04/04/2017

Spidey #1: Primer Dia

O bom, velho Spiderman




O infindável recomeço das origens dos heróis da Marvel – e também da DC… – pode obedecer a diversos desideratos: a colagem a um filme prestes a estrear, a sua actualização no tempo para se adaptar a novas gerações, um reboot do universo, um regresso após a morte…
No caso de Spidey a intenção era recuperar o espírito juvenil adolescente da criação original, adaptado aos dias de hoje.
Por isso nele (re)encontramos Peter Parker de volta à escola (de onde na verdade aqui nunca saiu), ainda atormentado por Flash Thompson, nas primeiras (tímidas e insípidas) aproximações a Gwen Stacy. Um Peter Parker já mordido por uma aranha radioactiva, às voltas com os primeiros – e ainda lineares – vilões, nas suas primeiras versões: Dr. Octopus, Homem-Areia, Duende Verde, Lagarto, Abutre…
Um Peter Parker dividido entre os estudos, a procura de um trabalho para ajudar a Tia May a pagar as contas, a vender as primeiras fotos ao Daily Bugle, na sua faceta de Homem-Aranha que lhe toma cada vez mais tempo.
Um Peter Parker protagonista de histórias simples, lineares, que não obrigam ao conhecimento de décadas de saga e recomeços, para mais recheadas de acção e humor.
Histórias contadas por Robbie Thompson sempre de forma diferente, entrando directamente na acção ou com preâmbulos de diferente extensão, começando (quase) no final, ou fazendo vários rodeios até lá chegar.
Primer Dia, que compila os comics #1 a #6 da versão EUA, apresenta uma característica que muitos leitores abominam e outros tantos questionam: desenhadores diferentes, mais a mais com estilos gráficos se não opostos, pelo menos completamente díspares.
O inicial, de Nick Bradshaw, muito pormenorizado, a obrigar a leitura atenta, mas também feito de planos generosos e de uma planificação muito dinâmica, com diversas splash pages, que frequentemente ultrapassa os limites que as vinhetas deviam impor, e a sequência, assinada pelo português André Lima Araújo, mais limpo e contido, mais ‘europeu’ (atrevo-me a escrever), de leitura mais directa e próximo de uma divisão das pranchas tradicional, mas com as vinhetas a conduzirem o leitor ao ritmo e na sequência que ele estabeleceu.
Ambos eficazes, ambos apelativos, um e outro certamente com diferentes apreciadores, ambos contribuindo decisivamente para este regresso às origens do bem, velho Spiderman de que todos gosta(va)m e recordam.

Spidey #1: Primer día
Colecção 100% Marvel HC
Inclui Spidey #1 a #6 (EUA, 2016)
Robbie Thompson (argumento)
Nick Bradshaw e André Lima Araújo (desenho)
Panini Comics
Espanha, Março de 2017
ISBN: 9788490949030

175 x 265 mm, 144 p. cor, capa dura

15,00 €

(imagens da edição original norte-americana; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

2 comentários:

  1. A questão de desenhadores diferentes foi algo que me irritou sobremaneira no StarWars da Planeta Agostini...
    Já disse várias vezes que não sou seguidor de comics (no sentido de bd made in america), pelo que não estava habituado
    E simplesmente odiei isso

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    1. Nos comics e normal e o exemplo Star Wars nem e dos melhores a troca mal se nota,e muito pior se compares com este exemplo ou por exemplo o recente Suicide Squad rebirth,e uma coisa comum em comics,etc

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