02/11/2019

André Ducci: “Boas obras devem dar espaço para interpretações diversas”








Mais um autor brasileiro no catálogo da Polvo, primeiro com Fim do Mundo e agora com Grande, André Ducci é mais um dos convidados do Amadora BD, neste último fim-de-semana do festival.
A entrevista que se segue, feita por correio electrónico, centra-se na sua preferência por narrativas mudas.


As Leituras do Pedro - Como apresenta a potenciais leitores os seus livros publicados em Portugal [Fim do Mundo e Grande]?
André Ducci - Como bandas desenhadas experimentais onde tento trazer a linguagem que desenvolvi como ilustrador para as narrativas gráficas.

As Leituras do Pedro - Grande é uma história para um público infantil. Gosta mais de contar histórias para as crianças ou para adultos?
André Ducci - Não tenho uma preferência por públicos, creio que o que ocorre é mais o inverso. O público é quem nos escolhe. No caso, crio meus trabalhos de acordo com o momento e como tenho filhos pequenos tenho tido mais ideias para os pequenos ultimamente.

As Leituras do Pedro - Qual a razão para não usar palavras nas suas bandas desenhadas?
André Ducci - Isso começou a quando era mais novo e fazia trabalhos sem texto como exercício narrativo.
Acabou se tornando uma constante no meu trabalho, mas faço bandas desenhadas com texto também.

As Leituras do Pedro - Isso torna a execução das suas narrativas mais fáceis ou mais complicadas?
André Ducci - Para mim, que sou antes de tudo um ilustrador, facilita principalmente por não ter que pensar no espaço para os balões ou ter que revisar texto.

As Leituras do Pedro - Os leitores estão preparados para passarem sem texto?
André Ducci - Muitos sim, a maioria infelizmente não.

As Leituras do Pedro - A ausência de palavras torna mais ampla a interpretação pelos leitores. Isso não diminui o seu papel enquanto autor? Não torna mais difícil transmitir aquilo que pretende com cada narrativa?
André Ducci - Certamente amplia muito a gama de interpretações. Gosto muito de ouvir como cada pessoa entende essas narrativas. Não creio que diminua esse papel pois acho que boas obras devem dar espaço para interpretações diversas.
Mas torna mais difícil, sim, a transmissão de mensagens. Devo estar sempre muito atento com o que represento em cada quadro.

Grande, de André Ducci, terá uma apresentação conjunta com Folia de reis, de Marcello Quintanilha, no Amadora BD, no dia 2 de Novembro, sábado, pelas 16h00, a cargo do jornalista João Morales.

André Ducci estará no Amadora BD, nas tardes dos dias 2 e 3 de Novembro, para autógrafos.

(entrevista tornada possível por Rui Brito, da editora Polvo, a quem As Leituras do Pedro agradecem a oportunidade; imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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