Curiosamente, se contasse só o final de 2009, o panorama seria bem diferente pois O gato do Simon (Objectiva), de S. Tofeld, Tarzan dos Macacos, de Foster, o imperdível Krazy + Ignatz + Pupp - Uma Kolecção de Pranchas a Kores Kompletamente Restauradas (os dois últimos fruto do notável trabalho de restauro de obras-primas dos quadradinhos por Manuel Caldas na Libri Impressi, que importa conhecer), a magnífica edição de Marvels (BDMania), que narra o aparecimento dos primeiros super-heróis, visto pelos olhos de um fotógrafo, e o quinto volume de Peanuts – Obra completa – 1959/1960 (Afrontamento), são obras obrigatórios em qualquer (boa) biblioteca. E não só de banda desenhada.
Constata-se também que 2009 ainda não foi o ano do manga em português, limitado a meia dúzia de títulos (secundários) e ao aparecimento nas bancas de títulos pouco significativos de origem brasileira, obrigando os (muitos) fãs do género a esperar por melhores dias. Que alguns rumores indicam que poderão ser já em 2010.
A edição de criadores lusos fica marcada pela reedição do clássico Eternus 9 (Gradiva), de Victor Mesquita, por BRK (ASA), das revelações Filipe Pina e Filipe Andrade, uma feliz conjugação de influências e estilos numa BD jovem e actual, ambientada no Porto e em Lisboa, e pela magnifica adaptação do Romance da Raposa (Bertrand), de Aquilino, por Artur Correia. Realce ainda para o dinamismo da edição dita independente, que vai (re)descobrindo e publicando algumas das propostas mais estimulantes da produção nacional – Mocifão (da El Pep), Mucha (Kingpin Books), Venham +5 (Bedeteca de Beja), O Filme da Minha Vida (AoNorte) – e para a multiplicação de edições patrocinadas por autarquias, que na maior parte dos casos, infelizmente, não chegam às livrarias, onde se destacam Salúquia – A lenda de Moura em BD ou O crime de Arronches.
Finalmente, uma referência para as edições de banca ou quiosque, quase todas provenientes do Brasil, através da Panini (Marvel, DC Comics, Turma da Mónica) ou Mythos (Bonelli), que apesar de alguns problemas de distribuição e visibilidade parece ter finalmente entrado em velocidade de cruzeiro.
(Versão revista e aumentada do artigo publicado originalmente a 26 de Dezembro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)