13/11/2018

Conversas com os putos e com os pais deles

Lêndeas urbanas



Diz-se que andam por aí. Todos temos um amigo de um amigo de um amigo que as viu. Outros afirmam que o marido da filha da prima da vizinha já falou com elas.
São autênticas lêndeas urbanas e Álvaro prova (mais uma vez) que existem!
São o jovem que não sabe ver horas no relógio de ponteiros, os muitos que vivem 24 h/24h literalmente enfiados no telemóvel, os pais que os despacham para todo e qualquer lado sob o mínimo pretexto, a progenitora que valoriza mais o lazer do que o estudo (e troquem isto em miúdos para ela perceber…).
Álvaro, cronista atento, sarcástico e mordaz, fez de conta que dava explicações de Geometria Analítica - se ainda fossem de Português ou Matemática… - para os conhecer, privar com eles, comprovar que são reais, palpáveis - e inimagináveis. E transformou os momentos altos - leia-se ‘chorrilhos de asneiras proferidos’ - dessas horas em gags, pranchas ou pequenas histórias de BD.
Documento social tanto quanto publicação de humor, este Conversas com os putos e com os pais deles, se preocupa pelo retrato da ignorância e da mediocridade que reinam ao nosso redor, por outro lado, se esquecermos esse lado triste, diverte-nos, dispõe bem, provoca mesmo algumas gargalhadas, obrigando a uma leitura obsessiva pois, uma vez aberto o livro, é impossível parar de o ler, pelo absurdo, o desconhecimento, a desfaçatez ou a simples estupidez dessas lêndeas urbanas, tão bem retratadas nas suas páginas.

Conversas com os putos e com os pais deles
Álvaro
Insónia
Portugal, Setembro de 2018
170 x 240 mm, 80 p., pb, capa mole
11,00 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas imagens para as apreciar em toda a sua extensão)

11 comentários:

  1. Ambos os livros (conversas com os putos) deviam constar do plano nacional de leitura.

    ResponderEliminar
  2. Respostas
    1. Olha... não sabia :-)
      O pessoal que escolhe os livros para esse PnL devia tar bêbado nesse dia ;-)

      Eliminar
    2. Não. O PNL tem aprovado neste último ano e meio livros muito mainstream e diversos. por exemplo, os nossos (G. Floy) da última leva:

      https://www.facebook.com/GFloyPortugal/photos/a.231687946880093/1797965666918972/?type=3&theater

      Eliminar
  3. Uma questão relativa à tradução do Xerife da Babilónia: A que propósito é foi traduzido (presumo que a palavra fosse "overseas") por "ultramar"? Excluindo o Brasil, nos outros países de lingua portuguesa, "Ultramar" tem uma conotação muito diferente do "overseas" americano...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É a tradução exacta do termo, que é usado em muitas línguas (ie. o Francês "outremer"), e em inglês e num contexto militar, "overseas deployment" é exactamente isso: ultramar.

      Em Portugal tem TAMBÉM um outro significado, o de lembrar as colónias, etc... mas sempre foi usado nesse contexto militar como uma colocação fora do país "continental". É exactamente como o termo americano.

      Eliminar
    2. Em Portugal, a conotação não é "TAMBÉM"! A conotação da palavra "Ultramar" para Portugal, Angola, Moçambique, etc.. é "Guerra nas ex-colónias". Onde milhares de portugueses foram obrigados a combater devido a recrutamento obrigatório, ao contrário dos americanos que são todos voluntários e profissionais da coisa.

      Os nossos (Portugueses) actuais destacamentos militares no exterior (Bósnia ou Afeganistão por exemplo), NUNCA serão referidos como "tropas Portuguesas no Ultramar".

      Considero que para a lingua portuguesa poderia, ou mesmo deveria, ter sido traduzido para "exterior".

      Ressalvo que não pretendo entrar em "flame wars" relativos ao assunto, sendo esta simplesmente a minha opinião.

      Eliminar
    3. A expressão "overseas" sempre foi usada pelas tropas americanas quer na altura em que existia serviço militar obrigatório (ie. Vietname, p.ex.) quer actualmente, em que as forças armadas americanas são inteiramente voluntárias. E nos anos 70 não era invulgar os artigos em jornais portugueses falarem das tropas americanas colocadas no Vietname como "estando destacadas no ultramar".

      É interessante olhar para a língua espanhola: em todo o lado overseas é traduzido por "ultramar" (é, afinal, a tradução literal), para designar os soldados americanos destacados para o Vietname ou mesmo para o Iraque Como eles não têm nenhuma guerra deles que designem por "guerra do Ultramar". não sentem esse peso. Mas eu acho "exterior" pouco claro, e acho que "ultramar" (com um minúsculo) é a tradução correcta. Se ficasse exterior não me chocava, mas não prefiro.

      Devíamos chatear o Pedro para aparecer e opinar, afinal foi ele o tradutor! (e eu o revisor)

      :-)

      Eliminar
    4. Não pretendo "chatear" o Pedro :-)
      E fui procurar o nome do tradutor no livro, mas não quis indicar isso aqui na casa dele :-)
      Aliás, peço desculpa (a ele e ao Alvaro), por ter invadido o post do "Conversas" com esta minha questão.

      Eliminar
    5. Já que fui chamado, peço licença ao 'dono' do blog para responder. ;)
      Complementando o que o José Freitas disse e que subscrevo, a Infopedia, apresenta como significados de 'ultramar', entre outros, "região ou regiões que estão além-mar" e "territórios que estão muito afastados da metrópole". Que se aplicam como uma luva ao Iraque em relação aos EUA.
      Para além disso, na minha opinião, uma tradução não pode ser feita literalmente, havendo ocasiões em que há que adaptar o texto original, à realidade da nova língua, para que ele possa ser completamente entendido, sempre com um grande cuidado. Acho que este era um desses casos, em que traduzir 'overseas' por 'ultramar' acrescentava contexto e sentido à tradução. E era uma forma sucinta - o que é muito importante em BD - de mostrar ao leitor o conceito original.
      E, neste momento, já com a tradução 'esquecida', continua a fazer sentido para mim. O que, diga-se, nem sempre acontece e nem sempre a opção tomada no momento e revista, depois, por mim, pelo editor, pelo revisor... continua a parecer a melhor numa leitura/análise posterior.
      Posto isto, aceito opiniões contrárias, claro está.
      E não esqueçamos que a origem das palavras 'tradutor' e 'traidor' é a mesma...
      Boas leituras... de preferência bem traduzidas! ;)

      Eliminar
  4. o "Conversas com os putos e com os pais deles" já se encontra esgotado?!

    ResponderEliminar