A
hora chegou, o navio partiu.
Os
leitores, conhecem a intriga que se trama nas sombras, a negociata
que Lady Vivian Hastings fez com Long John Silver, facilmente traçam
paralelos com A
Ilha do Tesouro…
Mas,
para já, a
hora é de Silver.
Entre ambos, existe uma ténue linha de separação. Uma linha que a qualquer momento, um qualquer pormenor - ou pormaior? - pode quebrar. A morte de uma delatora, a insatisfação de um subordinado, um castigo corporal excessivo, a ambição desmedida dos homens, a cegueira provocada pela febre da riqueza, podem ser a faísca que desencadeia o fogo fatal que faz explodir o instável equilíbrio a bordo do navio que, indiferente a tudo, prossegue inapelavelmente a sua marcha.
E se o argumento, a sua teatralização, tensa e em crescendo vai decorrendo sob o nosso olhar - enfeitiçado - para isso contribui em muito o crescimento gráfico de Lauffray, soberbo nos grandes planos, fantástico na composição das pranchas, irresistível na exposição dos elementos naturais quando a tempestade se abate sobre o Neptuno.
É só um homem, é só um barco, é só uma história, mas é muito mais do que isso e o fascínio que o primeiro livro impunha, há muito foi ultrapassado, porque interiorizado, e o leitor sente-se como mais um a bordo do Neptuno, com dificuldade em escolher partido, capaz de ultrapassar a ténue linha que separa o ser humano, do ser bestial em que ele tantas vezes se transforma.
Agora, a terra está quase à vista, mas o inferno já se abriu...
Long
John Silver #2 Neptuno
Xavier
Dorison e Mathieu Lauffray (argumento)
Mathieu
Lauffray (desenho)
ASA/Público
Portugal,
Outubro 2021
240
x 320
mm, 60
p.,
cor, capa dura
10,90
€
(imagens disponibilizadas pela ASA; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui reproduzidas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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