06/12/2017

Nonnonba

A infância, a avó, os deuses…







Felizes aqueles que têm /tiveram uma avó (ou um avô) com quem puderam privar, partilhar, aprender, conviver…
Eu tive, Shigeru Mizuki também.

Nonnomba, segundo tomo da colecção tsuru que a Devir dedicou ao manga clássico japonês, conta-nos como era a vida numa pequena aldeia nipónica na década de 1930, com as crianças divididas entre a escola, a descoberta do mundo, as brincadeiras e as lutas entre si.
E conta também, a relação que se estabeleceu entre o protagonista, alter-ego do autor, e a Nonnonba, uma senhora de idade que vivia de rezar pelos outros e ajudá-los a troco de tecto, comida e pouco mais.
Foi ela, que introduziu o autor no mundo dos yokai (entidades misteriosas e sobrenaturais da tradição medieval japonesa) que seriam omnipresentes ao longo a sua obra e se tornariam uma das suas marcas distintivas.
Combinando o quotidiano, difícil e cansativo mas também maravilhoso e sempre novo - como só as crianças e os adolescentes conseguem fazer – com a cultura tradicional e as muitas entidades que auxiliam, prejudicam ou apenas convivem com os seres humanos, Shigeru Mizuki cria uma obra extensa, mas extremamente acessível e até apaixonante, mostrando-nos uma realidade que quase já não existe e retratando uma relação de proximidade que os nossos tempos tendem cada vez mais a fazer desaparecer.
O maravilhamento da infância, a um tempo ingénua, má e de descoberta, os tempos duros vividos, a falta de humanidade umas vezes, a dádiva pelos outros, noutras, cruzam-se e sobrepõem-se  numa obra de memória, homenagem e também de catarse, e fazem de Nonnomba um dos livros incontornáveis de um ano extremamente rico e diversificado em termos de edição de BD no nosso país.

Nonnonba
Shigeru Mizuki
Devir
Portugal, Novembro de 2017
170 x 240 mm, 424 p., pb. Capa mole com badanas
ISBN: 978-989-559-401-6
24,99 €


(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

2 comentários:

  1. Ora aqui está uma boa edição.
    Eu tenho o livro em inglês (aliás tenho uma prateleira de 60cm cheia só com livros do Mizuki).
    Mas tenho visto em todo o lado que este livro da Devir tinha 244 páginas, e pensava que era apenas uma meia edição, já que o original tem 424 páginas. Agora o Pedro reporta 424, pelo que talvez o 244 fosse apenas um erro? Alguem consegue confirmar o número real, 244 ou 424 desta edição da Devir?

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  2. 424 páginas, bem contadas da direita para a esquerda!
    ,,, e de leitura muito aconselhável.
    Boas leituras!

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