13/01/2020

Métanöide

Vindo do espaço







Recém-editado em França, este livro marca a primeira publicação de um autor português no estrangeiro este ano [o que, reconheço, só por si, vale o que vale…]
No caso, Nuno Plati que, depois de diversas edições na Marvel, se estreia agora no mercado franco-belga.
Estreia lógica, atrevo-me a escrever, dadas as características do seu traço, mais próximo do estilo ‘europeu’ do que do de ‘super-heróis’, embora reconheça a fragilidade desta afirmação devido aos preconceitos gráficos que acarreta…
No caso de Métanöide, curiosamente, há até uma certa proximidade à estética manga - no tamanho dos olhos, na expressividade facial dos intervenientes, na forma ‘arejada’ da planificação, muitas vezes apenas 4/6 vinhetas por página - que, certamente por isso, se revela adequada ao ritmo descontraído que Plati e o argumentista David Boriau escolheram para esta sua primeira colaboração, mesmo nas páginas em que maiores quantidades de texto se revelam necessárias.
O ponto de partida para este relato, que combina drama, ficção-científica e um toque de super-heróis, é a recepção, pelo pequeno observatório astronómico de Grizzlown, de uma mensagem vinda do espaço, que confirma, assim, a existência de vida extraterrestre.
Situado nos arredores de uma pequena cidadezinha nas montanhas do noroeste canadiano, cuja população vive da caça e gosta de se meter na sua vida, é gerido pelo professor Jorgen Wood, com a assistência apaixonada do jovem Josh Hove, que um acidente tornou órfão, confinou a uma cadeira de rodas e ao cuidado de uns tios, juntamente com o seu irmão mais velho.
A sua sua situação física obrigou-o a dedicar-se a outras actividades e a astronomia acabou por se revelar uma paixão - e também uma fuga à (sua) realidade…
Se este resumo parece orientar o relato num certo sentido - foi pelo menos o que senti quando iniciei a leitura - a verdade é que o súbito e acidentado desenrolar da história - que deixo aos potenciais interessados descobrir - vai impulsioná-la numa direcção bastante díspar - e até surpreendente - quando o pequeno observatório é atingido por algo caído do espaço e o pequeno povoado se vê assolado por um ser monstruoso e letal.
Para o leitor, arrastado rapidamente pelas várias surpresas que a leitura lhe vai apresentando, a descoberta do papel de Josh em toda a situação, o relacionamento deste com os seus familiares mais próximos após aquele acontecimento invulgar e a forma como os habitantes de Grizzlown, habituados ao seu pequeno mundo e às suas crenças religiosas, lidam com o desconhecido, o (que lhes é) estranho e chega de fora - mesmo que do espaço - serão as pedras basilares de uma narrativa iniciática sobre o poder dos sonhos, que se apresenta fechada - apesar de um final que não dá todas as respostas e, possivelmente, justifica(ria) um segundo volume…

Métanöide
David Boriau (argumento)
Nuno Plati (desenho)
Glénat
França, 8 de Janeiro de 2020
215 x 293 mm, 144 p., pb/cinza
EAN: 9782344031100
16,90 €

(imagens disponibilizadas pela editora Glénat; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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