13/02/2019

Starr, el Asesino: Ha nacido una estrella

Contrastes




Geralmente, Richard Corben não é um autor de consensos. Ou se gosta, ou se odeia.
Starr, el asesino, não vem contribuir minimamente para alterar este panorama.

Comecemos por contextualizar esta criação. Starr, the Slayer no original, foi imaginado por Roy Thomas e Barry Windsor-Smith (autores de grandes histórias de Conan!) em 1970, numa curta história de apenas 7 páginas. Apesar der aparentemente se tratar de (mais) uma banda desenhada de espada e feitiçaria - o título dessa história era até The Sword and the Sorcerers - nesta abordagem a esse género é preciso contar com um ingrediente extra: um humor nonsense, com tanto de inesperado quanto de estranho na conjuntura narrativa. Isto porque, à mistura com os expectáveis confrontos e magia, com a violência e as criaturas dantescas, existe o recurso à metalinguagem, como quando, por exemplo, Len Carson, o escritor - fictício - dos romances com as aventuras de Starr, é chamado ao mundo da sua
criatura para lá, através da sua 'maquina de escrever mágica', influenciar directamente - passe o eventual pleonasmo... - a narrativa.
Starr regressaria, décadas depois, em 2008, numa mini-série com a assinatura de Warren Ellis, no selo Max, da Marvel. Dois anos depois, era o protagonista da presente abordagem, desta vez com a escrita de Daniel Way e o traço de Richard Corben.
Para além do aspecto já referido atrás, da interacção das personagens com o autor (de papel), de novo utilizado neste Ha nacido una estrella, com o escritor escravizado às ordens de Trull, o vilão de serviço, para este tentar conseguir os seus fins, temos também um bárbaro 'sensível' que se recusa a bater em mulheres e é por isso expulso da escola de gladiadores em que se encontrava e ainda o facto de as páginas iniciais nos serem 'cantadas' por um trovador da época... em clara oposição com cenas de violência pura, mostrada quase gratuitamente, com membros cortados e sangue a rodos, num todo que mais depressa veríamos como uma sátira protagonizada por Groo do que de um bárbaro para se levara sério. O traço de Corben, caricatural e disforme como sempre, com personagens musculosas mas atarracadas e com cabeças desproporcionadas, que dificilmente granjeiam as preferências do leitor, acaba por se revelar ajustado neste contexto de contrastes.
Ou não, porque, como escrevi no início, 'Richard Corben não é um autor de consensos'...

Starr, el Asesino: Ha nacido una estrella
Daniel Way (argumento)
Richard Corben (desenho)
Panini
Espanha, Janeiro de 2018
183 x 277 mm, 96 p., cor, capa dura
15,20 €

(imagens da edição original norte-americana; clicar nelas para as aproveitar em toda a extensão)

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