Fazer
discípulos
Carlo Acutis, lançado a pretexto das Jornadas Mundiais da Juventude, que tiveram lugar em Lisboa há cerca de dois meses, para tentar seduzir o potencial público-alvo alargado, e Matteo Ricci publicado - casualmente? - pouco após o final daquele evento, têm um ponto em comum: narram a biografia de figuras ligados ao catolicismo.
Se os nomes dos protagonistas pouco dirão à maioria dos que consultam este blog, adianto que Matteo Ricci foi missionário na China no século XVI, e Carlo Acutis um jovem italiano que viveu já neste século. De comum a ambos, para além da sua fé, ressalto a capacidade de compreenderem e respeitarem o direito à diferença e a opiniões díspares, o que ao longo dos tempos esteve/está longe de ser uma regra no seio da Ogreja Católica.
Ambas são obras competentes - mais Matteo Ricci porque reúne um duo de autores, Dufaux e Jamar habituados a outras andanças aos quadradinhos, o que é notório gráfica e narrativamente e beneficia ainda dos contornos mais exóticos da civilização e da época - mas as duas enfermam do mesmo senão: falta no narrar o espírito crítico que, a par dos louvores pelos actos e posições humanistas de ambos, os torne mais humanos pela exposição de erros e defeitos que certamente também cometeram e exibiram - o que até serviria para realçar e tornar mais apelativas as virtudes apregoadas.
Matteo
Ricci - Na
cidade proibida
Jean
Dufaux (argumento)
Martin
Jamar (desenho)
Gradiva
Portugal,
Agosto de 2023
235
x 310
mm, 56
p., cor, capa dura
20,99€
Carlo
Acutis - Um santo para a juventude
Camille
W. de Prévaux
(argumento)
Fabrizio
Russo (desenho)
ASA
Portugal,
Julho
de 2023
240
x 320
mm, 48
p., cor, capa dura
12,90€
(imagens disponibilizadas pela Gradiva e pela ASA; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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