Não tendo sido completamente seduzido por Descender - apesar de reconhecer na série algumas questões interessantes e algures a meio um acréscimo de interesse - cheguei à sua prequela, Ascender, disposto a conceder uma segunda oportunidade ao universo concebido por Lemire e Nguyen.
Para já, está a ser merecida.
Na verdade, no (curto) período de tempo que decorreu, a predominância dos robots desapareceu e a tecnologia foi substituída pela magia, pelo fantástico, existindo um ser - uma entidade? - intitulado Mãe, que governa os mundos pelo terror e com mão-de-ferro.
O reencontro (dos leitores) com Mila, filha de Andy e Effie - que (também) fazem assim a ponte com a série anterior - vai espoletar a acção, dando origem a uma perseguição espacial de contornos trágicos e violentos.
Lemire - fruto em parte do conhecimento anterior pressuposto - consegue - conseguiu, no meu caso - prender o leitor e deixá-lo suficientemente curioso para prosseguir a leitura e aquilatar das mudanças que o universo sofreu.
Quanto ao traço de Nguyen, parece ter perdido alguma frieza - a mudança do predomínio tecnológico para o fantástico terá tido alguma influência? - apresentando (diversas) pranchas mais preenchidas e um traço mais empático, embora ainda haja demasiados fundos em branco e algumas vinhetas que mereciam ter tido um acabamento mais cuidado.
O bom ritmo de leitura imposto, nesta primeira fase torna estas questões menores, arrastando o leitor pelos novos padrões, com momentos de acção bem construídos e algumas surpresas pelo caminho que tornam o todo estimulante e bem mais vivo do que a bela capa (contemplativa) sugere.
Ascender
#1: A galáxia assombrada
Jeff
Lemire (argumento)
Dustin
Nguyen (desenho)
G.
Floy
Portugal,
2
de Junho de 2021
180
x 275
mm,
136
p.,
cor,
capa dura
15,00
€
(imagens disponibilizadas pela G. Floy; clicar neste link para poder apreciar mais pranchas ou nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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