23/12/2022

One Piece #1

Tudo a postos



One Piece era com certeza uma das colecções mais aguardadas pelos leitores portugueses de manga - e mais alguns…? - e certamente tem tudo para lhes agradar, em termos de obra e edição.
Por isso, vai estar, possivelmente no pinheirinho de muitos adolescentes e fazer as suas delícias - se foram capazes de aguardar até ao Natal.

Porque - e porque não começar por aqui - esta é uma obra para adolescentes - considerando o termo num espectro largo - para aqueles que já a conhecem da versão animada - porque a sinergia BD/animação é fundamental neste segmento - e para os outros que vão descobrir as aventuras de Luffy directamente no manga.

O protagonista, disse-o mesmo aqui por cima, é Luffy, um adolescente/jovem que quer ser o ‘Rei dos Piratas’. Para isso, terá que embarcar e encontrar o lendário tesouro One Piece. Luffy, ‘o homem do chapéu de palha’, tem uma característica especial: comeu uma fruta Gomu-Gomu que o ‘transformou’ numa espécie de homem-borracha, com a possibilidade de expandir o corpo ou partes dele a seu gosto. Como contrapartida, não consegue nadar.

A história arranca com o protagonista ainda criança, mas rapidamente dá um salto para dez anos mais tarde, quando ele começa a sua busca. Aos poucos, vai compor a sua equipagem - o temível Zoro, o caçador de piratas, e Nami, a ladra - são os primeiros elementos, recrutados durante movimentados episódios.

Aliás, movimento e dinamismo é algo que não falta a One Piece, com os participantes sempre em acção, em grandes combates ou demonstrações das suas habilidades. Esta narrativa acelerada acaba por disfarçar um pouco a forma como a história avança, de modo algo anárquico, dando a sensação de que não existe à partida um guião elaborado. Fica a ideia que, para lá do ponto de partida e (eventualmente?) do de chegada, pouco mais está estabelecido e que o enredo se vai desenrolando ao sabor da inspiração do momento. Isto não significa que não faça sentido ou não seja coerente, mas antes que no caminho para o sucesso de Luffy e dos que o acompanham, há muitos desvios, estando longe de ser uma linha recta.

Nesse percurso, encontrarão outros piratas, inimigos ferozes mas também companheiros do momento que também podem exibir coragem, solidariedade ou outras características positivas.

Muitas surpresas, alguns momentos de humor, disparates pontuais e o predomínio do inesperado são outros motivos para garantir a adesão dos leitores(-alvo) a One Piece.

Relativamente à edição, é evidente uma aposta séria da Devir neste título, com as garantias - possíveis… - de uma editora que tem feito avançar os outros títulos manga do seu catálogo a ritmos interessantes. Porque, ao contrário da maior parte deles, One Piece exibe uma invulgar extensão, contando já mais de uma centena de volumes. Como o prolongar - quase indefinido… - no tempo da publicação em volumes singulares seria impraticável, a editora optou por ‘tijolos’ triplos, com mais de 600 páginas! Assim, ao avanço mais rápido da edição portuguesa - e à aproximação mais sustentada à edição original - corresponde para o leitor um menor investimento já que, se o volume é triplo, o preço é apenas duplo - no volume inaugural, pelo menos.

A dimensão do livro em si não impede a completa fruição das pranchas, embora seja inevitável que acabem por surgir algumas quebras nas lombadas, o que no entanto não é ‘exclusivo’ de tomos com tantas páginas.

Significa tudo o que atrás fica escrito que estou rendido a One Piece? Não, apenas que reconheço uma obra criada e direccionada, para um público específico - mas, quero crer, não exclusivo nem limitado - e uma edição bem pensada em função da realidade da obra e do mercado. [O que não invalida que, como sempre, tenha de ser este a responder positivamente.]


One Piece #1 Romance Dawn
Eiichiro Oda
Devir
Portugal, Novembro de 2022
127 x 190 mm, 612 p., pb, capa cartão
19,99 €

(imagens disponibilizadas pela Devir; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui reproduzidas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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