16/12/2022

Yo maté a Adolf Hitler

Atrozmente simple
s, mas...


Vamos imaginar que neste tempo - em qualquer tempo - ser assassino contratado é uma profissão como outra qualquer. E imaginemos que nesta/nessa época, alguém é contratado para recuar 50 (ou mais) anos no tempo e matar Adolf Hitler, antes da ascensão do nazismo mergulhar a Europa e o mundo numa guerra atroz que provocou milhões de mortos.
Esta é a base de Yo maté a Adolf Hitler.
Mas…

Mas, com aquele mote, Jason - autor norueguês (!) que sigo de forma intermitente e já trouxe aqui e a que regresso graças a uma chamada de atenção de Mário Freitas no Facebook - Jason, escrevia eu, aproveita para explorar de forma brilhante a temática das viagens no tempo e os paradoxos por elas criados e, mais ainda, e de forma ainda mais bem conseguida, para abordar a questão dos sentimentos, dos relacionamentos e a forma como o tempo - e os modos… - os condicionam. E à História também (ou não...)

Dirão alguns - e eu subscrevo - que na verdade o autor subverte as suas premissas e nos leva - a nós, seus leitores - para bem longe do que o título nos fazia prever.

Mas, outra vez, que interessa isso se, em contrapartida, somos presenteados com uma obra original e única, inesperada e surpreendente, estimulante e desafiadora, que nos faz reflectir e pensar - e questionar o que somos (pensamos ser) e fazemos - apesar de, no traço e na forma, poder parecer atrozmente simples e vazia (como os olhos das personagens, este o único pecadilho que não perdoo ao autor).

Mas não, não se deixem enganar: com uma linha clara, plana e de colorido simples, duas ou três personagens e dois momentos narrativos, é mesmo possível mostrar e dizer tanto.


Yo maté a Adolf Hitler
Jason
Astiberri
Espanha, 2017 (3.ª edição)
170 x 240, 48 p., cor, capa cartão com badanas
12,00 €

(imagens disponibilizadas pela Astiberri; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão; clicar no texto a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

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