31/01/2019

Foi assim: Janeiro 2019

Um comentário crítico a um mês aos quadradinhos

ETCoelho. AmadoraBD. Livro do Ano. Sugestões de compras. Mais vistas. E ainda…

O centenário de Eduardo Teixeira Coelho
A 4 de Janeiro passaram 100 anos sobre o nascimento de Eduardo Teixeira Coelho e o Clube Português de Banda Desenhada vai assinalá-lo ao longo de todo o ano com 15 exposições temáticas baseadas na obra do grande desenhador português. Se a iniciativa do CPBD é relevante e de louvar, ETCoelho, como tantas vezes assinou as suas obras, merece (também) outra visibilidade, como vai ter já em Fevereiro, com uma exposição na Biblioteca Nacional e, depois, no Festival de BD de Beja. Fica a faltar uma boa edição, com uma boa biografia, análises do seu percurso, algumas das suas obras e muitos dos documentos, alguns inéditos que deixou. Alguém terá coragem de a fazer?
Uma nota ainda para o empenho e trabalho de José Ruy para tornar possível estas manifestações.

Amadora BD
A notícia é recente: Nelson Dona foi substituído na direcção do Amadora BD (ainda não oficialmente) por Lígia Macedo.
Já integrante da anterior equipa, a nova directora recebe uma pesada herança. Pela dimensão que o certame tem - ou teve? - e pelo estado de descrédito com que chega às suas mãos.
Mais do que o nome - e o trabalho - de quem o encabeça, é necessário encontrar formas de contornar a burocracia e a inércia que nos últimos anos emperraram aquele que já foi o mais importante festival nacional de BD.

O livro do ano
As (quase) unanimidades são sempre de desconfiar, mas quando, num ano como o de 2018, em que a oferta de BD foi muita e boa, há um livro que recolhe a quase unanimidade de prémios, leitores, editores, bloggers... no mínimo merece ser lido!
É o caso de AfirmaPereira (G. Floy), a adaptação de Pierre-Henri Goumont da obra homónima de Antonio Tabucchi, cujo interesse vai muito além da qualidade do original e do facto de a acção decorrer no nosso país.

Sugestões de compras do mês: 69,90 €
(sugestão de edições portuguesas, ordenadas alfabeticamente, recentes, preferencialmente editadas no mês corrente)

As Aventuras do Boneco Rebelde, de Sérgio Luis (C.M. Leiria; 4 álbuns + catálogo; 20,00 €)
Jessica Jones: Sem limites, de Brian M. Bendis e Michael Gaydos (G. Floy; 14,00 €)
Ms. Marvel #2: Geração perdida, de G. Willow Wilson e Adrian Alphona (G. Floy; 14,00 €)
Starlight: O regresso de Duke McQueen, de Mark Millar e Goran Parlov (G. Floy; 14,00 €)
Universo Tex: Maria Pilar, de Mauro Boselli e Alessandro Bocci (Polvo; 7,90 €)

As entradas mais vistas em Janeiro em As Leituras do Pedro

E ainda
+ Tal como o Coimbra BD (em Outubro), também o Festival Internacional de BD de Beja (que é camarário...) anunciou o seu programa e os alguns dos seus convidados com 4 meses de antecedência. Ninguém aprende com este exemplo...?
(...)
- O Festival de BD de Angoulême pode sempre dizer que os responsáveis são os autores, mas quando os três finalistas ao Grande Prémio são Emmanuel Guibert, Chris Ware e Rumiko Takahashi, algo vai mal. E quando é esta última a vencedora...
Parece que o sistema precisa - pelo menos de ajustes - porque, como apontava há dias o ActuaBD, é estranho que sistematicamente os finalistas sejam um japonês, um americano e um francófono.
- Faleceu Alex Barbier (1950-2019), cultor da cor directa, que repartiu a sua actividade artística entre a BD e a pintura.

(clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão; clicar nos textos de cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

3 comentários:

  1. "Revanchismo cultural"? Festival BD de Angouleme?

    ResponderEliminar
  2. Em termos de paralelismo, relativamente ao AmadoraBD e talvez também o BejaBD, será interessante ler a Casemate deste mês e a entrevista ao diretor do festival de Solliés-Ville.

    ResponderEliminar
  3. Documento interessante relativo ao impacto económico (e não só) de "manifestações literárias" que inclui o festival de Angoulême.
    Na secção 6:
    « Pour 1 € de subventions versé par les collectivités du Grand Angoulême, le FIBD génère 2,3 € d’impact économique direct. »

    https://www.centrenationaldulivre.fr/fichier/p_ressource/14291/ressource_fichier_fr_etude.manifestations.litta.raires.2017.12.13.ok.pdf

    Seria interessante saber o impacto económico que o festival de BD trás (ou não) a Beja. E digo Beja, porque o da Amadora, devido à sua proximidade com Lisboa, não deverá beneficiar (económicamente) grande coisa.
    E porque Beja é bem "mais simpático" que o da Amadora.

    ResponderEliminar