11/06/2024

Maia BD 2024 - Apontamentos

O ano da afirmação


Com o ponto alto no fim-de-semana de 24 a 26 de Maio, o Maia BD continua a decorrer ou, melhor, as exposições que o integraram continuam patentes no Fórum da Maia até ao próximo dia 16.
Pretexto, desnecessário, para voltar ao temavoltar ao tema, com alguns apontamentos.

Nesta segunda edição, atempadamente agendada, o Maia BD não teve de partilhar o belo espaço do Fórum da Maia com nenhuma outra iniciativa, o que permitiu um crescimento exponencial em termos expositivos.

O tempo de preparação, mais longo, permitiu também um leque maior de convidados estrangeiros, mas faltou ainda um nome sonante - que Alfonso Font (já) não é - que mediatizasse mais o evento.

São os dois aspectos mais salientes do Maia BD, que tem regresso confirmado para 2025, para satisfação dos muitos visitantes que por lá passaram no fim-de-semana inaugural. Visitantes que, sublinhe-se serão maioritariamente do norte do país, comprovando a necessidade de uma manifestação relevante dedicada à BD naquela zona.

Vamos por partes. As exposições - 12 - do evento são quase exclusivamente compostas por originais e primam pela qualidade e pela diversidade. Neste particular, é impossível não destacar Comics Americanos: Para além dos super-heróis, com originais (provenientes da colecção particular de João Antunes, de obras alternativas da BD made in EUA (em oposição aos comics mainstream), assinadas por David Lloyd, Frank Miller, Charles Burns, Daniel Clowes, Geof Darrow, R. M. Guéra, Dik Browne, Jeff Lemire entre muitos outros, raramente reunidos num mesmo local. Imperdível, portanto.

A maioria das mostras prima pela sobriedade, 'limitando-se' à exposição dos originais, com espaço para respirarem, compostos com uma ou outra ampliação e, sempre, com um texto de enquadramento. Poder ver no mesmo espaço Font, Jamar, António Jorge Gonçalves, Paulo J. Mendes, os autores dos primeiros volumes da colecção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD - esta adornada com pequenos pormenores 'exteriores' que fazem a diferença -, Nunsky, Diogo Carvalho e Ricardo Santo é o que permite o Maia BD, no Fórum da Maia, até ao próximo domingo, dia 16, das 10h às 22h.

O espaço, para além de amplo, possui dois auditórios, o mais pequeno que acolheu geralmente plateias interessadas, de dimensão agradável, e o grande, cheio nas animadas sessões de K Pop e Cosplay. Com metro à porta, estacionamento perto, bem servido por restauração e até um hotel, o local é possivelmente, neste aspecto, o melhor de quantos acolhem eventos de BD em Portugal.

Para além disso, dispõe de um espaço exterior, coberto, que, com bom tempo, como foi o caso de sábado e, parcialmente, domingo, se revela excelente para as sessões de autógrafos. Ter cerca de duas dezenas de autores, em simultâneo, lado a lado, a autografarem, criou um clima de convívio, camaradagem e troca de experiências, entre eles e os leitores, sem atropelos. Para isso contribui o sistema de senhas implementado, que garante duas de cada vez por pessoa, podendo ser renovadas enquanto estiverem disponíveis.

Uma palavra para a simpatia e disponibilidade de todos os convidados, que nalguns casos ficaram para além do horário pré-estabelecido. Aconteceu com Diogo Carvalho e Ricardo Santo que, no sábado, duplicaram as duas horas previstas, tendo um dos autores estrangeiros confidenciado a sua surpresa por só ter de fazer duas sessões de duas horas no evento. 'Muito pouco, comparado com o que normalmente nos exigem', nas suas palavras.

Uma Feira do Livro bem provida, muitos lançamentos em primeira mão e um programa diversificado foram também aspectos relevantes. A inevitabilidade (?) de sobrepôr conversas, lançamentos e sessões de autógrafos retirou público ao auditório pequeno, mas dificilmente poderia ser de outra forma, uma vez que o tempo não estica e boa parte dos visitantes procuram também sair com livros assinados.

Excelente ideia, foi a edição de um print numerado do desenho original de Jorge Coelho para o (excelente) cartaz do Maia BD, para oferta na Feira do Livro em compras superiores a determinado valor (baixo para os preços actuais da BD).

Haverá alguns aspectos a limar, obviamente, mas globalmente, destacou-se a boa organização, o cumprimento de horários e a sinalização eficaz dos diferentes espaços e, a montante, a divulgação atempada de conteúdos e convidados.

(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

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