26/05/2023

Jonas, o Reguila: O Caso da Custódia Roubada

Aventura em casa




Apresentada publicamente amanhã, esta aventura de Jonas, o Reguila é exemplo de algo hoje quase inexistente: a chegada ao álbum após a pré-publicação em jornal - no caso o Trevim.

Se a preferência do autor pela linha clara é evidente, e por arrastamento surge inevitavelmente o Tintin  de Hergé, exemplo maior do género, a verdade é que em termos de modelo - sem qualquer tom pejorativo neste considerando - O Caso da Custódia Roubada parece-me mais próximo da série Os 4 Ases, de Georges Chaulet e François Craenhals (o mesmo que é autor completo do Chevalier Ardent), que a Verbo publicou de forma regular - 16 álbuns (dos 23 álbuns existentes à data) entre 1980 e 1987.
Com um traço consistente e bem equilibrado, sinal de uma prática de longos anos, Carlos Sêco, também argumentista para além de desenhador, parte de uma base realista histórica que ajuda a dar credibilidade à narrativa, no caso o roubo de uma custódia da Igreja Matriz da Lousã, por um soldado durante as invasões francesas.
O aparecimento de novos elementos que podem conduzir ao local onde ainda estaria escondida, move Jonas e os seus amigos Moleza e Belíris em auxílio do professor Fisális, que fez a descoberta, em paralelo com algumas pessoas mais interessadas no valor monetário do artefacto, do que na sua importância histórica.

Humor, acção e algumas surpresas vão ser os elementos de uma história sólida e bem desenvolvida, que vai passando por diversas peripécias e situações, e a que o autor acrescenta uma série de extras que os leitores podem consultar através de QR codes no final de cada página. Neles, podem aprofundar os factos históricos apresentados, consultar informações sobre os locais reais (na Lousã) em que acção decorre, descobrir em que se baseou o autor para recriar determinados cenários ou a forma como ele próprio trabalhou para obter as soluções gráficas apresentadas no livro impresso.
Se isto ajuda a prolongar a leitura para lá das 44 pranchas deste álbum, aconselha-se a leitura integral da banda desenhada primeiro, seguida de uma posterior consulta dos elementos fornecidos, para evitar quebras de ritmo.

Leitura leve e descontraída - com tudo o que isso encerra de bom - este álbum exemplifica bem a herança franco-belga juvenil que marcou gerações de jovens leitores portugueses na segunda metade do século XX.


Jonas, o Reguila: O Caso da Custódia Roubada
Carlos Sêco
Edição de Autor
Portugal, Maio de 2023
210 x 297 mm, 48 p., cor, 12,00€

Encomendas: jonasoreguila@gmail.com


(imagens disponibilizadas pelo autor; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui reproduzidas para as apreciar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

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