentes, passa a thriller de terror e acaba com(o) uma anedota.

Vamos por partes (com cuidado, porque pode haver spoilers, mas não mais do que na contracapa do livro…)
Blood Red Lake, mais um título da colecção Flesh & Bones, começa com a partida de Danny e Nathan, finalistas do liceu – hoje em dia há finalistas para tudo… - para um fim-de-semana que promete ser inesquecível: vão à mega-festa do ano e vão percorrer 1300 quilómetros na companhia de Jenny, a miúda mais vistosa e desejada da escola, e da sua amiga Molly.
Todos os sonhos são admissíveis, todas as esperanças são permitidas.
Depois de um início de alguma tensão, vão-se estabelecendo relações amigáveis, até que uma paragem numa estação de serviço vai desencadear um incidente com um (eventual?) voyeur e uma confrontação com ele por parte da rapariga visada.
Quando os quatro jovens partem, ele vai no seu encalço, numa perseguição automóvel que terminará de forma abrupta mas inesperada.
Aliás, a partir desse momento, os ‘momentos inesperados’ vão multiplicar-se, com o leitor a assistir a sucessivas mudanças de orientação no relato, que será copiosamente regado com violência, sangue e (algum) sexo, porque entretanto a história vai assumir contornos de possessão por parasitas, com uma curiosa forma de propagação.
Bem estruturado, com situações (reconhecíveis mas) capazes (também por isso mesmo) de prender o leitor, o argumento do veterano Christopher Bec atenua as limitações iniciais do desenhador brasileiro Renato Arlem, ao nível da anatomia humana, que ostenta uma progressão assinalável ao longo do volume.
O problema é que à medida que a infecção progride e assume proporções cada vez maiores e as páginas para o final – do one-shot… - começam a escassear, o leitor começa a interrogar-se como é que Bec – que vai apresentando e abandonando sucessivas ideias (que poderiam ser)  interessantes -  vai resolver o imbróglio que criou, surgindo então o tal desfecho que parece querer reduzir este Blood Red Lake a pouco mais do que um longo intróito para contar apenas uma anedota…

Blood Red Lake
Christopher Bec (argumento)
Renato Arlem (desenho)
Glénat
França, Novembro de 2016
166 x 247 mm, 128 p., pb e cinza, capa mole com badanas
14,95 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

3 comentários:

  1. Pedro,os livros desta colecção estão disponíveis por cá em livraria?

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    1. Por encomenda sim, Digital Desesperado; de outra forma acho difícil.
      Boas leituras!

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    2. Obrigado pela resposta, e um bom 2017.

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